Mulheres em tecnologia

O número de mulheres no mercado de trabalho formal cresce, mas lentamente. Em 2007, elas ocupavam 40,8% dos cargos e, em 2016, 44%. As taxas recentes mostram que, apesar de representarem 51,48% da população, as mulheres são menos do que a metade dos profissionais atuantes.

Esta também é a realidade em carreiras de tecnologia. É o que indica o relatório Retrato da Desigualdade, produzido pela Revelo, plataforma de recrutamento especializada na área. O estudo constata que “as mulheres permanecem sub-representadas em todos os níveis empresariais, apesar de apresentarem mais títulos universitários e de graduação”. Além disso, ainda recebem salários 17,4% inferiores e têm dificuldade de avançar na carreira com a mesma rapidez.

Partindo destas disparidades, a empresa analisou as fases dos processos seletivos – candidatura, entrevista, proposta salarial e contratação – para investigar suas causas. O relatório contemplou mais de 100 mil candidatos e 18 mil ofertas de emprego nas áreas em que atua posicionando profissionais. Entre elas, Desenvolvimento de Software, Marketing Online, Business Intelligence, Data Science, Design UX e UI.

Menor presença de mulheres em tecnologia

Dentro da questão de menos mulheres no ramo da tecnologia, a Revelo investigou quatro hipóteses:

  • “Existe discrepância de homens e mulheres no momento da escolha de carreiras?”
  • “Os recrutadores privilegiam candidatos homens no momento da abordagem? Esse viés depende do gênero do recrutador?”
  • “Mulheres e homens têm diferentes níveis de engajamento no processo seletivo? Mulheres abandonam mais processos ou são mais frequentemente reprovadas em provas técnicas?”
  • “Mulheres e homens têm diferentes comportamentos ao aceitar e recusar ofertas de empresas?”

Conclusões

Os resultados do “Retrato da Desigualdade” mostram que a menor representatividade nestas carreiras se dá, em partes, porque mulheres as escolhem menos. Mais especificamente, “com 73% menos frequência do que os homens”, segundo o estudo. Lucas Mendes, cofundador da Revelo – e membro da rede de Líderes Estudar -, atribui a isso, principalmente, “vieses sócio-culturais que tipificam carreiras ‘de menino’ e ‘de menina’”.

Outra causa é que recrutadores homens e mulheres são (igualmente) enviesados, ambos abordando candidatos homens com 16% mais frequência. “No entanto, uma vez que uma candidata recebe uma abordagem de uma empresa, ela tende a ser tão competitiva no mercado quanto seus pares homens”, esclarece a pesquisa.

Para reduzir a parcialidade durante as abordagens aos profissionais, as empresas podem tomar medidas voltadas às habilidades técnicas. ​É o que a própria plataforma de recrutamento autora do estudo procura fazer, atualmente. “Estamos trabalhando de modo a ajudar recrutadores a fazer a seleção inicial dos melhores talentos sem que sejam influenciados por vieses de gênero (ocultando nomes, fotos, etc.)”, explica o cofundador.

Leia mais: Ciberfeminismo, o movimento que quer mais mulheres nas carreiras de tecnologia

Quando se trata dos testes durante o processo seletivo, o primeiro passo é determinar se as questões também apresentam este viés. Para isso ”basta analisar se existem taxas de aprovação discrepantes entre os gêneros isolados. Analisando questão a questão e removendo as discrepâncias, é possível construir um banco de testes que seja igualitário e que ao mesmo tempo mantenha a seletividade dos candidatos em um nível extremamente alto​”, diz Lucas.

Durante as seleções, as candidatas têm taxas de aprovação similares às dos candidatos, mas apresentam taxas de engajamento em testes técnicos 33% menores, e de abandono 66% maiores. A última hipótese da primeiro problema foi refutada, já que não foi encontrada diferença significativa entre a aceitação de ofertas de emprego de homens e mulheres.

Lucas conta que hoje existem várias iniciativas para incentivar a representatividade das mulheres. “Como a PrograMaria, Laboratória, Rails Girls, e bootcamps e iniciativas educacionais que têm um balanço saudável de gênero, como a Mastertech”, esclarece.

Mulheres recebem menores salários

Da mesma forma, para investigar porque as mulheres em tecnologia recebem menores salários, quatro pontos foram estudados:

  • “As mulheres são menos seniores ou optam por tipos de carreira que são mais mal remuneradas?”
  • “Mulheres ancoram suas pretensões salariais mais baixo do que os homens?”
  • “Recrutadores oferecem salários diferentes para homens e mulheres com a mesma experiência e qualificação? Esse viés depende do gênero do recrutador?”
  • “Mulheres aceitam ofertas com salários mais baixo? Há diferença de comportamento para ofertas abaixo da pretensão salarial?”

Resultados

De acordo com o “Retrato da Desigualdade”, a diferença entre salários (17,4%) “é consistente em todas as carreiras, categorias e níveis de senioridade”. Recrutadores homens e mulheres oferecem, indiscriminadamente, salários mais baixos a mulheres. A solução para isso, diz Lucas, é que as empresas criem sistemas e padrões de remuneração para evitar que essas decisões sejam subjetivas e, de novo, propensas a serem enviesadas.

Um outro dado alarmante é que as mulheres aceitam 58% das ofertas inferiores à sua expectativa salarial, enquanto os homens 48%. Além disso, raramente recusam ofertas de emprego por motivos financeiros (9% entre as mulheres e 17% entre os homens). Uma das formas que a Revelo encontra de diminuir esta disparidade é “ajudar as candidatas a balizar suas pretensões”, conta Lucas.

 

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