No dia 20 de setembro de 2014, na sede da ONU, em Nova York, a atriz Emma Watson falou para dezenas de homens e mulheres sobre feminismo e igualdade de gênero no mundo do trabalho.

O discurso, feito em ocasião da sua nomeação como Embaixadora da Boa Vontade da ONU, também marcava o lançamento da campanha He For She (Eles por Elas), que buscava incluir também os homens nos esforços dessa causa. Desde então, sua fala viralizou pela internet. Apenas um dos vários vídeos no YouTube foi visto mais de 7,5 milhões de vezes.

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A campanha, desde então, também conseguiu resultados expressivos: mais de 1000 eventos foram realizados no mundo todo, mais de 1 milhão de pessoas e empresas (de presidentes, governos e exércitos a microempreendedores e estudantes) se comprometeram com ações para ampliar a diversidade de gênero, e mais de 1,2 bilhões de conversas sobre o tema foram realizadas.

No Brasil, foram cerca de 45 mil compromissos com esta causa, envolvendo questões como saúde, educação e violência – e muitos mais podem ser estabelecidos no site oficial da campanha – e você, já sabe como vai fazer sua parte?

Aqui no Na Prática, lançamos hoje a campanha #MulheresNaPratica. Acreditamos que a informação é parte essencial dessa mudança, e esse é nosso compromisso em compartilhar matérias especiais sobre liderança feminina e contar histórias de mulheres com carreiras inspiradoras, líderes em suas áreas de atuação e que têm transformado o mercado.    

Assim como a atriz britânica fez anos atrás, Anne Hathway – que também é embaixadora da ONU – fará o seu discurso na sede das Nações Unidas para marcar o Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje (8/3). O discurso pode ser acompanhado ao vivo por aqui. Mas, enquanto isso, vale relembrar o poderoso discurso de Emma Watson:

Hoje nós estamos lançando uma campanha chamada HeForShe. Eu venho até vocês porque precisamos da sua ajuda. Nós precisamos acabar com a desigualdade de gênero, e para fazer isso, precisamos que todo mundo esteja envolvido. É a primeira campanha desse tipo na ONU. Nós queremos tentar mobilizar o tanto de homens e garotos que for possível, para serem advogados da mudança. E nós não queremos apenas conversar sobre isso. Queremos tentar e ter a certeza de que isso é possível.

Eu fui nomeada Embaixadora da Boa Vontade pela ONU Mulheres seis meses atrás. E, quanto mais eu falava sobre feminismo, mais eu percebia que lutar pelos direitos das mulheres frequentemente se tornava sinônimo de ódio aos homens. Se existe uma coisa que eu sei com certeza, é que isso tem que parar.

Para constar, feminismo se define pela crença de que homens e mulheres devem possuir direitos e oportunidades iguais. É a teoria da igualdade política, econômica e social dos sexos.

Eu comecei a questionar as suposições com base nos gêneros muito tempo atrás. Quando eu tinha 8 anos eu fiquei confusa por ser chamada de mandona por querer dirigir as peças que apresentaríamos aos nossos pais. Mas com os meninos não aconteceu. Aos 14, comecei a ser sexualizada por alguns elementos da mídia. Aos 15, minhas amigas começaram a largar os times esportivos porque não queriam parecerem musculosas. Aos 18, meus amigos homens eram incapazes de expressar seus sentimentos.

Eu decidi que era feminista, e isso não pareceu complicado para mim. Mas minhas pesquisas recentes me mostraram que feminismo está se tornando uma palavra impopular. As mulheres estão optando por não se identificar como feministas. Aparentemente estou no ranking de mulheres cujas expressões são vistas como fortes demais, muito agressivas, isoladas, e anti-homens. Até mesmo desinteressante.

Por que a palavra se tornou algo tão desconfortável? Eu sou da Grã-Bretanha, e acho meu direito ser remunerada da mesma maneira que meus colegas do sexo masculino. Eu acho que é meu direito estar apta para tomar decisões sobre meu próprio corpo. Eu acho que é meu direito ter mulheres envolvidas do meu lado nas políticas e decisões que irão mudar minha vida. Eu acho que é meu direito que socialmente me seja proporcionado o mesmo respeito que os homens.

Mas infelizmente, eu posso dizer que não existe um país no mundo onde todas as mulheres possam ver esses direitos. Ainda não há país no mundo que possa dizer que elas conseguiram igualdade de gêneros. Esses direitos eu considero direitos humanos, mas eu sou uma das sortudas.

Minha vida é um puro privilégio porque meus pais não me amam menos por eu ter nascido filha. Minha escola não me limitou por eu ser uma garota. Meus mentores não assumiram que eu poderia não ir tão longe, pois poderia dar a luz a uma criança um dia. Essas influências foram os embaixadores da igualdade de gênero que me fizeram ser quem sou hoje. Eles podem não saber disso, mas eles são as inadvertidas feministas que estão mudando o mundo hoje. Nós precisamos de mais deles.

E se você continua odiando a palavra, não é a palavra que é importante. É a ideia e o intento por trás dela, porque nem todas as mulheres possuem os direitos que eu possuo. Na verdade, estatisticamente, muito poucas possuem.

Em 1997, Hillary Clinton fez um famoso discurso em Pequim sobre os direitos das mulheres. Infelizmente, muitas coisas que ela queria mudar continuam iguais hoje. Mas o que mais me chamou atenção foi que menos de trinta por cento da audiência eram homens. Como poderemos mudar efetivamente o mundo quando apenas metade deles são convidados ou se sentem bem vindos para participar desse debate?

Homens, eu gostaria de aproveitar essa oportunidade para estender seu convite formal. Igualdade de gênero é problema seu, também. Até agora tenho visto o papel do meu pai ser desvalorizado pela sociedade, apesar de eu precisar da presença dele quando criança tanto quanto da minha mãe. Eu vi homens jovens sofrendo de problemas mentais incapazes de pedir ajuda por medo que isso faça deles menos homens. Na verdade, no Reino Unido, o suicídio é a maior causa de mortes de homens entre 20 e 49 anos, superando acidentes de viação, câncer, ou doença cardíaca coronária. Eu tenho visto homens frágeis e inseguros devido a um senso distorcido do que consiste o sucesso masculino. Os homens também não possuem os benefícios da igualdade.

Nós não falamos frequentemente sobre os homens estarem aprisionados em esteriótipos de gênero, mas eu posso ver que eles estão, e quando eles estiverem livres, as coisas irão mudar para as mulheres como consequência natural. Se os homens não precisam ser agressivos a fim de serem aceitos, as mulheres não se sentem compelidas a serem submissas. Se os homens não possuem o controle, as mulheres não terão de ser controladas.

Ambos, homens e mulheres, devem se sentir livres para serem sensíveis. Está na hora de percebermos o gênero em um espectro, em vez de dois conjuntos de ideais opostos. Se nós pararmos de definir uns aos outros pelo que não somos, e começarmos a nos definir pelo que somos, todos nós poderemos ser livres, e é sobre disso que trata o HeForShe. Trata de liberdade.

Eu quero que os homens assumam essa causa, para que suas filhas, irmãs, e mães possam estar livres do preconceito, e também para que seus filhos tenham a permissão de serem vulneráveis e humanos, para que recuperem aquelas partes de si mesmos que estão abandonadas, e ao fazê-lo, possam se tornar uma versão mais verdadeira e completa de si mesmo.

Você pode estar pensando: “Quem é essa garota do Harry Potter, e o que ela está fazendo discursando na ONU?” E é uma boa pergunta. Eu tenho me perguntado a mesma coisa.

Tudo o que eu sei é que me importo com esse problema, e quero melhorá-lo. E, tendo visto o que eu vejo, e tendo a chance, sinto que é minha responsabilidade dizer alguma coisa.

O estadista Edmund Burke disse, “Para que as forças do mal triunfem, basta que os bons homens e boas mulheres não façam nada.”

No meu nervosismo para esse discurso, e nos meus momentos de dúvida, eu dizia para mim fortemente, “Se não eu, quem? E se não agora, quando?” Se você tem as mesmas duvidas sobre as oportunidades que são apresentadas para você, eu espero que essas palavras sejam úteis. Porque a realidade é que se não fizermos nada, vai levar 75 anos, ou o tempo para eu me aproximar dos 100, para que mulheres sejam remuneradas com a mesma quantia que homens são no mesmo trabalho. 15,5 milhões de meninas irão casar ainda criança nos próximos 16 anos. E na proporção atual, não será antes de 2086 que meninas das zonas rurais africanas terão uma educação secundária.

Se você acredita em igualdade, você deve ser um desses inadvertidos feministas das quais eu falei anteriormente, e por isso, eu aplaudo você. Estamos lutando por uma palavra de união, mas a boa notícia é que nós temos um movimento unido. Se chama HeForShe. Eu convidei você para dar um passo a frente, ser visto e perguntar para si mesmo: “Se não eu, quem? Se não agora, quando?

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