transição de carreira Mateus Rabello Benarros

Natural de Manaus, Mateus Rabello Benarrós sempre acreditou que sua vida profissão estaria relacionada a desenhos e projetos. Aprovado na Universidade de Yale, uma das melhores do mundo, ele começou a estudar arquitetura, mas percebeu que a ocupação de arquiteto não combinava tanto com ele. Com coragem e resiliência, ele fazer uma transição de carreira e abriu a assessoria em educação Apply, que ajuda jovens que queiram estudar no exterior.

Ele é membro dos Líderes Estudar, rede de alto impacto da Fundação Estudar. Inclusive, o programa Líderes Estudar está com as inscrições abertas para sua edição de 2020! Além de acesso à rede, oferece bolsas de estudo, mentoria e outras oportunidades de desenvolvimento. Conheça mais sobre o processo de mudança de Mateus.

Entrando em Yale

Estudar no exterior não era um grande sonho de Mateus. “Quando meu irmão Gabriel passou no vestibular de medicina, aqui na Universidade Federal do Amazonas, ele odiou. Um conhecido do nosso pai perguntou se ele nunca tinha pensado em estudar fora, mas a gente não tinha condições financeiras para isso. Ele disse que se a gente conseguisse tirar boas notas, poderíamos conseguir bolsa e nos deu alguns livros para que a gente conhecesse o processo de admissão”, recorda.

Diferentemente do Brasil, o processo seletivo das universidades norte-americanas exige mais do que uma única nota em um teste. “Aqui, a sua vida inteira, a sua existência é reduzida a uma nota em um dia. Lá o processo é bem mais amplo, abre espaço para você dizer quem você é. Meu irmão começou a usar esses livros que ganhamos para estudar e deu certo. Ele entrou para 16 universidades, e uma delas foi Stanford com bolsa. Fiquei impressionado e também comecei a estudar. Consegui entrar para Yale com bolsa também”. celebra. 

Leia também: Entrevistamos Gabriel Benarrós, o amazonense que foi para Stanford e fundou a Ingresse ainda na faculdade

Estudar no exterior não era uma prática muito comum na região Norte e a família Benarrós virou referência no assunto. “Muitas pessoas falavam com a gente para entender como tinha dado certo duas vezes. Tentávamos ajudar da melhor maneira possível. Mas cada um seguiu seu caminho. Meu irmão fez uma transição de carreira e foi para a economia e eu tinha ido para Yale estudar. Eu queria relações internacionais, mas quando eu cheguei na universidade me apaixonei por arquitetura”, afirma. 

Ele virou líder da Fundação Estudar assim que foi aprovado em Yale. “Mesmo com a bolsa que eu tinha conseguido, ficaria muito apertado me manter nos Estados Unidos. A mesma coisa tinha acontecido com o meu irmão. Ele fez o processo da Fundação e entrou. Decidi tentar também. Lembro até hoje das pessoas que me entrevistaram. A Fundação ainda era pequena, mas teve um grande impacto na minha vida”, compartilha. 

A transição de carreira

Desde pequeno, Mateus gostava de desenhar e de artes. Ele acreditava que fazer arquitetura seria uma maneira de juntar uma paixão com uma atividade que poderia ser útil. “Me formei em arquitetura em 2013, já com emprego garantido. Trabalhei um ano numa empresa de arquitetura perto de Yale, mas não gostei do emprego, da atividade. Eu realmente não saberia te dizer motivo mas sabia que não era aquilo que eu queria estar fazendo. Acho que a minha paixão por arquitetura ainda existe, mas a profissão não era pra mim”, constata. 

Mesmo com pouca experiência no mercado, o amazonense percebeu que precisava fazer uma transição de carreira. “Durante todo o tempo em que eu fiquei estudando arquitetura, nunca deixei de conversar com jovens sobre estudar fora. Sempre tinha muita gente nos procurando para saber como funciona.. E quando decidi não ficar mais na área de arquitetura, eu e meu pai tivemos a ideia de montar uma empresa e levar mais a sério mesmo esse conhecimento de como entrar em boas universidades norte-americanas. E aí começou a APPLY, assessoria especializada em orientar brasileiros no processo de admissão”, esclarece. 

Sobre o processo de transcrição de carreira, Mateus analisa que foi difícil mas necessário. “O trabalho tem que ser a área na qual você pode fazer a maior contribuição possível. E eu com certeza não faria uma grande contribuição no mundo da arquitetura. Eu não era horrível, mas eu vi de perto de jovens que nasceram para estar fazendo aquilo. E eu não nasci para isso. Tive que admitir isso para mim mesmo. Mas eu tentei, estudei, trabalhei um ano, mas realmente não era pra mim. Tive que fechar os olhos e largar mesmo. Precisei voltar para o Brasil, voltar a morar com meus pais. Foi bem pesado mas melhor cedo do que tarde”, avalia. 

Mesmo tendo aberto mão da profissão de arquiteto, Mateus percebe que seu tempo na faculdade lhe rendeu conhecimentos muito importantes. “Minha vida na universidade foi muito pesada. Tive que estudar demais para tudo. O curso de arquitetura era um dos mais difíceis da universidade, então eu apanhei muito. Mas descobri que eu aguento muita coisa e isso vou usar para qualquer profissão na minha vida. Então, eu não me frustrei tanto no sentido de abrir mão do conhecimento. Abandonar a paixão pela arquitetura foi difícil, mas eu não posso ficar pensando nisso. Meu propósito está na minha frente”, garante.

Ferramentas importantes para fazer uma transição de carreira

Uma habilidade que ajudou a tornar o processo de transição de carreira menos doloroso foi o autoconhecimento, de acordo com Mateus. “Você aguenta mais coisas do que imagina. E ter tido contato com tanta gente de lugares e crenças diferentes, te mostra como dialogar melhor e lidar com visões distintas. Isso foi importante na hora de montar minha empresa. O budismo também me ensinou muito sobre ter compaixão, o que ajuda em qualquer momento da sua vida. Mas acredito que o mais importante é a noção de que as coisas não acabam. Sempre vai ter o próximo semestre, sempre vai ter algo depois. É só você continuar”, projeta.

Olhando para trás, Mateus considera que a sua passagem por arquitetura em Yale foi uma etapa necessária para encontrar seu propósito. “Foi muito importante porque eu vi que o que eu esperava não tinha a ver com a realidade. A gente não sabe o que acontece nos bastidores, temos muitas vezes uma fantasia na cabeça. Essa vivência desmistificou esse mundo da arte e me salvou talvez. Hoje eu posso influenciar os jovens de uma maneira muito legal e fazer eles quererem mais, saírem da zona de conforto. Você injetar essa filosofia que as grandes universidades têm de ter um impacto, fazer a diferença, é muito gratificante. Melhor que qualquer projeto de arquitetura que eu já fiz”, garante. 

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Para quem também deseja fazer uma transição de carreira, Mateus recomenda ter uma visão realista do cenário. “Acho que é muito importante, antes de fazer qualquer coisa, você ter como se sustentar. Tentar sair dessa ideia de que todo mundo pode fazer o que sonha. Isso é uma mentira que foi vendida. Você tem que avaliar se abrindo mão do que você tem agora, você vai conseguir se sustentar e por quanto tempo. Ou se você consegue fazer o que você está fazendo agora, mas não gosta muito, e ao mesmo tempo perseguir os seus sonhos. Uma vez que você avaliou essas duas coisas, é não ter medo. Você tem que ser fiel a você mesmo. A vida não foi feita para você ser infeliz, mas ela não é um conto de fadas. Tem que encontrar esse equilíbrio”, finaliza.

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