projeto arquitetônico do CEU Butantã

Indira Castellanos, 30 anos, pedagoga pela Universidade de São Paulo (USP), trabalha no Centro Educacional Unificado Professora Elizabeth Gaspar Tunala – CEU Butantã, em São Paulo. O CEU, sigla para Centro Educacional Unificado, é um complexo educacional, esportivo e cultural.

Trata-se de espaços públicos múltiplos, criados pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e localizados nas áreas periféricas da capital. Os 45 CEUs distribuídos pela cidade, mais o Centro de Convivência Educativo e Cultural de Heliópolis, oferecem além de educação infantil e fundamental programação variada para todas as idades, com o objetivo de garantir aos moradores de bairros mais afastados acesso a educação, lazer, cultura, tecnologia e práticas esportivas. 

O primeiro contato com o CEU

O contato de Indira com a educação começou quando optou pela formação em magistério na escola. “Quando eu estava no terceiro ano um professor perguntou o que estávamos fazendo no magistério. Foi quando pude parar para pensar que era isso mesmo que eu queria, não tinha caído de paraquedas ali”, ela conta. Mas o caminho que ela traçou para chegar até o CEU envolveu muito aprendizado também fora da sala de aula.

Depois da formação no magistério, Indira começou a trabalhar com educação infantil enquanto estudava para prestar vestibular para pedagogia. “Foi uma época desafiadora, porque eu ainda estava descobrindo o que era educação infantil”, lembra. Ao entrar na graduação, ela começou a prestar concurso para trabalhar em escolas públicas e foi selecionada para ser professora da rede municipal de São Paulo logo após ser chamada por outras duas prefeituras.

“Na faculdade conheci o movimento estudantil, que foi uma vivência maravilhosa, uma formação além da sala de aula”, Indira conta. Segundo ela, essa articulação foi importante para desenvolver habilidades que não se aprende nas matérias da faculdade, como vivenciar a liderança. Além disso, as atividades extracurriculares são momentos importantes para conhecer pessoas do mercado de trabalho. O convite para trabalhar no CEU, por exemplo, partiu de uma pessoa que conhecia a pedagoga da militância nos movimentos sociais da educação.  

Indira Castellanos
Indira Castellanos [acervo pessoal]

“Acabei demorando um tempo a mais para me formar, porque era muita coisa para viver na faculdade e eu já tinha um emprego, o que toma bastante energia”. Após graduar-se em 2012, Indira se deu conta de que além de gostar de ser professora, também se interessava por trabalhar com diretorias, formar gente da administração pública. Assim, o trabalho no CEU casou bem com seus interesses.

A relação com a política 

É sabido que a mudança de governos costuma afetar projetos que estão em andamento. Para Indira, essa é uma das principais dificuldades no serviço público, por isso é fundamental lutar pela continuidade do trabalho e planos de governo. Outro ponto importante é o laço com a comunidade beneficiada. “Quando um projeto cria identidade, envolve escolas e comunidades, é mais fácil que seja mantido, pois as pessoas vão pressionar e exigir a manutenção daquele projeto”, ela diz.

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As conferências de educação, encontros promovidos em todo território nacional para discutir e solucionar questões relativas a educação no País, são, na opinião de Indira, ainda muito voltadas a quem já tem uma relação próxima com o tema. “Isso dificulta a participação civil”, ela afirma. Ainda assim, ela considera que na conferência atual do Plano Nacional de Educação foi possível resgatar compromissos que haviam se perdido em anos anteriores. “É um espaço que temos para unir forças e fazer debates, mas ainda é preciso melhorar muito, com envolvimento das crianças, por exemplo”.

No trabalho no CEU, é sempre considerada a gestão compartilhada, ou seja, priorizando a participação da comunidade local. Refletir sobre as pressões da comunidade também é de extrema importância. É comum, por exemplo, que a atuação baseada em uma força autoritária seja demandada, o que tem tudo a ver com o contexto social onde estão os CEUs, portanto é papel dos educadores questionar tais situações. “Se consigo em um dia de trabalho fazer um garoto parar para me ouvir e não partir para a violência, se abrir ao diálogo, esse dia já vale qualquer coisa”, afirma a pedagoga.

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