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Brasileiro executivo da Dolby dá dicas para quem sonha com uma carreira internacional

O brasileiro Carlos Watanabe saiu de Goiás para estudar em São Paulo logo durante o ensino médio. Tinha esperança, então, de cursar engenharia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). “Eu nunca tive dúvidas sobre o que eu queria fazer na faculdade”, conta ele, que hoje trabalha como diretor de mercados emergentes na Dolby. Decisões como essa, tomadas tão cedo, foram determinantes para a carreira internacional do executivo.

Ainda durante a graduação, na Unicamp, Carlos sabia que desejava “uma carreira diferente”. Não hesitou ao ver uma oportunidade de estágio no exterior, na Finlândia, com a Schlumberger, a maior empresa prestadora de serviços de petróleo do mundo. Mais do que oferecer uma oportunidade pontual no exterior, a empresa convidou Carlos para se juntar ao time depois de formado. Era o primeiro passo da “carreira diferente” idealizada pelo brasileiro.

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Fazia parte do sistema da Schlumberger permitir que, a cada dois anos, os funcionários mudassem de país e assumissem cargos em outras unidades da empresa. Recém-formado e disposto a encarar os desafios de trabalhar com petróleo, Carlos aceitou a oferta e passou por países como Peru e Argentina. “Foi um processo de amadurecimento muito rápido”, resume ele.

“Era uma grande responsabilidade desde o começo da carreira, colocando macacão, bota e capacete e indo desempenhar tarefas sozinho”

Além da experiência internacional, o atrativo da empresa era possibilitar uma engenharia “mão na massa”, ligada à extração de petróleo. Cabia a funcionários como Watanabe determinar, por exemplo, se um posto comprado pela empresa seria declarado comercial. “Era uma grande responsabilidade desde o começo da carreira, colocando macacão, bota e capacete e indo desempenhar tarefas sozinho”, relata o goiano.

Pela análise de Carlos à época, a oportunidade na Schlumberger valia a pena. Para os jovens que começam a dar os primeiros passos na carreira, assim como ele fez anos atrás, o conselho permanece: analisar cada oportunidade. Como o hoje executivo da Dolby explica, em um processo seletivo, a “balança pende para o entrevistador”, que tem maior poder de decisão. Uma vez feita a oferta de trabalho, a dinâmica inverte-se. “Aí o candidato tem mais condições de perguntar, de questionar, para saber se é aquela a melhor opção”, aponta.

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Naquele primeiro momento, a posição na Schlumberger soava vantajosa não só pelos conhecimentos técnicos colocados em prática como pela vivência no exterior. “Era a chance de conviver em um ambiente multicultural, onde havia profissionais do mundo inteiro, trabalhando na mesma empresa”, conta Carlos.

Com o passar do tempo, entretanto, o brasileiro percebeu que queria mudar de rumo e investir opções de carreira em gestão, e não mais em postos mais técnicos. Novamente, a “chave” para tal processo veio de fora do país.

MBA no exterior: porta para uma carreira internacional

Quando cogitou investir em uma carreira internacional em gestão – e não mais em postos de extração de petróleo e cargos técnicos -, Carlos Watanabe procurou a saída mais lógica possível. Afinal, precisava adquirir novos conhecimentos, aprender a fazer essa transição e ter contato com empresas. A opção encontrada foi fazer um MBA.

Decidido a estudar em uma escola de negócios que estivesse entre as melhores nos Estados Unidos, ele enviou candidaturas para dez universidades. Foi aceito em oito delas, incluindo a Universidade de Chicago e a UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles). Entretanto, a que chamou mais sua atenção foi a UMich, a Universidade de Michigan.

“Era uma universidade relativamente pequena, em uma cidade pequena, onde a interação com os colegas era grande”, descreve Carlos. A fama atribuída ao ambiente acadêmico da UMich também contou pontos, por seu perfil mais colaborativo.

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Para além das aulas, uma escola como a Universidade de Michigan oferecia muito apoio aos alunos de MBA. “Uma universidade de ponta oferece duas coisas: contato e oportunidade, por colocar o aluno em frente ao entrevistador”, conta Carlos, que aproveitou tal vantagem. Novamente, o caminho mais lógico apontava para uma empresa de consultoria. Nomes como a McKinsey costumam recrutar estudantes nas melhores instituições americanas – e ofereciam uma boa oportunidade para um engenheiro como Carlos. “Em uma consultoria, você tem a oportunidade de vivenciar e experimentar várias indústrias em que não tenha trabalhado antes”, resume.

Rumo ao cargo de executivo

Carlos é categórico em falar de experiências que mudaram de vez sua trajetória profissional. Como ele explica, são selos que não saem do currículo. “O da Fundação Estudar está estampado no meu currículo, o de um bom MBA em Michigan também e não vai sair”, diz o brasileiro. “Assim como o da McKinsey, apesar de ter eu saído de lá há 15 anos”.

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“São decisões que tomei no começo da carreira e que me influenciam positivamente até hoje, nas conversas para posições enquanto executivo”, detalha Carlos. O “selo da McKinsey” possibilitou ao brasileiro ganhar uma experiência mais variada enquanto profissional. Cuidava de projetos em varejo, construção pesada, grandes corporações e indústrias e, claro, em setor de petróleo, onde iniciara sua carreira. A vida de consultor era intensa, em ritmo acelerado para dar conta da curva de aprendizado. “Como consultor, você precisa entender o negócio do seu cliente rapidamente, em um intervalo de 12 a 15 semanas”, explica ele.

Entretanto, para chegar a um cargo de gestão, e ganhar mais vivência na área, Carlos percebeu que precisaria preencher uma lacuna. Não bastava atuar em gestão de projetos, mas também em gestão de pessoas. “É, ao mesmo tempo, uma arte e uma ciência”, compara ele. Foi só aí que deixou a McKinsey, para comandar um time de 50 pessoas na Telefônica.

Lições de um bom gestor

Sair de um cargo voltado à execução e chegar à gestão exige uma série de adaptações. Delegar funções, por exemplo, e garantir que a equipe liderada tenha condições para apresentar uma boa performance. “É preciso ter maturidade para compartilhar os desafios e dar autonomia para que as pessoas desempenhem seu papel”, aponta Carlos Watanabe.

“É preciso ter maturidade para compartilhar os desafios e dar autonomia para que as pessoas desempenhem seu papel”

Com isso em mente, o brasileiro conseguiu coordenar as operações na América Latina da Dolby Laboratories, uma companhia americana especializada em compressão e reprodução de áudio. O desempenho por aqui garantiu novos desafios dentro da empresa, permitindo que Carlos embarcasse para sua sede, nos Estados Unidos.

Por trás do sucesso na carreira internacional, estão ideias que o brasileiro já consolidou ao longo de sua trajetória internacional, como a necessidade de mudança. Afinal, mesmo como executivo, sempre há muito o que aperfeiçoar. “Quando você para de aprender, enfrenta uma paralisia na carreira”, opina ele. A saída é manter-se atualizado e sempre a postos para aprender mais enquanto profissional – ainda que tal passo seja um desafio. “Se está ficando muito fácil, você não está no lugar certo”, conclui executivo.

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