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Com passagens por empresas como Apple, Facebook e Whirlpool, a atual presidente da Microsoft Brasil, Paula Bellizia, não gosta de dizer que sua carreira é um “exemplo” para os jovens. Ela prefere descrever sua trajetória como uma “história” capaz de inspirar e “dar ideias” para quem está entrando no mercado de trabalho.

O fio condutor da história de Paula foi a capacidade de seguir suas próprias intuições, ambições e desejos. Em palestra (que está disponível aqui!) na Ene Gestão Empresarial, conferência de carreiras realizada pelo Na Prática, em São Paulo, ela destacou a importância de tomar as rédeas da sua história para ter sucesso.

“Enquanto eu trabalhava na Whirlpool, uma pessoa me disse que eu nunca iria alcançar o meu objetivo, que era sair do mercado de bens duráveis e ingressar no de bens de consumo”, contou ela à plateia. “Fiquei muito brava e, naquele mesmo dia, construí um plano para fazer exatamente isso”.

A provocação foi o gatilho para que Paula lutasse e realizasse o “proibido”. Em 2002, ela foi contratada pela Microsoft, empresa em que passou os 10 anos seguintes e foi promovida. Bem avaliada, ela chegou a receber um prêmio do próprio fundador da empresa, Bill Gates.

“Nunca deixe alguém dizer que você não pode fazer algo. Quem manda na sua carreira é você”, afirmou à plateia, formada por cerca de 650 jovens, selecionados pela Fundação Estudar para uma maratona de palestras e sessões de pitch com empresas como Google, Ambev, Raízen e Votorantim.

O peso das escolhas É claro que se responsabilizar pela sua própria trajetória nem sempre é fácil: em alguns momentos é preciso tomar decisões muito difíceis, diz Paula. Após mais de uma década de sucesso e reconhecimento na Microsoft, a executiva decidiu pedir demissão. A razão foi a proposta de trabalhar como executiva da multinacional fora do Brasil, que ela recusou.

“Sou mãe, casada, e para mim trabalho não é tudo”, disse ela. “Doeu muito, mas eu preferi deixar a empresa e permanecer no Brasil com a minha família”. A decisão ainda é lembrada como a mais difícil da sua carreira.

Depois de sair da Microsoft, em 2013, ela foi trabalhar no Facebook, um ambiente informal que resultou num verdadeiro “choque de cultura” para quem estava acostumada a uma empresa de tecnologia grande e com rotinas estabelecidas.

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Menos de um ano depois, ela seria convidada para ser presidente da Apple no Brasil, cargo que ocupou até julho de 2015, quando foi contratada novamente pela Microsoft, desta vez para assumir o comando da empresa.

Paula é exceção. De acordo com uma recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apenas 8 em cada 100 profissionais de alto escalão nas empresas do Brasil são do sexo feminino. A mesma instituição prevê que a igualdade de gênero no mundo corporativo ainda levará 120 anos para acontecer.

A melhor forma de combater o machismo Tecnóloga na área de processamento de dados, Paula precisou lutar por seu espaço desde cedo numa carreira pouco receptiva às mulheres. Seu primeiro emprego como programadora, numa usina, era num ambiente com pouquíssima diversidade de gênero. “Devia haver umas 100 mulheres entre milhares de homens, foi um contexto muito desafiador”.

Para a executiva, a existência do machismo é inegável, e não faltam números para comprová-lo. “Há algo errado no fato de que as mulheres compõem metade da população mundial, mas não têm a mesma representatividade no comando das empresas”, afirma.

Paula Bellizia acredita que esse quadro é resultado da aplicação histórica das mesmas fórmulas e jeitos de contratar. A melhor resposta a isso, segundo ela, é trazer pontos de vista divergentes às discussões e investir na diversidade.

“Uma vez uma área técnica me disse que não contratava mulheres para o setor porque elas não existiam”, disse. “Eu respondi: mas é claro que existem! Só 11% dos formandos hoje em engenharia são mulheres, mas 11% não são zero, elas estão aí sim. Encontre-as”.

Em entrevista a EXAME.com, a executiva disse que a Microsoft deveria ter 50% de profissionais do gênero feminino em seus quadros, pelo fato de que o mundo é composto por cerca de 50% de mulheres.

Paixão como diferencial Além de diversidade, Paula acredita que o mundo do trabalho precisará de cada vez mais paixão para funcionar. “Aprendi que liderança é algo que se faz com a cabeça, mas também com o coração”, disse ela no evento.

Segundo ela, a formação técnica é extremamente importante para a carreira, mas é preciso combinar o domínio ferramental do trabalho com o prazer de viver a sua vocação.

“Há um momento da carreira em que todo mundo se nivela tecnicamente, e aí o que faz diferença é a felicidade e a energia que você põe nas coisas que faz, e isso aparece nos seus olhos, na convicção das suas falas”. explica. “Quando vi essas duas coisas se unirem na minha carreira, foi mágico”.

Segundo ela, os jovens se distinguem das outras gerações pelo seu olhar para a causa e o propósito do trabalho — uma tendência que deve ser explorada e aproveitada por eles. “Escolha uma empresa que tenha os mesmos valores que você, porque é muito difícil trabalhar com algo em que você não acredita”, aconselhou a executiva. “No começo, pode até parecer que vai funcionar, mas não vai”.

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Este artigo foi originalmente publicado em Exame.com

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