“Estou elevando os padrões porque aqui é Stanford!”, anunciou Jonathan Levav, professor de marketing da Stanford Graduate School. A declaração veio na aula introdutória do Stanford Ignite, curso intensivo de capacitação empreendedora que a instituição oferece em São Paulo entre agosto e outubro de 2017.

E veio logo após vinte minutos intensos de exercícios, em que Levav apresentava diferentes estruturas de inovação e em seguida exigia um brainstorm de cinco minutos em grupos feitos às pressas.

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O intuito era mostrar que ideias de negócios – que naquela noite foram de redes de café em estilo self service a Ubers com destinos surpresa – não eram tão difíceis de criar se as ferramentas certas estivessem à mão. “Se eu tivesse colocado um papel em branco na frente de vocês não teria acontecido a mesma coisa.”

A aula também funcionou como um exemplo do cotidiano no Stanford Ignite, curso que tem como objetivo ensinar noções de negócios e inovação para capacitar empreendedores. “Não exigimos que você traga uma ideia. O objetivo aqui é entender o processo de inovação e sair com um conjunto de habilidades e estruturas que você possa utilizar quando quiser”, disse Levav.

O que oferece o Stanford Ignite

O Stanford Ignite surgiu como demanda interna da própria universidade, que queria capacitar seus médicos e engenheiros que não sabiam como tirar as ideias empreendedoras do papel. Os professores logo perceberam que poderiam expandir seu alcance e que muitos fora dos Estados Unidos enfrentavam problemas e dúvidas similares. “Há alguns erros que você não precisa cometer”, resumiu Levav.

Hoje presente em seis países – a primeira edição em São Paulo aconteceu em 2015 –, o curso atende, além dos empreendedores em si, interessados em inovação e muitos intraempreendedores, que inovam dentro das empresas em que trabalham.

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Ao todo, são sete fins de semana intensivos de aulas com professores da Stanford Graduate School, que cobrem diversos fundamentos de negócios e habilidades práticas, de contabilidade à falar em público.

Há também um programa de mentoria e um workshop de design thinking, processo de planejamento e inovação que surgiu na universidade e se espalhou pelo mundo. O curso culmina com a apresentação de um projeto desenvolvido em grupo para investidores brasileiros e americanos.

Retorno profissional

O investimento não é baixo, tanto em termos financeiros (são US$ 10 mil) quanto de dedicação (cerca de 250 horas no total). Para quem achou o preço salgado, a universidade também vai conceder algumas bolsas de 50% desse valor.  

Quem fez no passado aprova o resultado, mas avisa que é preciso refletir sobre seus objetivos com cuidado.

André Arcas, por exemplo, é CEO da Woole, startup que ele descreve como “um Waze para ciclistas”, e integrou a turma de 2016. Formado em Direito pela Universidade de São Paulo, ele sentia a necessidade de se qualificar como empreendedor.

De quebra, acabou tendo sua ideia escolhida para ser desenvolvida lá dentro, o que possibilitava que ele trabalhasse nela com a ajuda dos colegas. 

“Acredito que o Stanford Ignite tenha sido fundamental para me ajudar a construir uma visão mais crítica e analítica sobre negócios em geral”, conta. “Hoje tenho muito mais facilidade em olhar pra padaria do seu João e entender onde está a proposta de valor que ele oferece, quais são os desafios que ele tem e quais são os próximos passos para melhorar.”

Juliana Caputo, designer de serviços do Itaú, também estava em busca de uma base mais sólida de business. Pesquisando escolas de pós-graduação com foco em inovação e negócios, ela não conseguia encontrar nada com que se identificasse.

Alunos do Stanford Ignite
[Alunos do Stanford Ignite em São Paulo / Divulgação]

“Queria algo que não fosse ‘mais do mesmo’, que tivesse uma visão diferente, e no Ignite encontrei isso”, diz. “Aprendi principalmente como equilibrar a visão do cliente com a necessidade de ter o negócio e a ver os dois lados dessa equação.”

Antes de se comprometer com a carga, Juliana alinhou horários com seu gestor no banco e aproveitou todos os momentos livres para estudar. Os colegas de grupo fizeram o mesmo, conversando por Skype na hora do almoço ou marcando encontros à noite, depois do trabalho.

O curso não dá notas, e a intensidade do foco fica a cargo dos estudantes. “O retorno depende muito do esforço cada um para absorver a experiência dos professores”, continua ela.

Ciente em relação aos valores envolvidos, André aconselha colocar os prós e contras na balança. “Entre taxas e câmbio, o Ignite deve custar algo próximo de R$ 40 mil, o equivalente a cerca de um ano em uma das melhores universidades do país. Entre um e outro, eu escolho o Ignite sem pensar meia vez.”

Para ser elegível, é preciso ter um diploma de graduação em qualquer área e ter fluência em inglês. A inscrição pode ser feita online até 4/5.

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