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PDG na prática: a rotina de um gerente de planejamento e controle de obras

executivo em uma obra

No início dos anos 2000, em um de seus primeiros estágios, Flavio Botelho pensou em desistir da profissão de engenheiro ao descobrir quão pouco seus chefes ganhavam. Ele ainda era estudante de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e o mercado imobiliário estava pouco aquecido.

“À época, muitos de meus colegas optaram por migrar para o mercado financeiro”, conta. Mesmo assim, Flavio seguiu em frente. Hoje, aos 31 anos, o carioca ocupa um importante cargo em uma das maiores empresas do setor imobiliário, a PDG.

Ele é gerente de planejamento e controle de obras da empresa, que é incorporadora – responsável por pesquisas, estudos de viabilidade, lançamento e comercialização dos imóveis – e também construtora – ou seja, executa as próprias obras, na maioria das vezes. Atualmente, das 148 construções em andamento da PDG, 75% são de fato tocadas pela empresa.

Assista ao bate-papo com o CFO da PDG, Marco Kheirallah

A escolha do curso

“Meu pai é engenheiro civil e sempre trabalhou com saneamento. Desde quando eu era pequeno, ele me arrastava para ver o trabalho dele, visitar grandes estações de tratamento de água e esgoto. Acabei me afeiçoando”, diz Flavio. Por esse motivo, optou pelo curso de Engenharia Civil, mesmo que a escolha fosse vista com descrédito pelos conhecidos. Após a formatura, fez uma pós-graduação em Engenharia Econômica na mesma instituição.

Mas esse período de formação não foi dedicado apenas às salas de aula. Ainda recém-admitido na universidade, começou a trabalhar com o tio, dono de uma pequena construtora. Saiu de lá para um estágio na Gafisa, grande empresa do setor imobiliário, onde ficou de 2002 a 2006. Metade do período passou na Assistência Técnica, uma área de suporte, vista com desdém por muitos engenheiros. Mas foi uma grande escola para Flavio.

“Lá você aprende tudo o que pode dar errado em uma obra. E quando você volta (para o canteiro da construção), tem uma visão mais madura”, afirma. Foi lá na Gafisa também que obteve um dos maiores aprendizados da vida profissional. “Queria fazer de tudo um pouco, até que um dia um chefe me disse que, como gestor, não precisava ser bom em tudo. Bastava conhecer alguém que fizesse aquilo bem e saber gerenciar essa pessoa. Isso deu um outro foco para a minha carreira”, conta.

Leia também: A rotina de um gerente de planejamento financeiro na ALL

A rotina de trabalho na PDG

O planejamento, peça fundamental no andamento das construções, começa no momento da elaboração dos primeiros orçamentos. Ele determina quando cada etapa vai acontecer e quais equipamentos vão ser necessários em cada uma delas. A partir disso, a equipe traça o cronograma geral da obra. Após o início dos trabalhos no terreno, a área de planejamento também dá suporte para a execução, detalhando as diretrizes do que deve ser feito de modo a cumprir os prazos estabelecidos.

Ao longo dos meses, é tarefa da equipe de Flavio verificar o que está sendo executado e se tudo está em dia. “A gente vê o percentual do que já foi feito e ajuda a definir uma reprogramação, caso seja necessário”, afirma. Por controlar o andamento da obra, sua área acaba sendo a interface entre a construtora e a incorporadora.

Flavio se orgulha de vários projetos dos quais participou. Entre eles, dois em especial, devido à superação de grandes dificuldades durante a execução das obras: o Arena Park, com oito torres e 998 unidades; e o Cores da Lapa, com seis torres e 689 unidades. Os dois empreendimentos são localizados no Rio de Janeiro. Atualmente, o xodó do carioca é o Projeto Somar, que começou a ser desenvolvido após a fusão da PDG com outras empresas, em 2013, e atualmente está em fase de implantação. Com ele, é possível unificar os relatórios de controle financeiro, criando um critério único de avaliação e medição de obras.

Leia também: Infraestrutura, do escritório ao canteiro de obras

O mercado imobiliário

O grande boom da profissão veio em 2008, 2009, com o aquecimento da economia. Até então, a construção civil não possuía o crédito elevado, e o mercado estava carente de engenheiros e de profissionais ligados ao setor. “Aí veio a lei de oferta e procura. Com uma demanda enorme, todos os serviços, como aplicação de gesso, dry wall etc., ficaram caros, e os preços dispararam. Por isso, muitas obras estouraram os custos. Hoje, as coisas estão mais estáveis”, observa.

Sobre o futuro, a perspectiva do engenheiro é de um mercado mais retraído, mesmo com o déficit habitacional encontrado no país e a facilidade de crédito na construção. Segundo ele, a maioria das incorporadoras está deixando as pequenas cidades e concentrando as atividades em grandes centros. “Estes fatores vão aumentar a concorrência no setor, exigindo que os engenheiros se diferenciem, ampliando suas visões de negócio e o campo de atuação”, diz.

 

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