Nome, formação, contatos… Tudo certo no currículo. O campo de experiência profissional, no entanto, paira como um fantasma assustador: o que fazer quando se busca justamente o primeiro emprego?
“É preciso ter um objetivo, mas a vida vai nos levando por caminhos que podem ser diferentes”, explica Sofia Esteves, fundadora do Grupo DMRH e da Cia de Talentos. “Nesse momento, é mais importante buscar se desenvolver não só em termos de técnica, mas principalmente em termos de atitude e habilidades que o mercado busca hoje.”
Entre tais habilidades, continua ela, estão protagonismo – “alguém que seja empreendedor de si mesmo, uma pessoa determinada e que tenha iniciativa” –, capacidade analítica e de resolução de problemas e um repertório diverso, capaz de conectar ideias e áreas diferentes.
Não é que seja uma má ideia planejar uma carreira. O coach Márcio Souza traça planos de desenvolvimento de cinco a dez anos, em que o cliente delineia o cargo que pretende ocupar ao fim daquele período e o que precisa fazer para chegar lá.
“Quando entrevisto pessoas que possuem cinco ou mais anos de formadas, percebo que quem fez esse planejamento está muito mais satisfeito com a posição que atualmente ocupa”, explica.
Durante uma crise econômica, em que há menos oportunidades e elas são mais disputadas, é tentador culpar o cenário geral. Para Sofia, no entanto, o maior inimigo do universitário brasileiro é a falta de autoconhecimento.
“O jovem segue mais o que amigos, família ou escolas orientam e aquilo pode não ser seu perfil”, fala. “Ele precisa ser protagonista dessa busca e saber profundamente quais são seus valores e objetivos de carreira para comparar e escolher entre empresas que tenham a ver com ele.”
Assista ao Bate-Papo do Na Prática com Sofia Esteves
É um desafio que ela e outros recrutadores encontram com frequência: processos seletivos estão cheios de participantes que se inscreveram de maneira aleatória, sem combinar com o perfil da empresa em questão. Poucos passam da triagem inicial e, não raro, fica difícil escolher alguém.
A rejeição naturalmente mina a autoconfiança do jovem, especialmente no início da carreira. É por isso que o tempo necessário para entender seus valores e estilo de trabalho aparece como um bom investimento, assim como redigir seu currículo com calma e intenção.
Uma vez com tais insumos em mãos, é hora de avaliar as vagas disponíveis e encontrar as combinações, que não precisam necessariamente ser alinhadas com o curso de graduação.
Para Sofia, a tendência é clara: as empresas estão cada vez mais em busca de perfis socioemocionais e atitudinais compativeís. “A parte técnica a empresa está disposta a formar, mas o que está difícil de encontrar é a parte comportamental.”
Pouco adianta tanto para a empresa quanto para o funcionário, exemplifica ela, que uma pessoa que gosta de tomar riscos e tirar ideias do papel rapidamente trabalhe num lugar em que há muitos processos a serem seguidos – e vice-versa.
Márcio Souza lembra que, mesmo com um mercado mais aberto, inserir-se profissionalmente na área desejada desde cedo ajuda na carreira. “Aos olhos de quem seleciona um profissional, a demora entre se formar e atuar na área costuma ser vista como indicativo de inexperiência ou incapacidade.”
Para saber se aquela vaga é certa para você, é útil lembrar que, em uma entrevista de emprego, os dois lados estão se entrevistando. Não é só você que está ganhando um emprego, a empresa também está ganhando você. Se essa troca não for mutuamente vantajosa, há um problema.
E já que o assunto é entrevista, é preciso encarar os fatos. Embora seja possível criar uma imagem falsa numa entrevista de emprego, a pior coisa que pode acontecer é ser contratado com base nela. O motivo é óbvio: um dia, a máscara cai.
Para domar a ansiedade e não cogitar esse tipo de artifício, o conselho dos especialistas é um só: pesquise, pesquise, pesquise.
Saiba tudo que puder sobre a empresa, seus valores, sua área de atuação, sua indústria, sua missão, visão de negócios. Converse com quem trabalha lá, tire dúvidas com funcionários do departamento de recursos humanos, investigue no LinkedIn – tudo que conseguir.
“Qualquer empresa gosta de perceber que o jovem se preparou e certamente isso se torna um diferencial”, fala Sofia, adicionando que saber explicar seus pontos fortes também impressiona.
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Na hora de citá-los, porém, seja humilde: a arrogância pode arruinar suas chances. “Infelizmente, percebemos que jovens em boas faculdades dentro e fora do Brasil tendem a achar que estão mais preparados que o resto da população”, continua ela. “Empresas estão em busca de sua história e de um ser humano, então isso é ruim.”
Márcio concorda e faz questão de lembrar: é começo da carreira e aprender é esperado. “Aquela postura de quem já sabe tudo não pega bem. A pessoa deve ter a consciência que, por melhor que seja como aluna, sempre terá o que aprender sobre sua profissão.”
Treinar respostas também não é uma boa ideia e passa a impressão de análises rasas e formatadas. Sofia garante que, munido de autoconhecimento e conhecimento sobre a empresa, o candidato é naturalmente mais aberto e tem mais chances.
Há muitos jovens mundo afora que já têm sonhos profissionais claros mesmo aos 18 anos. É importante manter em mente, no entanto, que uma coisa é objetivo e outra é a experiência que o levará até lá – e toda experiência é válida.
Vale a pena, então, olhar para os lados atentamente e aceitar um emprego que talvez não esteja nos planos, especialmente se houver uma possibilidade de aprender algo ou conhecer pessoas que poderão auxiliá-lo a crescer.
“Muitos jovens que auxilio a inserir no mercado almejam ser CEO de uma empresa, mas esses cargos só são oferecidos a profissionais que demonstraram excelentes resultados em trabalhos anteriores”, lembra Márcio. “E antes de chegar a CEO, o jovem terá que passar por outros cargos em que possa demonstrar desempenho acima da média.”
E não são só consequências profissionais que estão em jogo. “No primeiro emprego, você aprende a moldar seu caráter para a vida inteira”, lembra Sofia, que trabalhou como psicóloga pela primeira vez numa consultoria de outplacement, que ajuda executivos a se recolocarem no mercado.
Foi lá que afinou sua habilidade de comunicação, tornou-se mais proativa e descobriu que uma empresa não é obrigada a trazer as coisas de bandeja para o funcionário – aprendizados muito úteis para a futura empreendedora.
“A época da universidade e logo após a formatura são momento para experimentar tudo e sempre se perguntar: por que não?”, conclui.
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