Infraestrutura: do escritório ao canteiro de obras

O brinquedo ou a brincadeira preferida de uma pessoa durante a infância podem dar pistas de qual carreira seguir no futuro. É comum ouvir, por exemplo, atores ou cantores famosos contando, em entrevistas, como costumavam organizar shows particulares para a família quando pequenos. Mas, se o seu jogo favorito eram os blocos coloridos de montar, talvez seja a hora de considerar uma carreira em infraestrutura, o conjunto de elementos e atividades da economia que servem de base para o desenvolvimento de outras atividades. Entram aí sistemas de distribuição de água e tratamento de esgoto, transporte e construção civil.

Segundo um relatório da agência de classificação de risco Moody’s, os investimentos em infraestrutura no Brasil cresceram desde a década de 1970, mas ainda existe uma lacuna de 140 bilhões de dólares, principalmente no segmento de transportes. Os avanços na área de infraestrutura do Brasil acontecem em ritmo lento. Mais lento que o albanês, por exemplo, conforme o Fórum Econômico Mundial. De acordo com a organização, a qualidade da infraestrutura brasileira subiu 0,7 ponto entre 2005 e 2013, metade do que melhoraram Albânia, Geórgia e Indonésia. Se, por um lado, o cenário é ruim, por outro, significa que há oportunidades para crescimento e melhorias neste mercado.

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Prédios e outras obras continuam sendo construídos em várias cidades, especialmente no interior de São Paulo e no nordeste. É lá que as grandes empresas do setor têm buscado profissionais. “É uma região que está recebendo muito investimento. É a bola da vez”, comenta Karine Monteiro, gerente de Gente e Gestão da construtora Alphaville. Um dos seus maiores desafios é encontrar engenheiros sêniores, que consigam tocar um projeto inteiro. “Meu maior volume para contratação ainda é em São Paulo, para o backoffice. A função da empresa é de engenharia, mas ela só acontece com o suporte de todas essas áreas”, explica ela.

Encontrar bons profissionais de marketing, vendas, finanças, tecnologia da informação e negócios é igualmente desafiador, porque eles são disputados com empresas de outro setor. Para driblar a falta de mão-de-obra, as empresas investem em programas de estágio e trainee. A Odebrecht, a Cyrela e a Andrade Gutierrez, da construção civil, recorrem a programas desse tipo e pagam salários de até 6.000 para os jovens selecionados.

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Na área de transportes, a cabotagem, ou o transporte interno de cargas pelo mar, teve uma taxa de expansão de 28% no ano passado, e o setor deve crescer 10% ao ano até 2020. De acordo com Julio Castro, consultor da empresa de recrutamento Michael Page, existe um gargalo na estrutura rodoviária nacional que só pode ser superado com o transporte marítimo. “Estão acontecendo muitas obras de dragagem nos portos, para aumentar a profundidade deles e conseguir receber navios maiores. Isso tudo demanda muita mão-de-obra, do Rio Grande do Sul até o Pará”, comenta.

As contratações no setor, que tem empresas como a Log-In, a Maesk e a Aliança vão desde vagas administrativas e de novos negócios até comandantes especializados por embarcação e chefes de máquina. Com o crescimento de empresas do setor de óleo e gás, que rouba pessoas da área de logística, o mercado tem hoje um gap de cerca de 1.000 funcionários, o que faz com que o profissional saia da escola da marinha mercante ganhando 10.000 reais.

A falta de mão-de-obra qualificada no Brasil tem feito algumas empresas apelarem para a justiça, para contratar estrangeiros. Enquanto isso, em terra firme, a ALL Logística, maior companhia ferroviária do país, investe também em programas de trainee e estágio. A última é a mesma tática usada também por empresas da área de saneamento básico, como Sabesp e CEDAE, com uma diferença: depois de formados, por se tratar de companhias públicas, os funcionários precisam ser concursados.

Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.

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