Em bate-papo promovido pela Fundação Estudar, membros da rede de alto potencial discutiram consequências da pandemia no mercado. Com atuações marcantes no mercado financeiro, os Líderes Estudar Claudio Andrade, Flávio Sznajder e Rento Mazzola detalharam possíveis mudanças de longo prazo que serão derivadas da crise e o impacto nos mais diferentes setores.
#1 “Em 2008 existia uma questão moral, parecia que o mercado financeiro tinha cometido um pecado. Agora não tem isso, ninguém tem culpa do vírus. Hoje temos quase um juros a 0, então quase não tem limite para o apoio fiscal.”
#2 “O Brasil se beneficiava demais das exportações, mas isso será mais difícil agora. As pessoas vão começar a pensar muito mais local, não só no seu país, mas olhando para mais perto, para sua comunidade mesmo.”
#3 “A corda vai apertar para o pequeno e médio empresários. Obviamente os bancos privilegiaram empresas maiores, muitas delas não precisavam de fato desse caixa, mas pegaram empréstimos para ‘ver o que vai acontecer’. Caso não precisem desse dinheiro para sobreviver, muitas usarão para crescer, incorporar outras empresas em um momento pós-Covid-19.”
#4 “O auxílio do governo e o seguro-desemprego vão fazer com que, nesses primeiros meses, tenhamos dinheiro circulando. O problema será pelo mês de agosto, [em relação] à retração financeira para as camadas mais baixas.”
#5 “No início, achávamos que essa seria uma crise como qualquer outra, ou seja, você aproveita que os preços estão baratos e compra. Mas o que aconteceu, de fato, é que houve uma degradação de valor muito grande no mercado internacional.”
#6 “O mundo está mais pobre, o nível de risco aumentou. Não só os estoques valem menos como os frutos vindos dos ativos serão menores. Essa crise não vai acabar agora, vamos ter que digerir ela por muitos anos a vir.”
#7 “[Haverá] aumento de lucratividade no médio prazo para as empresas que sobreviverem. O problema é que as pequenas empresas são as que criam emprego no país.”
#8 “[Desglobalização] Para o Brasi, o tema é quase irrelevante pois ainda não conseguimos resolver problemas mais básicos, mas EUA, Japão e Europa já estão investindo nisso.”
#9 “O modelo brasileiro não incentiva crédito para pequenos e microempreendedores, então o país vai sofrer um pouco com esse modelo, porque esses empreendedores são os que mais sofrerão e não têm incentivo para assumir esses riscos.”
#10 “Todo mundo tem muita teoria sobre isso [consequências da crise] mas na realidade ninguém sabe como vai funcionar porque não sabemos até onde isso vai durar, ninguém conhece, de fato, o vírus. O que importa é ir sempre reavaliando a luz do que sabemos no momento.”
#11 “Passaremos por um momento de redefinir a share economy [economia do compartilhamento], as pessoas estão com medo de utilizar serviços em massa. Acredito que isso vai ficar por muitos anos e mudar formas de consumo. Mais pessoas estão interessadas em fazer home office, mais pessoas estão comprando mais coisas para ficarem em casa, temos um crescimento desses mercados. Até a maneira que socializamos vai mudar. O quanto isso vai durar? Acredito que está ligado com o quanto ficaremos nessa situação.”
#12 “Setores que crescerão
#13 “No Brasil o sistema financeiro sempre foi muito desenvolvido, então não acho que foi uma coincidência o movimento de fintech crescer, porque esse sistema acabou transpirando para o todo.”
#14 “O setor de tecnologia veio para ficar, as startups que estavam levantando dinheiro tão facilmente vão passar dificuldades para levantar capital como no passado. [Nas novas startups] Os planos de negócios são mais robustos, a qualidade de pessoas e de gestão melhoraram muito. Vai continuar existindo capital para boas companhias e o interesse de apoiar boas startups, porém elas não terão a mesma facilidade de que no passado.”
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