Álison, trainee do Vetor Brasil, fazendo stand up paddle no Rio Amazonas

São muitas as imagens e ideias que formam o imaginário brasileiro em relação à gestão pública: seu alcance vasto, seu sistema cheio de meandros, sua capacidade de ter grande impacto e, claro, seus inúmeros pontos de melhoria.

Como trainee do Vetor Brasil, uma organização brasileira que seleciona e desenvolve jovens lideranças para atuar por até dois anos no setor público – e que está com inscrições abertas até 19/09 –, Álison Klener, que hoje tem 23 anos, aprendeu como tudo funciona na prática.

Seu maior conselho para quem quer crescer e mudar o país? Sair de sua zona de conforto.

Abaixo, ele fala sobre suas experiências ao longo de um ano e destaca lições que aprendeu como trainee do governo estadual do Amazonas, em Manaus:

O que aprendi como trainee do Vetor Brasil

Inscrevi-me no processo seletivo do Vetor Brasil procurando trabalhar com impacto social. Na época, já sabia que não haveria melhor lugar para isso do que no governo, cujas medidas impactam em escala muitas pessoas.

Quando passei no processo, fui enviado ao Amazonas para trabalhar com inovação social no governo do Estado e alocado na Processamento de Dados do Amazonas (PRODAM), uma sociedade de economia mista que realiza processamento de dados.

Foi como descobri o impacto que tem a tecnologia na vida das pessoas, principalmente quando falamos do maior estado do Brasil em dimensões geográficas e com tantos desafios sociais pela frente.

Minha surpresa teve início na própria mudança para Manaus, capital no coração da Amazônia. Deparei-me de repente com uma cidade de quase 3 milhões de pessoas e de um povo muito acolhedor. A cidade tem uma zona franca pulsante, industrial, que contrasta com a maior floresta tropical do mundo, ali também localizada.

No Amazonas, porém, políticas públicas pouco chegam na ponta para os ribeirinhos que mais precisam.

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Lembro-me de quando nosso trabalho na PRODAM virou manchete de jornal. Era uma matéria sobre os 200 mil alunos que haviam saído da fila de espera de matrícula na rede de ensino pública – graças à PRODAM, que implementou um sistema de matrículas online no estado.

Considerando também os integrantes das famílias de alunos, o número de beneficiados chegou à casa dos milhões.

Mais do que contentar-me com um número de jornal, aprendi a olhar para os pais desses alunos, que receberam o direito de colocar seus filhos na escola pública, sem precisar virar noites na fila de forma indigna. Foi quando entendi a missão do Vetor Brasil.

Meu legado é que grande parte dos projetos em que trabalhei durante um ano de governo continua a impactar a vida de milhões de pessoas, e sempre foi por elas que fiz tudo que fiz.

Esses foram alguns dos meus maiores aprendizados:

1. Saia de sua zona de conforto

Se me permitirem, recomendo a todos os leitores desse texto viverem experiência fora de suas zonas de conforto nos locais que mais precisam. Foi ao fazer isso que cresci e entendi por que estar no governo era o meu lugar.

Além de tudo que aprendi, o fato de eu ter ido para a Amazônia chamou atenção de outras organizações na minha carreira pós-Vetor. Muitos empregadores viram em meu perfil um diferencial, já que são poucas as pessoas dispostas a viver essa experiência em lugares “extremos” de nosso país.

Para mim, o maior aprendizado foi viver no pulmão do mundo. Considero o Vetor Brasil o melhor intercâmbio da vida e a Amazônia sempre será o meu lugar favorito no Brasil.

Álison, trainee do Vetor Brasil, no Rio Amazonas
[Álison visitando o rio Amazonas pela primeira vez / Acervo pessoal]

2. Busque outras pessoas que também querem fazer mudança

A primeira coisa que fiz ao chegar no órgão público – além de um diagnóstico prévio do Estado e da secretaria – foi mapear quais eram os perfis que, assim como eu, queriam fazer a diferença no governo. Agradeço muito aos gestores e servidores com quem trabalhei, que depositaram tanta confiança em mim e realizaram uma gestão inovadora.

3. Conheça os órgãos de regulação

Comecei a trabalhar no governo do Amazonas no dia 18 de janeiro de 2016 e, já na primeira semana como trainee, liderei o processo seletivo de estagiários no governo, um programa que teve quase 3 000 jovens inscritos. Era o primeiro processo seletivo de estagiários estruturado do Estado.

Para liderar esse processo, aproximei-me dos órgãos de regulação. Esse foi mais um aprendizado, já que poucos gestores fazem isso na administração pública e acabam cometendo irregularidades por falta de conhecimento. Sempre entendi que o caminho era esse e fez toda diferença.

No final, o edital de estágio gerou redução de gastos para a administração pública, que pôde contar com um banco de dados de estagiários no cadastro de reserva para atender demandas futuras. O programa também levou ao primeiro processo seletivo estruturado para seleção de gestores em 46 anos de PRODAM. Esse processo procurava acabar com a cultura de apadrinhados no governo e trouxe seriedade ao processo de indicações para cargos da gestão pública.

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4. Questione e inove

Desde a entrevista de emprego com o meu gestor, questionei a ausência de um comitê de inovação em um órgão de tecnologia de informação. Assim, eu e uma equipe de servidores criamos o Comitê de Inovação da PRODAM. Esse comitê foi responsável por iniciativas como o Portal Idealize, no qual qualquer servidor público podia compartilhar suas ideias para o governo numa plataforma, com o objetivo de inovar o órgão e fomentar novas políticas públicas para o estado.

Durante o ano em que estive no Amazonas, vi a PRODAM inovar muito. Foram inúmeros cases no governo: bate-papo com diretores; horário flexível para funcionários; licença maternidade, paternidade e adoção estendida; encontro de gerações (X, Y, Z, BB); karaokê e Cine PRODAM com temáticas educativas; internet liberada para todos; sala de massagem, pilates e fisioterapia para ajudar a reduzir o absenteísmo dos colaboradores de idade e diversas confraternizações para celebrar nossas conquistas.

Também aprendi muito com Marcio Lira, presidente da Prodam e uma pessoa inovadora. Ele sempre deu muita liberdade para sua equipe criar – fizemos hackatons no governo e, em meu último dia de trabalho, entreguei o coworking da PRODAM.

Parando para analisar hoje, não consigo acreditar que fizemos tudo isso dentro de um órgão público.

5. Aprenda com seus colegas

Não podemos esquecer que organizações, sejam públicas ou privadas, são feitas por pessoas. Ao trabalhar no setor público, descobri muita gente boa e que só precisava de um empurrãozinho para voltar a fazer a diferença. Durante todo o ano em que estive no Amazonas fiz um programa de coaching que impactou servidores, estagiários e jovens aprendizes.

Na PRODAM conheci Paula Gabriele, diretora-financeira que colaborou muito para a economia local. Como o órgão tinha muitos servidores que precisavam melhorar a alimentação devido a problemas de saúde, ela teve a ideia de realizar uma feirinha com frutas, verduras e iguarias produzidas por famílias ribeirinhas de cooperativas do entorno. A feirinha tornou-se um sucesso e também atraia a comunidade da Praça 14, bairro em que a PRODAM se localiza, integrando assim governo e sociedade.

Ninguém faz mudança sozinho, ninguém é único e insubstituível e, se eu fiz alguma mudança no Estado, fiz com meus colegas de trabalho. De nada adianta impactar um Estado e não ter ninguém para continuar aquilo que você fez.

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6. Crie e apoie projetos colaborativos

Em meu escopo de trabalho como assessor estava acompanhar o planejamento estratégico do órgão – algo que iria impactar o Estado nos próximos quatro anos. A priori, o planejamento seria feito por uma empresa via licitação. A licitação demorou vários meses e acabou cancelada.

Então, eu e meu colega William Albuquerque nos tornamos responsáveis por conduzir e estruturar todo o planejamento estratégico, que foi feito de forma participativa. Conduzi a metodologia durante workshops para mais de 50 gestores, alguns deles com mais anos de experiência de trabalho no órgão do que eu tinha de vida.

Outro projeto bem-sucedido foi uma política pública para combater a presença crescente de AIDS no estado, principalmente entre os jovens. O Amazonas era o segundo estado com mais casos de HIV no Brasil, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.

Fizemos então uma parceria com a Unicef e no Dia Mundial de Luta Contra AIDS lançamos um aplicativo com orientações sobre a doença. O diferencial: todo o app foi construído de forma colaborativa com os jovens.

Álison, trainee do Vetor Brasil, com jovens em campanha contra a AIDS
[Álison (à direita, de terno) entre jovens, no lançamento do aplicativo / Acervo pessoal]

7. Seja feliz, torne as pessoas felizes

Por fim, lançamos o programa PRODAM Mais Feliz, que consistia em fazer as pessoas felizes, se sentirem conectadas com seu propósito e resgatando o espírito do servidor público capaz de ser a mudança que quer ver no governo.

Quer ser um trainee da gestão pública? O premiado programa de trainee do Vetor Brasil está com inscrições abertas até 19/09. Inscreva-se!

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