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A (falta de) rotina de um profissional de operações

Depósito de loja com caixas de estoque

Ao ingressar na empresa AGV Logística, Rafael Matioli se viu diante de um enorme desafio: gerir um dos centros de distribuição da empresa, o que, por si só já é bastante complicado para um jovem que começava a sua carreira. Mas havia mais. Rafael precisava colocar ordem na casa, tornar o negócio mais eficiente. “Não havia ali nenhuma organização ou controle – e isso fazia com houvesse desperdício de recursos financeiros e humanos”, lembra.

Primeiramente, Rafael procurou se interar do negócio. Estudou a função de cada um dos cerca de 100 trabalhadores e dos equipamentos do local. Analisou cada tarefa, cronometrou cada atividade: empilhar, transportar, carregar o caminhão. Estava tudo no controle do Rafael. “A partir daí fiz uma análise critica dos processos, procurei enxergar o centro de distribuição como um todo, de forma integral.”

Com tudo coletado, Rafael decidiu criar um coeficiente de eficiência, uma espécie de escala para avaliar o grau de produtividade de cada peça da engrenagem. Ele explica: se uma operação ideal de carregar uma caixa de um lado para o outro demora 1 minuto, e o trabalhador consegue executar a tarefa nesse tempo, então, ele tem 100% de eficiência. Se ele demorar mais que 1 minuto, seu coeficiente vai caindo – e a produtividade da empresa, também.

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Dinamicidade da função

Todo esse trabalho de Rafael na AGV Logística levou apenas três meses! Isso mesmo: em 90 dias, o jovem profissional conseguiu revolucionar as operações da empresa, expandindo seu coeficiente para outros centros de distribuição. “Essa é uma característica muito forte da área de Operações. É tudo muito ‘nervoso’, corrido. Você não tem tempo para analisar por meses e meses inúmeras planilhas. Você precisa agir”, conta.

Os resultados também chegam na mesma velocidade. “Em geral os impactos das suas ações são imediatos. E isso é bastante recompensador. Você vê na prática o business acontecer”, diz.

Graças a essa dinamicidade e também à ampla possibilidade de atuação do profissional de Operações dentro de uma empresa, é bastante difícil prever como será a rotina de trabalho. Que horas chegar na empresa, como se vestir e outras particularidades dependem do cargo exato e até mesmo da cultura da empresa. No entanto, uma coisa é certa: o dia a dia é bastante agitado.

“Por causa dessa rapidez com que as coisas acontecem, o profissional precisa estar preparado para apresentar resultados no curto prazo”, salienta Paulo Tromboni, professor da Faculdade de Administração e Economia da USP e também coordenador do curso de pós-graduação em Administração de Operações de Negócios no Fundação Instituto de Administração.

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Diferencial para ascender

Depois de ter passado por grandes empresas na área operacional, como a AmBev, Rafael ingressou recentemente na Cremer, fabricante de produtos para cuidados com a saúde e higiene, onde é coordenador comercial e de novos negócios. “Atualmente, minha atuação não é mais essencialmente de Operações e preciso me envolver mais com a parte estratégica do negócio. Mas só sou capaz hoje de conduzir bem minhas responsabilidades estratégicas porque tive um conhecimento profundo do operacional. Sem dúvida alguma, atuar no setor de Operações é um diferencial para que deseja ascender ou migrar para outras atividades”, afirma.

Essa é, inclusive, a prerrogativa de importantes e bem-sucedidas companhias: para aspirar a ascensão é preciso primeiro dominar o operacional. “Já vi muito presidente de empresa que nunca viveu Operações. Você percebe na hora que é um cara despreparado, que não consegue viabilizar grandes mudanças”, conta Rafael. Ele mesmo sonha em abrir o próprio negócio um dia. Diz que já surgiram oportunidades, mas que ele prefere esperar. “Deixa eu apanhar um pouco e aprender como funciona a operação em grandes empresas para depois eu conseguir desenhar como funcionará a minha.”

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