O setor público se transformou em um importante cliente do mercado de consultoria nas últimas décadas. O principal indicador disso talvez tenha sido a transferência da sede da gigante Booz Allen Hamilton para Washington D.C., capital norte-americana, em 1992, para ficar mais próxima de seu principal cliente: o governo federal. De sua receita anual de cerca de 5 bilhões de dólares, estima-se que 99% venha do setor público. Outras grandes consultorias como EY (Ernst & Young), McKinsey, Bain e Falconi também vêm ampliando seu portfólio no governo.
No Brasil, a Consultoria em Administração Municipal (Conam) dedica-se exclusivamente a atender organizações de diversas cidades, prestando seus serviços a prefeituras, câmaras de vereadores, autarquias, entre outros. Há 35 anos no mercado e com sede na capital paulista, atende quase uma centena de clientes espalhados por São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia, estado em que abriu recentemente uma filial.
A demanda pela ajuda desses consultores cresceu com duas leis recentes, que obrigaram a prefeitura a rever práticas: a Lei de Acesso à Informação, que regulamenta a disponibilização pública de dados para o cidadão, e a Lei de Responsabilidade Fiscal, que prevê maior controle nas contas públicas.
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História
Fabian Rodrigues Caetano, hoje diretor da Conam, viu de perto o desenvolvimento da empresa. Filho de um dos fundadores, cresceu bastante envolvido com o setor público. “Meu pai trabalhava na prefeitura, mas percebeu que, naquela época, ia ter dificuldades de crescer e adquirir novos conhecimentos. Foi aí que fundou a Conam e começou a trabalhar para, e não mais no setor público”, brinca.
“Quando eu era criança ele me levava às vezes às prefeituras. Foi aí que eu percebi que o servidor público é muito carente de capacitação, e essa possibilidade de ajudá-lo é o que mais me agrada no que eu faço”, conta Fabian, que formou-se em Tecnologia da Informação pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e desde então tem se focado no desenvolvimento de projetos envolvendo TI.
Ele aposta em um serviço completo, que dá conta das necessidades administrativas, jurídicas e tecnológicas dos clientes. “Não somos contratados por área, mas para dar consultoria como um todo”, esclarece. Isso explica em grande parte a composição variada da equipe: enquanto a maioria dos 170 funcionários são administradores ou advogados, também estão lá engenheiros, analistas de sistemas e programadores. Estes últimos dão conta do desenvolvimento de poderosos aplicativos de informática, um dos elementos chave na estratégia da consultoria.
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Tecnologia
A cena folclórica do funcionário de repartição pública sentado atrás de um balcão de madeira, usando máquina de escrever e um carimbo de protocolo é algo que a Conam empenha-se em desconstruir. Há 20 anos a empresa começou a investir na área de tecnologia, e hoje desenvolve soluções tecnológicas próprias para otimizar procedimentos específicos do setor público.
Imagine a seguinte situação: determinada cidade precisa aumentar sua arrecadação. Os consultores podem sugerir, por exemplo, que se institua a nota fiscal eletrônica como forma de melhorar a fiscalização e diminuir a sonegação de impostos. Diante disso, a equipe jurídica auxilia na elaboração da lei que obrigará os estabelecimentos a utilizarem esse sistema. A equipe de tecnologia, por sua vez, implanta na prefeitura o programa que mais se adequa a essa necessidade e capacita os funcionários.
Atualmente, a Conam trabalha com um sistema próprio de notas fiscais na nuvem, o que possibilita maior agilidade nas emissões, acesso remoto, além de cruzamento de informações e insights estratégicos. “É possível saber, por exemplo, qual é o serviço mais ativo na região, e a partir daí buscar atrair empresas desse ramo”, explica Fabian, reforçando que os dados entregues sempre buscam auxiliar o gestor público em suas decisões.
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Perfil
O que o Estado espera das consultorias, muitas vezes, é uma transferência de expertise organizacional do setor privado para o setor público. Para Fabian, no entanto, ter alguma experiência em administração pública é um diferencial. Dos consultores, ele espera um conhecimento mais profundo de contabilidade, planejamento e planos de conta no setor público. Já em relação aos advogados, é necessário ter domínio de direito tributário, licitações, recursos humanos ou direito público. Para a equipe de tecnologia, não há demanda específica de especialização, mas afinidade com a área governamental será sempre bem-vinda.
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