fernando assad fundador do programa vivenda na favela

Dono de uma trajetória que passa longe dos negócios convencionais, Fernando Assad quer agora consolidar um modelo de reformas de baixo custo. Na verdade, ele próprio não consegue diferenciar precisamente a diferença entre um negócio convencional e um social. Não porque o empresário seja alheio ao mundo das empresas que visam um impacto social, mas justamente porque, em 32 anos de vida, nunca trabalhou em uma organização que não tivesse esse objetivo.

Fernando Assad não consegue diferenciar precisamente a diferença entre um negócio convencional e um social. Não porque o empresário seja alheio ao mundo das empresas que visam um impacto social, mas justamente porque, em 32 anos de vida, nunca trabalhou em uma organização que não tivesse esse objetivo.

Fosse participando no grêmio da escola, ou montando um projeto social na Universidade de São Paulo, onde estudou Administração, Fernando estava sempre focado em trabalhar com projetos socioambientais – “está no meu DNA”, assente com convicção. Logo depois de formado, dedicou-se à criação da Giral, uma empresa de consultoria – ou seja, que presta auxilio em questões estratégicas e de gestão – com foco em projetos socioambientais. Foram onze anos de empresa que, por fim, o levaram para uma nova empreitada. “Por conta de um projeto da Giral, tomei contato com a questão da moradia”, lembra o empresário, mencionando o já conhecido problema de infraestrutura e acesso à habitações de qualidade no país.

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Assad percebeu que, enquanto o enfoque das instituições governamentais estava principalmente na construção de novos lares, o problema era mais amplo e também demandava a melhoria das moradias já estabelecidas. “O problema é que na favela, mesmo após o processo de urbanização, o que as pessoas precisam de fato é reformar as casas. Elas já têm as casas, só que elas precisam de uma casa mais salubre, mas digna”, explica.

Da graduação para a atuação Com um sério problema identificado, decidiu de que maneira agir sobre ele. Interessado nos negócios sociais desde a época de sua graduação, o empresário viu uma ótima oportunidade de colocar o conceito em prática. “Quando a gente viu o tamanho do problema habitacional a gente falou: ‘Aqui vai cair bem essa lógica de negócio social porque o buraco é muito mais embaixo’. Eu sempre tive contato com a literatura do Yunus na graduação”, comenta, fazendo referência aos livros escritos pelo empreendedor indiano que cunhou o termo negócio social (veja Criando um negócios social e Um mundo sem pobreza: a empresa social e o futuro do capitalismo). 

Assim, Fernando enxergou uma oportunidade para empreender na área social exatamente na lacuna dos serviços oferecidos pelo governo – estratégia que está por trás de diversos outros negócios sociais bem-sucedidos.

Então começava a surgir a ideia que se consolidaria como o Programa Vivenda. Antes de qualquer coisa, o grupo fundador decidiu se reunir com moradores de uma favela para construir o projeto juntamente às pessoas que seriam atendidas. A solução seria construída conjuntamente ao longo de seis meses de conversa e pesquisa de mercado.

O grupo foi surpreendido, nesse período, pela relação próxima entre habitação e saúde. Durante o processo de pesquisa, uma das moradoras da favela morreu de pneumonia. Foi identificado que um dos fatores que contribuíram para o óbito foi justamente a falta de janela em seu lar.

A tragédia ajudou a direcionar o tipo de produto que seria disponibilizado pelo Vivenda. “A gente pesquisou na literatura médica e viu que tinha quatro principais patologias habitacionais que mais impactavam na  saúde do morador, que eram: falta de banheiro adequado, falta de ventilação adequada, excesso de umidade e falta de revestimento”, aponta. Dessa maneira, os produtos foram desenhados para cobrir precisamente essa demanda.

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Com o produto definido, o negócio foi iniciado. O Programa Vivenda passou por um processo de aceleração junto à Artemísia e, após conseguir investidores, começou a operar em abril de 2014.

Cansaço Geral Com seu “DNA socioambiental”, Fernando Assad vê nesse tipo de negócio uma nova geração, motivada. “Eu acho que está todo mundo já cansado do mais do mesmo. A gente já provou, e as novas gerações vêm mostrando isso, que determinado tipo de negócio não traz tanto retorno econômico e de impacto como a gente precisa”, analisa.

O impacto da finalidade do negócio também é sentido na equipe do Programa Vivenda. “Ele [o pedreiro] sente um enorme prazer, eles valorizam muito trabalhar com a gente. Trabalham para melhorar a qualidade de vida do vizinho”, aponta Assad.

“Todo mundo tem uma motivação muito grande. Quando você termina uma obra e você vê o que o morador fala, o impacto direto que a nossa reforma tem na vida do cara que mora na favela e tem um banheiro todo ferrado e depois tem um banheiro novinho, dá uma motivação alucinante pra todas as equipes”, prossegue o empresário.

Hoje, o programa opera facilitando e tornando mais acessível todo o processo que envolve uma reforma, desde a elaboração do projeto até facilitações de pagamento.

Próximo passo Com o objetivo de possibilitar a todos os brasileiros terem moradia digna e saudável para habitar, o Programa Vivenda agora se volta para a consolidação de seu modelo de negócios. Após fazer 104 reformas só no ano de sua inauguração, a empresa quer crescer, mas não sem antes ter certeza de como fará isso. “A gente tem um escritório piloto só, fica em São Paulo, no Jardim Ibirapuera, que é onde estamos consolidando o modelo de escritório comunitário. Quando dissermos que ‘OK o modelo é esse mesmo’ vamos querer replicar esse modelo de escritório comunitário”, conclui o fundador.

 

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