Tábata Amaral, Ligia Stocche e Renan Ferreirinha

O movimento Mapa Educação surgiu em idos de 2013, quando Renan Ferreirinha, Tábata Amaral e Lígia Stocche, todos integrantes da Líderes Estudar, a rede de jovens de alto impacto da Fundação Estudar, estudavam juntos na Universidade de Harvard.

Impressionados com o número de possibilidades e portas que se abriam para eles numa instituição daquele porte, queriam retribuir de alguma maneira.

“Sempre fomos jovens inquietos e, nos EUA, tínhamos uma sensação de responsabilidade com o Brasil. O privilégio de estudar lá ficava cada vez mais evidente”, lembra Ligia, engenheira formada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e que fez um intercâmbio de um ano na universidade americana.

A paixão conjunta pela educação fez com que focassem seus esforços no setor desde o começo, procurando uma maneira de melhorar a qualidade de ensino no Brasil e engajar a sociedade e principalmente os jovens, que o Mapa vê como subrepresentados, no debate.

E se a ideia inicial era criar um canal no YouTube, o que acabou surgindo foi um movimento amplo, que une especialistas, professores, políticos, empreendedores e estudantes – tudo isso tocado por jovens que precisavam ler até mil páginas por semana em uma das instituições mais exigentes do mundo.

“Você sempre tem que começar já, se não cada ano traz uma desculpa nova”, resume Tábata.

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O começo do Mapa Educação

Um dos benefícios de fazer parte da Líderes Estudar é o acesso ao programa de mentoria. E o mentor de Tábata, o advogado Daniel Vargas, membro da mesma rede, foi fundamental para que a ideia saísse do papel.

Então aluno de mestrado em Harvard, o advogado, que hoje é professor da Escola de Direito da FGV-Rio e chegou a ser ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, estava preparando um encontro para discutir uma agenda para a educação brasileira.

Sabendo do interesse dos três, Daniel os convidou para preparar um material de apoio, incluindo estudos de casos de soluções inovadoras e histórias de sucesso. Após cumprirem a tarefa, saíram do encontro ainda mais motivados para colaborar maneira relevante.

Ouvindo Tábata, que então estudava Astrofísica e tinha decidido trocar o foco para Ciências Políticas, Daniel também deu um conselho. “Ele disse que mais importante que ter uma ideia genial é ter um time genial, que vai lhe ajudar a implementar aquela ideia e faze-la muito melhor.”

Animada, ela convidou os dois amigos. Sem ter certeza de como transformar sua vontade em ação – pensaram por um tempo num canal de YouTube –, decidiram que primeiro era preciso entender o território.

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“Pensamos que, antes de fazer o que achávamos que era necessário, era preciso entender o quadro para de fato enxergar onde ficaria nossa maior contribuição”, explica Ligia, que voltou ao Brasil pouco depois.

Dividiram conversas, pesquisas e leituras entre si e compilaram uma lista com 10 nomes interessantes. Com o tempo, a lista cresceu através de indicações dos próprios entrevistados e passou a incluir empresários, integrantes de fundações, sindicalistas, secretários de educação e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

No fim, foram mais de 100 entrevistas, que mapeavam diferentes visões sobre a educação brasileira. Surgia assim o Mapa do Buraco.

Impacto nas eleições

A princípio, o relatório serviria apenas para nortear as ações dos três. “Enviamos o documento para algumas pessoas, agradecendo suas contribuições, e a reação foi muito bacana. Elas diziam que isso não existia no Brasil e que deveríamos publicá-lo”, fala Ligia.

O manifesto foi publicado em 2014, listando os principais problemas da educação brasileira e soluções criadas país afora.

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Ainda naquele ano, tornou-se base para um desafio durante as eleições, quando os candidatos à presidência foram convidados a falar sobre os problemas da educação e desafiavam seus oponentes a fazer o mesmo.

“Também organizamos o único debate do segundo turno sobre educação, entre Maria Helena Guimarães, indicada de Aécio, e José Henrique Paim, à época Ministro da Educação do governo Dilma”, orgulha-se Ligia.

Com vontade de engajar mais jovens e fortalecer uma rede, os três organizaram, em 2015, a primeira Conferência Mapa Educação, que reuniu especialistas, representantes políticos e fundadores de uma centena de projetos com grande potencial de impacto em Brasilia.

“Vimos que eles saíram muito motivados e com novos parceiros para seus projetos”, diz ela. (Uma segunda edição da conferência acontecerá em agosto de 2017.)

Naquele momento, viram que, para levar o Mapa ao próximo nível, seria preciso estruturá-lo melhor. Organizaram diretorias, conselhos, coordenadores e embaixadores, fizeram um estatuto e colocaram a organização de pé.

No ano seguinte, Renan trancou sua graduação por um semestre para se dedicar ao movimento em tempo integral, colocando-o em pauta durante as eleições municipais brasileiras e lançando o Mapa nas Eleições, projeto em que provocaram possíveis prefeitos a se pronunciar sobre o tema em São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro.

“Houve pessoas que nos disseram que realmente definiram seus votos a partir das respostas que os candidatos deram sobre assuntos como escola sem partido e salário de professores”, diz Ligia.

Nessa época, lançaram o Manifesto Voz do Jovem, em que mais de 12 mil jovens brasileiros falaram sobre as necessidades e críticas sobre a educação que recebem, possibilitando insights atualizados e direto da fonte.

Atualmente, a equipe do Mapa também está preparando um observatório para acompanhar promessas de campanha e políticas públicas relacionadas à educação. A ideia é oferecer informações aos embaixadores, que estão em todos os estados brasileiros, para que possam acompanhar e fiscalizar seus municípios e estados de maneira mais eficiente.

“O jovem tem energia e queremos ajudar a formá-lo e dar ferramentas para que ele gere impacto”, resume Ligia. “Queremos estudar uma política pública de seu ponto de vista. É raro ter a visão dos estudantes.”

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Acredite: sempre há tempo

Tábata e Ligia estão de volta ao Brasil, mas isso não significa que o tempo esteja sobrando.

Enquanto uma trabalha com projetos educacionais na Ambev e outra na Fundação Lemann, ambas empregam a mesma disciplina dos tempos de Harvard para incluir o Mapa na agenda corrida, geralmente à noite e durante fins de semana.

E se nos EUA aproveitavam o tempo livre entre uma aula e outra para trabalhar na organização, hoje estão sempre de olho em novas ideias e contatos interessantes que passam por suas mesas.

“Houve épocas super difíceis, em que achávamos que íamos surtar. Mas é tudo uma questão de gerir seu tempo e ver quão motivado você está”, diz Ligia, lembrando-se da exigente jornada de estudos.

Participantes da primeira Conferência Mapa Educação
[Participantes da primeira conferência Mapa Educação, em 2015]

Tábata, que se formou com honras em Harvard, concorda. “Acredito que você nunca está sem tempo: ou não sabe se organizar, ou aquilo não é uma prioridade. Continuo sem muito tempo no Brasil, mas consigo participar de palestras, congressos e fazer pitch para financiadores.”

Para Ligia, a época universitária, com seu calendário flexível e incentivo às atividades extracurriculares, é um ótimo momento para testar e criar novos projetos.

“Não existe isso de ser muito jovem para fazer algo”, afirma. “Pense que é bom que você teve uma ideia tão jovem, porque dá tempo de construir, errar e aprender com o processo. Acredite, não tenha medo de arriscar e converse com os outros – não fazemos as coisas sozinhos e as pessoas estão sempre atrás de ideias boas.”

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