As inscrições para o Programa de Desenvolvimento de Lideranças do Ensina Brasil continuam abertas neste mês de agosto. Parte do movimento Teach For All, a organização tem o propósito de desenvolver jovens talentos para atuarem como líderes capazes de resolver problemas como a falta de uma educação pública de qualidade para todos.
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Desde o início do projeto, em 2017, o Ensina Brasil já preparou mais de 600 jovens de um universo de mais de 68 mil inscritos para serem lideranças de impacto social.
Para ajudar a exemplificar a transformação causada na vida de quem passa por esse desafio, o Na Prática conversou com Marcela Aguiar, ex-Ensina, que foi professora em Caruaru e hoje atua com políticas públicas para a educação.
Confira a seguir.
Vínculo entre escola e aluno no centro do desafio na pandemia
Nascida em Minas Gerais e formada em Direito pela PUC em 2018, a jovem Marcela Aguiar, de 26 anos, precisou dar um passo inimaginável, mas fundamental para sua carreira, quando foi aprovada pelo Programa de Desenvolvimento de Lideranças do Ensina Brasil.
Alocada em Caruaru, no Pernambuco, ela de repente se viu em um ambiente completamente diferente daquele que presenciava no escritório de advocacia que atuava antes de se formar.
Para além das condições de vulnerabilidade do entorno escolar, o que veio depois era ainda pior em termos de ameaça à educação. A pandemia de Covid-19, que prejudicou a sociedade em cheio, atrasou ainda mais o ensino da rede pública brasileira.
Professora de Língua Portuguesa, Marcela percebeu que, de uma hora para outra, a maior parte dos mais de 200 alunos tinha deixado de frequentar as atividades escolares – que agora eram online. No monitor do computador, nas chamadas via Google Meet, uns poucos 15 ou 20 estudantes apareciam, quase sempre com câmeras fechadas, para assistir às aulas.
“Eu percebi que, naquela situação, em que a evasão aumentou muito, e que as crianças não estavam mais indo na escola, o mais importante para nós professores era conseguir manter o vínculo com eles”, lembra ela.
Para se aproximar dos estudantes, Marcela conta que começou a discutir nas aulas sobre a realidade dos alunos e da sociedade, na medida em que as semelhanças geravam identificação entre todos. “E eles gostavam de discutir e traziam preocupações genuínas em relação aos problemas da cidade e da vida deles de modo geral”
Foi a partir dessas discussões que Marcela teve a ideia de alinhar o comportamento crítico dos jovens à disciplina de gêneros textuais do currículo básico. Ela propôs que eles criassem juntos uma revista em que poderiam discutir e escrever sobre os temas que julgassem mais relevantes.
Surpreendentemente, mesmo a distância, todos passaram a sugerir temas de reportagens e, com seu auxílio, entrevistaram fontes, escreveram e, ao fim, puderam ver sua revista pronta. Durante o processo, Marcela percebeu que mais alunos apareceram e se sentiram animados em participar das aulas. Além disso, a revista digital teve alcance nacional e foi divulgada em mídias de grande repercussão como Rede Globo, Fundação Lemann e Rede Vida.
Ensino médio integral como forma de fortalecer vínculos
A experiência de Marcela Aguiar como professora pelo Ensina Brasil a fez continuar na carreira em educação. Ela passou ainda por empresas privadas em diferentes funções, foi trainee de gestão pública e, finalmente, chegou ao trabalho atual na Secretaria Estadual de Educação da Paraíba.
Atualmente, ela trabalha com políticas públicas ligadas à implementação do ensino integral nas escolas paraibanas. Para ela, o modelo é essencial para a educação brasileira – ainda que haja muito a se fazer para melhorá-lo – e já apresenta benefícios onde é aplicado.
“O estudante passa um tempo maior na escola, se alimenta melhor, acessa uma gama maior de disciplinas e tem a oportunidade de construir um projeto de vida”, explica ela. “São coisas que muitos deles não têm no modelo de ensino tradicional”.
Os aprendizados de Marcela
Segundo Marcela, ter passado pelo Ensina Brasil foi um divisor de águas na sua vida. A experiência em sala de aula, ela diz, possibilitou que ela desenvolvesse habilidades de liderança, comunicação assertiva e escuta ativa.
Essas mesmas habilidades seguiram comigo em todas os vínculos profissionais que eu tive após o Programa”, explica. “Os dois anos como Educadora-Educanda na Escola Municipal Prof José Laurentino Santos, em Caruaru, me permitiram ter sensibilidade, empatia e propriedade do contexto complexo que é uma escola, um estudante, uma gestão e toda uma rede. Toda essa vivência e esses aprendizados foram essenciais para o meu vínculo atual.”
Além disso, Marcela diz que a experiência a ajudou a entender um valor que é comum a todos que passam pelo Programa: o de que todos são alunos.
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“Ser professora me ensinou, acima de tudo, que a sala de aula é muito mais um ambiente de troca do que de transferência de conhecimentos. As trocas com os estudantes, assim como em qualquer outro espaço de trabalho que eu ocupo e que eu venha a ocupar, precisam ser estabelecidas em um ambiente seguro para errar, para recalcular a rota e, principalmente, precisam ser construídas coletivamente.”