Fernando Carnaúba, 29 anos, trabalha na Abril Educação, onde planeja e executa ações voltadas a vinte e cinco escolas próprias da empresa, parte dos sistemas de ensino Anglo, Motivo, pH, Sigma e Maxi.
Apesar de seu dia a dia estar totalmente incorporado à rotina das escolas, Fernando não teve uma formação linear em educação. Ele foi se aproximando da área aos poucos. Na faculdade, ingressou inicialmente no curso de Engenharia da Escola Politécnica da USP. Dois anos e meio depois, descobriu que havia paixões maiores em sua vida que a matemática – e que havia pessoas mais apaixonadas que ele pela matéria.
Migrou, então, para o curso de Economia, na FEA (Faculdade de Economia e Administração), na mesma universidade, depois de se interessar por análises de economistas sobre dados educacionais. Em sua iniciação científica e em seu trabalho de conclusão de curso, estudou o impacto das ações afirmativas na qualidade do ensino superior. Começava a perceber, a essa altura, que seu interesse pela economia da educação talvez se direcionasse mais à parte da educação que à economia propriamente dita.
Durante o mestrado, também na FEA-USP, realizou um summer job na Geekie, startup que desenvolve plataformas de ensino adaptativo para o ensino público e privado. Lá, teve a oportunidade de assistir aulas em escolas parceiras da empresa, com o intuito de entender melhor a realidade dos clientes. Ficou surpreso com o quanto aprendeu no pouco tempo em que passou nas escolas. Surgiu aí a vontade trabalhar com educação fora das paredes do escritório.
Essa vontade tomou forma mais definida no período de cinco meses que passou na Universidade de Stanford, como pesquisador-visitante, durante o mestrado. Lá, teve contato com o programa de formação de professores da universidade, tido como referência internacional, bastante voltado para a prática de sala de aula. Soube, então, que essa era uma carência da formação de professores no Brasil e ficou fascinado pelo problema. Quando soube que a Abril Educação estava interessada em atacar o problema, teve interesse imediato de ir trabalhar na empresa.
Sua função na empresa é estruturar a formação dos professores nas escolas, com o foco de disseminar a cultura de trocas de experiências da sala de aula entre os docentes – uma cultura que já existe, de maneira informal, nas conversas de corredor e na sala dos professores, mas que vem gerando melhores resultados ao ser trabalhada de forma sistematizada.
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“Em quase todas as profissões, as pessoas aprendem muito sobre como realizar determinadas atividades no convívio com seus pares mais experientes – é observando que entendem como se conduz uma reunião, por exemplo. O professor não tem essa oportunidade. Ele sai da universidade com uma formação quase totalmente voltada a conceitos e conteúdos e vai sozinho para a prática da sala de aula, sem saber como definir o tempo da aula, ordenar temas ou retomar um assunto pendente do dia anterior”, explica.
Daí vem o princípio das formações que Fernando organiza: basicamente, elas consistem em reunir os professores para discutir suas próprias aulas, gravadas em vídeo por eles mesmos. Em grupo, eles obtêm feedbacks dos colegas em questões como adequação da atividade para o engajamento dos alunos; a organização da lousa; dentre outras.
Cabe a Fernando apresentar a estrutura do programa para a coordenação pedagógica das escolas e para os professores que irão conduzir a formação, discutir com eles os ajustes necessários e definir quais professores têm mais a ganhar com o trabalho, além de participar dos encontros iniciais
Fernando acredita que sua formação de economista, na interseção com os problemas educacionais, tem sido útil para interpretar os resultados dos programas de formação de professores. E o contato que estabeleceu com importantes atores do cenário educacional brasileiro, durante as pesquisas do mestrado e da graduação, também têm sido fundamentais para sua atividade atual.
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