Paulo Monteiro

A ideia veio de uma frustração pessoal: a qualidade do ensino universitário. “São aulas grandes com professores medianos e o aluno se sente inseguro, perdido e acaba vasculhando a internet para entender”, descreve Paulo Monteiro sobre a situação de muitos jovens na graduação. “No fim das contas, o que ele gosta de fazer é estudar com um amigo ou amiga que ensina o conteúdo de forma simples. E então começamos a pensar: como representar essa pessoa numa plataforma?”

Em abril de 2013, quando lançaram a plataforma de estudos Responde Aí, Paulo e o sócio Michel Nigri ainda estavam, eles mesmos, no último ano de faculdade. Engenheiros de produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), começaram sozinhos programando o site – então chamado de Ninja das Dúvidas – e vendendo códigos pelos corredores às vésperas das provas.

Os códigos davam acesso à plataforma, que se propunha a responder as dúvidas que os estudantes tivessesem sobre o conteúdo ministrado no curso, de fórmulas e equações matemáticas a problemas mais complexos.

“Éramos nós dois tirando dúvidas de cálculo”, lembra Paulo, que foi bolsista da Fundação Estudar. A dupla percebeu que aquilo poderia virar um negócio depressa: em seis meses, o número de alunos pagantes cresceu de 70 para 1000.

Hoje, cerca de 90 mil usuários tiram suas dúvidas de ciências exatas no Responde Aí, que já virou bibliografia recomendada de professores e cobra valores mensais ou semestrais pelo acesso a resumos, passo a passo de exercícios, simulados e vídeos de resoluções de mais de 100 faculdades brasileiras.

A equipe da startup Responde Aí
[A equipe da startup Responde Aí / Divulgação]

Para manter o espírito de grupo informal de estudos, os professores da plataforma, chamados de experts, são treinados numa metodologia própria que destaca tempo e segurança. São muitas vezes os próprios estudantes com mais vocação para a disciplina. “É algo dinâmico, engraçado e o expert ganha uma grana e ainda fica conhecido pela faculdade.”

O clima também é incentivado entre os usuários, que podem compartilhar fotos de resoluções de problemas online. “Queremos ser uma base de conteúdo para os alunos se ajudarem”, diz Paulo. “As pessoas juntas sabem muito mais.”

Tirando o Responde Aí do papel

Educação já era há tempos um interesse de Paulo, que deu aulas de física em um cursinho comunitário e de inglês para crianças na China. Após estagiar em uma startup carioca, ele decidiu que queria mesmo empreender na área.

Uma grande dificuldade inicial foi propor uma empresa de educação e tecnologia sem ter expertise em nenhuma dessas áreas. Após os primeiros seis meses, com a demanda comprovada, ficou mais fácil vender a ideia e atrair bons programadores.

Mais importante ainda, era demanda disposta a colocar a mão no bolso. “Todo mundo dizia que os alunos não pagariam, mas vimos que o grande desafio não era o preço: era sair de zero reais para um real”, fala Paulo. “É preciso experimentar a plataforma para ter confiança e depois tomar a decisão. E como ali eles acham o que precisam em um quinto do tempo que passariam procurando na internet, não querem outra coisa!”

O caminho até o sucesso – o negócio já ultrapassou o ponto de breakeven há um tempo – passou pelo ecossistema empreendedor brasileiro. Ainda com o nome antigo, a dupla se inscreveu no Bota Pra Fazer, curso da Endeavor voltado para empreendedores universitários, e ganhou um ano de monitoria.

As coisas seguiram dando certo quando o Responde Aí, então em seu oitavo plano de negócios, venceu o disputado concurso nacional da Start Up Brasil e ganhou uma vaga na aceleradora 21212. Após duas rodadas, a startup tem entre seus principais investidores a Arpex e o fundo Gera Venture, especializado em educação.

A revolução é inevitável

Para Paulo, o segredo da startup não é exatamente um segredo: atenção. “A revolução tecnológica é inevitável e já mudou várias indústrias”, diz. “E estudar online será o principal jeito para alunos universitários nos próximos anos.”

É um cenário que torna a educação uma área prolífica para empreendedores no país, já que ainda estamos buscando um modelo acadêmico que combine satisfatoriamente tecnologia e conteúdo em sala de aula. É uma opinião que encontra eco entre especialistas, como a diretora acadêmica da Kroton, Camila Cardoso, que defende que o mercado de educação é terreno fértil para quem gosta de inovar.

O Na Prática já apresentou outros empreendimentos na área – pense na Geekie, umas das startups mais premiadas do Brasil, na plataforma de estudos para o ensino fundamental e médio QMágico ou na mesa de jogos infantis Playmove, por exemplo – e há fatores em comum que se destacam, como a atenção ao método pedagógico, a tecnologia escalável, a busca constante por feedback e o foco na experiência do usuário.

“O empreendedor em educação ainda dá muita carteirada”, fala Paulo, adepto de métodos como startup enxuta e design thinking. “Você só constrói um produto bom se assumir que não sabe, validar suas hipóteses numa investigação constante e entender profundamente o ponto de vista da pessoa. Nós chutamos muito no começo e perdemos tempo, porque a riqueza do conhecimento está no cliente.”

O número de clientes, inclusive, deve crescer nos próximos anos. O Responde Aí, que tem 30 pessoas na equipe, quer chegar a outras das milhares de faculdades brasileiras e, eventualmente, expandir também para além das exatas.

“Nosso objetivo, no fim, é mudar a educação e o jeito que os alunos estudam”, resume. “Quem estiver alinhado com isso pode vir falar comigo.”

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