No começo de 2014, Mark Zuckerberg comprou por 2 bilhões de dólares a startup Oculus, de realidade virtual. O valor exorbitante pago por uma companhia que até então não havia vendido sequer um produto pegou todos de surpresa. A inusitada aposta havia sido mediada e aconselhada pelo professor de Stanford Jeremy Bailenson.

Formado em psicologia, foi no final dos anos 1990 que ele decidiu mudar para o campo da engenharia e dedicar-se ao estudo da realidade virtual, tornando-se um dos mais respeitados especialistas no tema. O campo de trabalho que na época soava estranho e pouco palpável hoje já é uma realidade comercial, principalmente através do Gear VR, óculos de realidade virtual criado pela Samsung em parceria com a Oculus, e do Google Cardboard.

Na Universidade Stanford, Bailenson ocupa muitas funções. Além de diretor do Virtual Human Interaction Lab, que fundou em 2003, é professor de comunicação, educação e sistemas simbólicos. Hoje suas pesquisas buscam entender como nossos cérebros reagem à realidade virtual – um campo que tem atraído a atenção de todos, do Senado americano ao Departamento de Defesa, e empresas das mais diversas indústrias.

jeremy bailenson usa oculos samsung gear
Bailenson utiliza Samsung Gear [Openspace]

Trata-se de uma tecnologia que, normalmente com o auxílio de um óculos ou outro dispositivo, recria ao máximo a sensação de realidade para o usuário. “A realidade virtual é tao real que muda você depois. O cérebro processa essa informação como real, por mais que você saiba, racionalmente, que não é”, explica o pesquisador. No campo da saúde, por exemplo, descobriu-se que vítimas de queimaduras graves que experimentavam a experiência virtual de enxergar-se em montanhas geladas, cobertas de neve, sentiam menos a dor de suas feridas. 

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Ele defende que o recurso “não é só uma forma de entretenimento, mas pode ser uma excelente forma de negócios”. Por isso, vai mudar radicalmente a forma como os mercados funcionam e também a forma como trabalhamos. Durante a HSM Expo, evento para executivos em São Paulo, Jeremy Bailenson conversou sobre essas mudanças. A seguir, selecionamos os principais impactos no mercado de trabalho, entre as várias previsões feitas pelo pesquisador:

1. Capacitação e treinamento

De treinamentos técnicos para profissionais da indústria – manuseio de máquinas, por exemplo – ao treinamento de médicos para situações cirúrgicas os mesmo primeiros socorros para leigos, tudo será (e já vem sendo) facilitado com a possibilidade de imersão oferecida pela realidade virtual. Da mesma forma, cursos universitários e MBAs a distância serão experiências cada vez mais próximas da sala de aula. “Em Stanford, vai chegar o dia em que teremos a sala de aula virtual e totalmente em rede”, ele prevê.

2. Demanda de criatividade

“No mundo da realidade virtual não existem regras”, explica o professor. Dessa forma, é um prato cheio para profissionais criativos darem asas à imaginação. E, na medida em que a tecnologia se torna mais acessível comercialmente, aumentará a demanda do mercado por profissionais altamente criativos capazes de criar conteúdo relevante e envolvente em realidade virtual. Para Bailenson, criar nessa área é mais difícil, pois demanda um conteúdo que engaje o usuário “por todos os lados”.

Serão necessários tanto profissionais técnicos, capaz de criar realidades surpreendentes com o auxílio da computação, como profissionais de marketing e publicidade capazes de criar conceitos dentro da realidade virtual. É todo um novo campo que está surgindo, e ele prevê uma “explosão de criatividade”.

3. Relação com os clientes

Imagine, por exemplo, que uma empresa de turismo consiga mostrar para os seus clientes a experiência de seus destinos com o auxílio de um óculo de realidade virtual. No vídeo a seguir é possível mover a câmera para os lados sem o auxílio de um óculos e entender do que se trata:

4. Negociações virtuais

Diminuir a necessidade de viagens (e toda a perda de produtividade, qualidade de vida e poluição decorrentes) é um dos objetivos mirados pelas empresas de realidade virtual. Com o avanço da tecnologia, será cada vez mais possível criar conexões genuínas com colegas de trabalho ou potenciais clientes e parceiros comerciais por meio de reuniões em realidade virtual, sem deslocamentos importunos e desnecessários.

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5. Inovação e otimização

Muitos processos dentro de grandes e pequenas indústrias também podem ser otimizados lançando mão da realidade virtual. A Ford atualmente utiliza a realidade virtual em seu Immersion Lab para ajudar a entender como os clientes experimentam seus novos carros. Eles usam um óculos e fones de ouvido para investigar em alta definição o interior e exterior dos carros que a empresa está pensando em desenvolver. O benefício para tudo isso é que a Ford pode obter um salto no seu processo de desenvolvimento do produto a partir do feedback dos clientes, sem ter que criar o protótipo físico de um novo modelo – o que custaria tempo e dinheiro.

Para muito além dos exemplos citados, as aplicações da realidade virtual são quase infinitas. A tecnologia pode ser usada para os mais diversos fins, da pornografia à criação de empatia no ser humano. Para quem está ávido por criar algo novo, não existem limites.

 

 

 

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