Jim Collins ganhou fama ao estudar empresas. O que faz com que algumas companhias sejam excelentes, enquanto outras afundam, é uma das questões sobre a quais ele se debruçou nos últimos anos. Autor de seis livros com mais de 10 milhões de cópias vendidas, entre eles Empresas feitas para vencer e Vencedoras por opção, Collins participou nesta segunda-feira (07/11)  do HSM ExpoManagement, em São Paulo. Ele respondeu a perguntas feitas por executivos brasileiros.

O que faz um bom líder?

Collins passou parte de sua carreira se perguntando o que fazia uma empresa ser excelente, e contou que por muito tempo tentou desconsiderar a análise dos líderes, afinal, é possível encontrar bons líderes em companhias que não deram certo.

“Não queria cair na cultura de adorar as lideranças, mas quando você avalia o ponto de inflexão de uma empresa boa para excelente, não consegue remover o líder da análise, porque ele é fundamental para a excelência”, afirma Collins. No entanto, há uma característica que distingue os líderes das empresas que se tornaram excelentes. “A diferença não é questão de gênio, personalidade ou carisma, é a unidade pessoal. O líder que faz a empresa se tornar excelente tem um espírito de servir — a uma causa, empresa, meta. São pessoas ambiciosas, incansáveis”, diz Collins.

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“Não tem a ver com o que o líder consegue fazer, mas com aquilo que ele pode criar. Isso transcende a própria pessoa. Líderes bons inspiram as pessoas a o seguirem, líderes excelentes inspiram as pessoas a servirem a uma causa”, diz. “Um grande líder só existe se as pessoas o seguirem quando têm a possibilidade de não seguirem se quiserem. Tem a ver com o que as pessoas fariam se pudessem optar”.

Collins diz ter descoberto que esses líderes não se focaram em suas carreiras, mas nas responsabilidades que lhes eram delegadas a cada momento. “A cada unidade, mesmo que pequena ou pouco importante, o líder tinha o pensamento de que precisava fazer daquela unidade um bolsão de grandeza, que iria cuidar daquele departamento, daquela unidade e daquelas pessoas”.

Como fazer uma empresa se tornar grande, adaptar-se às mudanças e se tornar excelente?

Em primeiro lugar, Collins afirma que as empresas não podem depender unicamente do bom líder para se manter de pé. “É melhor construir um relógio que pode dizer as horas mesmo quando você não está lá”, diz. “A essência para isso é construir uma grande cultura, uma forma de agir, para que a organização se torne excelente. Em uma empresa excelente, a estratégia não aponta para a cultura da empresa, mas a cultura é a própria estratégia”.

Além disso, Jim Collins afirmou que é preciso definir as mudanças e continuidades que devem ser feitas na empresa. “Para qualquer empresa grande e duradora, o princípio é estimular o progresso, mas manter um núcleo — conservar os valores, os princípios básicos e a essência — aquilo que queremos ser”, diz.

O especialista ressaltou também que a busca pela grandeza é um processo contínuo. “Não importa o quanto espetacular seja o seu sucesso, você só se mantém bom na busca pelo próximo objetivo. E, quando acha que chegou lá, já começa a escorregar para a mediocridade”, afirma. Isso depende, em grande parte, de a empresa se colocar um grande e audacioso objetivo, afirmou Collins, citando o objetivo de Bill Gates de que todos os trabalhadores tivessem um computador em sua mesa, e, mais recentemente, a meta de Elon Musk de colonizar Marte.

Inovação é fonte de vantagem competitiva?

Collins começou a responder a essa pergunta afirmando que a criatividade é algo natural e abundante. “Entretanto, a disciplina não é natural. O grande desafio é fazer casar a disciplina e a criatividade, para que a disciplina não acabe por minar a criatividade”, diz. O autor destacou que em seus estudos sobre as empresas excelentes a questão não está apenas na inovação, mas na forma de inovar.

Segundo ele, para uma empresa ser bem-sucedida ao inovar é preciso realizar tentativas suficientes, fazer ajustes ao longo do desenvolvimento da inovação e ter assertividade e foco no objetivo.

“Eu diria que a inovação por si só não é o segredo da vantagem competitiva, mas sim a capacidade de mesclar disciplina com inovação, para que a inovação possa ser escalonada — essa é a fonte da vantagem competitiva de grandes empresas”.

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O que faz com que uma empresa seja mais ou menos resiliente frente a uma crise?

Por que algumas empresas brasileiras foram extremamente afetadas pela crise, e outras já conseguem mostrar sinais de recuperação? Segundo Collins, existem três fatores essenciais para isso: criatividade empírica, disciplina fanática e paranoia produtiva.

“A criatividade empírica é apostar com base em evidências, não na loucura ou no sonho”, afirma Collins. O segundo fator tem relação com a definição de metas e objetivos, independentes do cenário externo. “Embora tudo esteja mudando, é preciso manter a disciplina consistente e seguir a intensidade e ritmo determinados pela própria empresa, não pelas condições externas”.

Já a paranoia produtiva é a capacidade de planejamento e criação de opções para “quando as coisas derem errado, não se as coisas derem errado, porque em algum momento, vai ter alguma coisa que dará errado”, diz.

Como selecionar bons profissionais para os cargos certos?

“É irrelevante ter uma grande visão, se você não tiver as pessoas certas”, afirma Collins. Além de escolher os profissionais mais competentes, é preciso colocá-los na posição em que eles mais se adéquam.

Em segundo lugar, depois de selecionar as pessoas competentes, é preciso oferecer-lhes metas ambiciosas. “Se você não der metas audaciosas aos melhores funcionários, eles irão buscar metas em outras empresas”, afirma Collins.

E, por último, o especialista falou no desafio de tirar as pessoas que não estão contribuindo. “Acho que a grande dificuldade é saber o ponto exato de fazer essa mudança. Os executivos ou agem intempestivamente ou demoram demais”, diz. Ele ressaltou que, por outro lado, é preciso ter sensibilidade ao demitir funcionários. “Não é preciso ser maldoso, é possível ter uma relação saudável. Eu, por exemplo, sempre ligo a essas pessoas no dia do aniversário delas”.

Como manter incentivados os profissionais da geração millennial?

“As pessoas me perguntam frequentemente ‘como lidar com o problema dos millennials’, e eu não entendo a pergunta. Não acho que exista um problema. Creio que é preciso aprender com eles”, diz Collins. Ele afirmou que o maior desafio, na realidade, é saber como atrair e selecionar os melhores profissionais dessa geração.

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Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios

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