Na tarde de 26 de janeiro, Mark Zuckerberg anunciou em seu perfil do Facebook que o brasileiro Hugo Barra – até então um dos principais executivos da chinesa Xiaomi – iria assumir a área de realidade virtual da rede social. A mudança representa outro movimento de carreira de Hugo entre as mais relevantes empresas de tecnologia do mundo, fazendo dele um dos brasileiros mais influentes do setor.

Mineiro de Belo Horizonte, ele foi estudar Ciência da Computação nos Estados Unidos, no MIT (Massachusetts Institute of Technology) – provavelmente o curso mais respeitado do mundo na área. Antes, havia cursado um ano de Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mas trocou o curso pela experiência fora.

Para bancar os custos da graduação nos EUA, contou com uma bolsa da Fundação Estudar, organização que apoia o estudo de jovens talentos no Brasil e no exterior e que está com inscrições abertas para o seu programa de concessão de bolsas de estudo.

Recém-formado, em 2000, abriu com colegas a própria empresa de tecnologia, especializada em reconhecimento de voz, e trabalhou lá por alguns anos antes de abandonar a vida de empreendedor para tornar-se empregado – mas não um empregado de qualquer empresa…

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Depois de vender sua startup, foi trabalhar no Google, que na época (2008) já era a maior empresa da internet mundial, somando apenas dez anos de existência mas exibindo números de gente grande: vinte mil funcionários, valor de mercado de 150 bilhões de dólares e cerca de 650 milhões de clientes diários.

Hugo Barra e Google
Eric Schmidt, Andy Rubin e o brasileiro Hugo Barra [Acrofan]

No Google, foi ascendendo a cargos cada vez mais altos. Chegou a ser um dos principais nomes da divisão de Android da companhia, e por isso mesmo causou surpresa quando resolveu sair da gigante tecnológica para ir para uma startup na China, então com apenas três anos de existência vendendo smartphones e outros acessórios eletrônicos. As críticas não surtiram efeito: assumiu o risco e mudou-se da California para Pequim.

“Quando Lei Jun e Bin Lin [fundador e presidente da Xiaomi, respectivamente] chegaram para mim há quase quatro anos, com a oportunidade de ajudar a transformar uma jovem estrela em uma empresa global, embarquei no que foi a maior e mais desafiadora aventura da minha vida”, ele disse.

A decisão faz lembrar o conselho que Sheryl Sandberg, COO do Facebook, daria alguns anos depois aos formandos de Harvard: “Entre em um foguete. Quando a empresa está crescendo rapidamente e conseguindo um grande impacto, as carreiras andam pelas próprias pernas. (…) Se te oferecem um assento em um foguete, não pergunte qual é o assento. Apenas entre no foguete!”. Se há a possibilidade de fazer algo grande, por que não arriscar?

E Hugo Barra arriscou. Mudou-se para 6,5 mil quilômetros de distância de sua zona de conforto no Vale do Silício para criar a partir do zero a equipe que realizaria a expansão global da Xiaomi. “Nós transformamos a Índia no maior mercado internacional da Xiaomi, com 1 bilhão de dólares em faturamento anual, e fizemos isso mais rápido do que qualquer outra empresa na história do país. Expandimos para Indonésia, Cingapura, Malásia, e mais recentemente para vinte outros mercados, incluindo a Rússia, México e Polônia”, explicou em post em rede social.

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Ele chegou a trazer a Xiaomi para o Brasil em 2015, mas algum tempo depois – diante da crise econômica e das dificuldades de uma expansão internacional – a empresa abandonou os negócios no país. Hoje, considera que seu ciclo na empresa chinesa está completo, e está feliz em voltar para o Vale do Silício (onde fica a sede do Facebook).

Hugo Barra e Mark Zuckerberg
Hugo Barra e Mark Zuckerberg, juntos em realidade virtual [Facebook] 

Agora, seu desafio na rede social de Zuckerberg será comandar a área de realidade virtual da companhia, divisão responsável pelo desenvolvimento de tecnologias como o Oculus Rift, de realidade virtual – startup comprada pelo Facebook em 2014 por 2 bilhões de dólares. É uma área completamente nova, mas, pela magnitude do investimento, é possível vislumbrar o quanto é percebida como determinante para a visão de futuro da companhia.

“Hugo compartilha minha convicção de que a realidade virtual e aumentada será a próxima grande plataforma de computação. Ela nos permitirá experimentar coisas completamente novas e ser mais criativos do que nunca. Hugo vai ajudar a construir esse futuro, e estou ansioso para tê-lo em nossa equipe”, escreveu Zuckerberg ao anunciar a contratação do brasileiro.

Professor de Stanford e um dos principais estudiosos da realidade virtual, Jeremy Bailenson foi um dos nomes que aconselheu Zuckerberg sobre a aquisição da Oculus – negócio que, na época, foi considerado polêmico, já que a empresa comprada por bilhões de dólares não havia colocado sequer um produto no mercado. Foi uma aposta arriscada, mas que, Bailenson garante, é o futuro.

“A realidade virtual é tao real que muda você depois. O cérebro processa essa informação como real, por mais que você saiba, racionalmente, que não é”, explicou o pesquisador ao Na Prática, em 2016. Para ele, a tecnologia representa um mercado gigantesco e que vai revolucionar nos próximos anos campos tão diversos quanto medicina e transportes. Agora, resta saber como Hugo Barra e o próprio Facebook vão atuar na construção desse futuro.

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