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Ricardo Gravina sempre quis abrir um negócio. Estava no sangue dele. O pai e o avô são empreendedores. Contudo, quando se formou em administração de empresas, Gravina foi trabalhar em uma empresa que não era a sua, na área de vendas e novos negócios.

Da formatura até seus 29 anos, ele trabalhou em diversos tipos de negócios: importação e exportação, consultoria, comunicação interna. Não fazia diferença, nenhum desses ramos o motivava. “Eu estava muito frustrado com o conceito que existia por aí de empresa e eu não me via trabalhando numa ONG”, lamenta Gravina. Esse sentimento se manteve por muito tempo, até que, em uma conversa com seu amigo Daniel Contrucci, ele encontrou aquilo que mudaria sua vida.

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“Eu queria abrir um negócio, só que eu não sabia o que fazer. Eu conversei com o Daniel e ele trabalhava em uma ONG que chamava ‘Projeto Bagagem’, que desenvolvia comunidades para receber o turismo” lembra o empresário. Assim, juntou-se ao amigo que “entendia de turismo, mas nada de negócios” em uma parceria complementar que levou à criação da Aoka Tours.

Quem sugeriu a ideia de fazer da empresa um negócio social, desde o início (em 2008), foi o próprio Contrucci. Gravina, que não conhecia o conceito, ficou maravilhado com a ideia. “Em um mês estávamos montando o plano de negócios para essa empresa. A gente começou a montar a Aoka [Tours] já dentro da Artemisia, incubados”, explica o cofundador, fazendo referência a organização pioneira em fomentar negócios de impacto social no país.

Cunhado pelo empreendedor e Nobel da Paz Muhammad Yunus, o termo ‘negócio social’ tem sido genericamente aplicado para se referir a todo negócio que tem em sua essência a busca pelo impacto social, e enxerga na geração de lucro uma forma de atingir e ampliar esse impacto como é o caso da Aoka. (Vale lembrar que para Yunus, no entanto, o termo é um pouco mais restritro e se refere apenas aos modelos de negócio em que o lucro é 100% reaplicado no próprio negócio, ou seja, não pode ser distribuído entre sócios ou acionistas).

Empoderamento Nascida como a primeira operadora de turismo sustentável do Brasil, a Aoka Tours é hoje uma marca consolidada no mercado, ainda que ele seja de nicho. “O desafio no começo foi criar uma demanda. A gente não partiu de uma oportunidade de mercado, pelo contrário: a gente partiu de uma visão e aí fez a oportunidade de mercado acontecer”, aponta o empresário.

Além da questão da sustentabilidade, Gravina também destaca o grande diferencial das relações entre a comunidade local e os visitantes. Tudo começa com um processo que ele chama de “empoderamento da comunidade”. “O que a gente faz é dar um empurrãozinho no cliente para ajudar ele a se conectar com a comunidade e ajudar a comunidade a estar preparada e a se sentir valorizada quando o cliente chega. O que acontece é uma relação muito horizontal, o que a gente não vê no turismo convencional, em que o cara abaixa a cabeça e te serve”, explica.

Deu certo. Os elogios que ouve daqueles que fazem viagens com a Aoka Tours são muitos. “Uma das frases que a gente mais ouve [dos clientes] é que foi uma viagem transformadora. Isso é a conexão entre pessoas diferentes”, comenta Gravina.

Manutenção da cultura empresarial Um dos desafios que a Aoka Tours encontra nesse momento, além da constante expansão do mercado, é o de manter a cultura fundadora do negócio em todos os funcionários. “Acredito que o desafio seja de gestão e cultura, manutenção da visão e do propósito da empresa, para que a coisa se mantenha como um negócio social em que está todo mundo ligado ao propósito, senão vira uma empresa convencional”, analisa o cofundador.

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Frustração nunca mais Depois de anos no mercado de trabalho das empresas convencionais e mais sete anos à frente de seu próprio negócio social, Gravina não dá nenhum sinal de arrependimento de ter entrado na vida empreendedora. “Minha vida mudou completamente, encontrei meu propósito. Nunca mais fiquei frustrado. Posso ter perdas, tropeçar. Mas nunca tive vontade de desistir”, afirma.

Da mesma maneira, o chefe vê a motivação em seus funcionários. “Agora a gente já consegue competir no mercado por salário, mas passamos muito tempo pagando menos. Esse é um impacto real, a pessoa estava aqui por causa do propósito, não era por causa do dinheiro, do status, era porque ela trabalhava em algo que fazia sentido para ela”, analisa.

O impacto na sua maneira de ver as empresas foi tamanho que o empreendedor até arrisca uma previsão. “Um dia o conceito de negócio social vai sumir e vão ser apenas organizações. Esse nome é só pra diferenciar dos negócios que não ligam para o social. Acho que no futuro todas as empresas vão ter que correr nesse sentido, não dá. As novas gerações não estão a fim de trabalhar em um negócio em que eles não veem sentido”, observa.

Por fim, Gravina sugere os negócios sociais tanto para quem quer ser um funcionário como para quem quer empreender. “As portas estão se abrindo. O capital para investimento em negócios sociais está cada vez maior, o mercado está vindo cada vez mais para o nosso lado. É por isso que eu acho que, se alguém quer iniciar alguma coisa deveria olhar para o negócio social, porque é uma tendência”, conclui.

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