O Vox Capital, fundo de investimento fundado no Brasil em 2009, já virou matéria de análise na Harvard Business School.
Não é coincidência que a universidade mais prestigiada dos Estados Unidos tenha disponibilizado um case específico sobre ele. Por trás do reconhecimento, está uma trajetória inovadora.
Um ponto de partida para entender o sucesso do Vox Capital tem a ver com o tipo de fundo de que se fala. No caso da empresa, co-criada pelos brasileiros Daniel Izzo e Antonio Ermínio de Moraes Neto, o foco são negócios que causem impacto social.
Nas palavras de Daniel, em entrevista ao NaPrática.org, a vontade de criar um modelo desses veio de um sentimento de insatisfação: “Cansei de tornar os ricos ainda mais ricos.”
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Para começo de conversa, o Vox Capital foge do imaginário ligado aos bancos e ao setor financeiro. Em vez de buscar investimentos meramente lucrativos, o fundo busca iniciativas que tenham impacto.
E medir impacto, para determinar quais investimentos fazer, tem inúmeras variáveis – o número de pessoas atingidas e como isso refletiu na área de atuação, por exemplo.
Uma pergunta simples, que sintetiza o que está por trás da medição de impacto, é essa: em qual dor real da população brasileira essa iniciativa atua? Pode ser a falta de acesso a microcrédito em determinadas regiões do país, ou mesmo a dificuldade de aprendizado em escolas brasileiras.
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Procurar empresas do tipo — seja ativamente ou recebendo propostas por prospecção — constitui um dos pilares nas decisões do Vox Capital para investir ou não. Outros pontos importantes, listados pelo site oficial do fundo de investimento, são tecnologias inovadoras e um produto desenvolvido.
Tendo tais critérios em mente, o fundo decide se vai ou não injetar capital. De modo geral, os investimentos ficam entre um e 10 milhões de reais e equivalem a 20% a 35% da participação nas ações da empresa.
No caso das startups, outra modalidade chama-se “semente”, em que o capital entra como dívida conversível, ou seja, um empréstimo que, se der certo, vira participação acionária.
Além do capital oferecido, o Vox Capital também realiza um acompanhamento das empresas que apoia. Para garantir um bom retorno financeiro, o acompanhamento acontece dentro da organização investida ao longo de meses com o time do Vox. Entre as atividades, estão a elaboração de planos de metas e formas de expandir e aperfeiçoar o impacto do negócio.
Leia também: Como funciona o Vox Capital, um fundo de investimento impacto social
Os diferenciais que levaram o Vox Capital a se tornar um caso estudado na HBS são vários.
Para começar, o fundo voltado a negócios de impacto social foi o primeiro criado no Brasil, seguindo uma tendência já existente em outros países. Analisar a trajetória da iniciativa e o contexto brasileiro, portanto, serviria como abordagem interessante.
Por outro lado, mesmo fora do Brasil, são poucos os fundos que seguem tal modelo, que leva em conta o fator social da equação. Equilibrar isso junto à satisfação dos investidores é um desafio recente – com o qual o Vox Capital teve de lidar.
Não é à toa, portanto, que casos capazes de ilustrar essa tensão cheguem às salas de aula, em especial nos cursos de administração, como é o caso em Harvard.
Outro ponto importante tem a ver com o tipo de aulas ministradas no MBA na Harvard Business School. Afinal, muitas matérias — como a de Julie Battilana, responsável pelo estudo de caso do Vox — centram-se nos casos de estudo, de empresas e iniciativas, submetidas à análise dos alunos para que aprendam sobre o assunto.
É a chance de aprender sobre como investimentos e impacto social podem andar juntos, tanto no exterior quanto no Brasil.
Matéria originalmente publicada pelo EstudarFora.org
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