Liderança

“Futuro da educação no Brasil não está tão ligado às novas tecnologias”, defende empreendedor especializado

O empreendedor Gerson Rodrigues sempre foi apaixonado por educação e transformou a paixão em carreira. Em sua vida profissional, estruturou três startups na área educacional e já organizou diversos eventos, incluindo o primeiro Startup Weekend Education da América Latina, em 2014. No mesmo ano, palestrou sobre o futuro da educação no UP Global Summit, em Las Vegas, maior encontro para líderes de startups do mundo.

Apesar de ter um forte envolvimento com tecnologia e educação – ele, inclusive, é membro da rede de alto potencial da Fundação Lemann -, Gerson acredita que não necessariamente serão as inovações tecnológicas que irão auxiliar na melhoria do futuro desse campo no Brasil. “Na minha opinião o futuro da educação no Brasil não está tão diretamente ligado à tecnologia que a gente desenvolve.”

“A gente ajuda, faz ferramentas e cursos, mas para realmente mudar, é necessário um investimento muito pesado em educação básica para fazer com que as crianças tenham um bom acesso à educação, durante toda a sua vida, independente de tecnologia”, opina.

Ele reconhece que acreditava que as tecnologias iriam revolucionar o setor e trazer muitas mudanças positivas. “Mas no mundo real não é bem assim porque existem tantas escolas que estão em estado de calamidade, com sala de aula sem teto, professor que não se sente seguro e locais de difícil acesso para implementar medidas educativas. É muito mais uma questão de política mesmo, de quem está no poder fazer por onde para o futuro da educação”, analisa.

Nesse contexto, cabe aos empreendedores olhar para essas oportunidades e trazer ajuda, segundo Gerson. “Qualquer coisa que a gente faz já ajuda alguém. Às vezes você levar adiante o que aprendeu por meio de uma palestra é uma ação pequena mas que já pode ajudar um grupo de pessoas”, analisa. Para o empreendedor, hoje existe a facilidade de dar acesso às pessoas a diversos conteúdos por conta das plataformas facilitadoras que existem, mas é preciso fazer um trabalho de melhoria e pensar em como ajudar de alguma forma com esse processo.

“Não precisamos ficar pensando que vamos resolver o problema de todo mundo com uma coisa só. É muito mais o trabalho sistemático que as pessoas podem fazer (e vêm fazendo) que vai ajudando aos pouquinhos. Não é uma solução que em dois anos vai resolver tudo, mas sim o processo gradual. Um dos motivos de eu ter me envolvido com startups é o potencial de escala do que fazemos”, observa.

Gerson ainda tem uma visão otimista sobre o futuro da educação e pondera que o momento atual é de melhora exponencial por causa da velocidade com que as coisas se transformam. “Cinco ou dez anos atrás era muito mais difícil ter acesso a determinadas coisas. Isso está mais fácil e com isso podemos alavancar essa boa educação para passar adiante. As pessoas precisam ter uma mentalidade de não esperar que os outros façam para elas. Apesar de acreditar no grande impacto de políticas públicas, nós temos que lutar para que isso aconteça e mude, mas também puxar para nós essa responsabilidade. Não adianta só reclamar de como as coisas estão”, afirma.

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Ele afirma que para colaborar as pessoas precisam tomar essa decisão de forma consciente e descobrir uma forma de como podem contribuir para a realidade em que vivem.

“Tem que pensar em fazer, mesmo que seja algo pequeno, porque isso vai ter um efeito muito positivo no longo prazo. O futuro da educação tem muito a ver com uma questão cultural. Eu costumava acreditar que todo mundo podia mudar sua realidade, mas percebi que isso é realidade em parte porque existem muitos outros fatores relacionados. Mas nós temos a obrigação de, no mínimo, mostrar que existe outra possibilidade e que estamos aqui para ajudar se ela quiser”, defende.

 

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