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Entenda quais serão as tendências de trabalho no pós-pandemia

cinco pessoas olhando para a tela do notebook

Por Aline Naomi

Fazer previsões sobre como será o mundo pós-pandemia é uma tarefa difícil, porém uma coisa é certa: o ambiente de trabalho, depois de 2020, não será o mesmo ao qual estávamos acostumados. Fomos pegos de surpresa e nos ajeitamos para trabalhar de casa  — e o que parecia que iria durar semanas, estendeu-se por meses.

Essa mudança tão profunda com certeza dei]xará marcas em 2021 e nos anos que virão. Por isso, o Glassdoor, site de recrutamento e avaliação de empresas, analisou os dados de sua base e lançou um relatório com as principais tendências de trabalho no pós-pandemia. O documento, em inglês, foca principalmente na realidade norte-americana, mas muitas conclusões também se aplicam ao contexto brasileiro.

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5 tendências de trabalho no pós-pandemia

1. A vida no escritório voltará, mas não será como antes

O home office obrigou as empresas a revisarem suas políticas de trabalho remoto e garantirem uma infraestrutura mínima para seus empregados. O modelo tem suas vantagens, como a possibilidade de contratar talentos onde quer que eles estejam e uma maior flexibilidade para organizar seus horários. Ainda assim, tem seus desafios, como maiores chances de ruídos de comunicação, falta de motivação e menos oportunidades para criatividade, inovação e espontaneidade.

A previsão é que, em um cenário pós-pandêmico, as pessoas voltem ao escritório, mas não da forma que estamos acostumados. É possível que em 2021 muitas empresas adotem um modelo híbrido de trabalho. Ou seja, em alguns dias os trabalhadores estarão presentes no escritório e, em outros, estarão trabalhando remotamente.

Esse parece ser, inclusive, o modelo que muitos trabalhadores imaginam ser o ideal no cenário pós-Covid 19. Em uma pesquisa feita com os próprios funcionários do Glassdoor, 70,1% deles responderam que o modelo híbrido seria o ideal quando uma vacina estiver disponível e o retorno ao escritório for possível.

2. Maior cobrança em relação às políticas de diversidade nas organizações

As discussões sobre pautas sociais já chegaram ao mundo corporativo e têm crescido nos últimos anos. Muitas empresas têm grupos de diversidade e promovem ações para diversificar seus times, como o Magazine Luiza fez em 2020, por exemplo, ao lançar um programa de trainee com vagas exclusivas para negros e negras.

Com a pandemia, muitas pessoas tomaram consciência das desigualdades sociais. Nos Estados Unidos, a morte de George Floyd por um policial branco fortaleceu o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) e levou a uma série de manifestações. No Brasil, também temos reparações a fazer: segundo cálculo do Instituto Locomotiva com dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), a diferença salarial entre brancos e negros com ensino superior é de 31%.

De acordo com outra pesquisa realizada também pelo Glassdoor, cerca de 76% das pessoas entrevistadas afirmaram que um time diverso é um fator importante na hora de procurar empregos e avaliar positivamente as empresas. Por isso, a tendência é que em 2021, e nos anos seguintes, os funcionários passem a cobrar mais ações e resultados de suas organizações em relação à diversidade e inclusão.

Leia também: Como arrumar um emprego durante ou depois da pandemia?

3. Estabilidade e previsibilidade

2020 foi um ano de muitos altos e baixos, principalmente no campo econômico. Muitas pessoas perderam seus empregos, fecharam seus negócios ou tiveram seus salários reduzidos. Por isso, em 2021 e nos próximos anos, a tendência é que elas passem a se preocupar mais com segurança, estabilidade e benefícios.

Para se prevenirem de acontecimentos inesperados, como foi o coronavírus para a maior parte da população mundial, as pessoas também irão repensar a forma como economizam seu dinheiro e planejam a aposentadoria. Elas também passarão a demandar benefícios que foram fundamentais durante o período de isolamento, como o plano de saúde e uma agenda de horários flexíveis.

4. Até as culturas corporativas mais consolidadas terão de se adaptar à realidade pós-Covid

Uma das formas de uma empresa transmitir sua cultura, sua marca e deixá-las vivas no dia a dia de seus funcionários é através do ambiente de trabalho. Isso fica evidente em grandes empresas de tecnologia, como Facebook, Google e Amazon. Em outros tempos, perguntar sobre como era trabalhar em determinado lugar incluía falar sobre a localização, a aparência e o clima do escritório.

Isso ficou perdido durante a crise do coronavírus.

Com o trabalho remoto, a avaliação sobre a experiência de trabalhar em uma empresa ficou restrita à relação do funcionário com seu superior. Por isso, com a grande possibilidade de o home office continuar em 2021, será fundamental que as organizações acompanhem de perto o sentimento de seus funcionários — gerando dados qualificados e destacando os principais problemas, antes que eles afetem a performance do time.

A boa notícia para os empregadores é que os principais motivos de satisfação no trabalho têm pouco a ver com a presença no escritório. De acordo com uma pesquisa do Glassdoor, os fatores em destaque são uma missão atraente que conecta o trabalho com um bem social mais amplo, líderes transparentes e empáticos, caminhos claros de ascensão e oportunidades de carreira.

5. Mesmo que a economia se recupere, a crise econômica causada pela pandemia vai impactar bastante mundo do trabalho

Além de impactar a forma como trabalhamos, a pandemia também impactou a forma como consumimos. Houve o crescimento de vendas online — de 47% só no primeiro semestre de 2020 — e muitos se aventuraram a aprender coisas novas, como cozinhar ou cortar o cabelo sozinhos. E essas mudanças talvez durem anos ou até décadas.

Por isso, algumas posições de trabalho serão menos demandadas do que outras, como analisou o Glassdoor ao comparar a quantidade de vagas abertas de determinados setores em relação a 2019. Houve queda nas ofertas de emprego nos setores de serviços pessoais, resultando em uma queda de 53% nas vagas para especialistas de beleza, e também de serviços administrativos — vagas para recepcionistas caíram 35%, por exemplo.

Por outro lado, alguns ramos de negócios demandarão mais funcionários, como as áreas de e-commerce, tecnologia e saúde. Vagas para trabalhadores de armazéns cresceram 174% em 2020 e de enfermeiras, 51%.

 

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Os desafios no ambiente de trabalho geraram muita preocupação e ansiedade, sobretudo em relação à instabilidade econômica e à oferta de empregos. Porém, as mudanças também servem como oportunidades para repensar a forma como trabalhamos, o que valorizamos em uma empresa ou em nossos funcionários e o que temos em comum que nos ajude a construir um 2021 melhor.

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