Foto de Ketut Subiyanto

Imagine a seguinte situação: você está em uma reunião de trabalho e seu chefe indica referências de leitura e até mesmo filmes para embasar o próximo encontro da equipe. Imediatamente após o compromisso profissional, você compra os livros sugeridos, procura pelos filmes nos serviço de streaming e já começa a consumir o conteúdo. Isso tudo nas horas (que deveriam ser) vagas. Se a situação parece familiar, talvez você esteja, sem perceber, praticando “hidden overwork”. 

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Na tradução para o português, a expressão significa algo como “sobrecarga oculta de trabalho”. Um exemplo ainda mais comum é responder a e-mails e acompanhar grupos profissionais no aplicativo de mensagens nos horários de folga. A prática se tornou ainda mais comum na pandemia, com a normalização do trabalho remoto – quando os limites de início e fim de expediente foram alargados. Neste post, detalharemos o “hidden overwork”, com dicas para evita-lo. Acompanhe:

HIDDEN OVERWORK É O MESMO QUE FAZER HORA EXTRA?

Um artigo recente da BBC sobre “hidden overwork” discute a relação entre a prática e o fato de trabalhar longas horas no escritório ou até no relógio de casa. Mas há diferenças. Quando o expediente se estende para além da carga horária combinada, dependendo da relação contratual, o funcionário está cumprindo horas extras e deve receber por elas. Porém, no “hidden overwork”, a jornada excedente não é perceptível. É como se o colaborador se sentisse compelido a se manter informado e atualizado sobre tudo relativo a seu trabalho, a todo instante. 

Nem sempre percebe, portanto, que está trabalhando quando deveria estar descansando ou fazendo outras tarefas não profissionais. “Parece haver uma lacuna entre o que os funcionários e os empregadores consideram ser o mínimo exigido no trabalho”, afirma, no artigo, Alexia Cambon, diretora de pesquisa da prática de RH da consultoria Gartner. Segundo ela, embora alguns funcionários possam ver seus requisitos oficiais de trabalho como o máximo que deveriam estar fazendo, muitos empregadores veem isso como o mínimo e só verão os trabalhadores como de alto desempenho se fizerem contribuições adicionais.

PANDEMIA E “HIDDEN OVERWORK”

Como já dissemos, a pandemia de Covid-19 contribuiu para intensificar a prática. Segundo especialistas, a indefinição dos limites entre vida pessoal e profissional no período pandêmico dificulta a percepção por parte dos trabalhadores sobre o quanto a carreira tem tomado espaço. Em uma reportagem da Folha de S.Paulo, a líder da equipe de psicólogos da orienteme, Renata Tavolaro explicou que é como se o trabalhador “morasse no escritório”. “No presencial, tinha momentos de conversa com os colegas e eram nessas situações que o profissional se desconectava do emprego. Em casa, o computador está sempre ligado.”

O “hidden overwork” tem uma ligação direta com a estafa profissional ou Síndrome de Burnout e, assim como no caso da doença, pode causar danos à saúde mental. 

AFINAL, COMO EVITAR A SOBRECARGA OCULTA DE TRABALHO? 

Perceber que está imerso na prática de “hidden overwork” não é tarefa fácil porque requer autoconhecimento e observação constante. Mas, sem dúvida, estar atento pode ser valioso. Com base no que dizem especialistas no assunto, veja algumas dicas do que fazer para contornar o problema:

# Perceba o que o leva a trabalhar além da conta

O primeiro passo é entender que não é um problema pensar sobre trabalho em outros momentos que não sejam, de fato, durante a jornada profissional. Muitas vezes, estar o tempo todo em contato com assuntos ligados ao emprego significa gostar muito do que faz – o que, a rigor, é algo positivo, desde que com equilíbrio. Mas todo excesso traz prejuízos lá na frente. Por isso, é imprescindível se perguntar: por que estou falando e pensando em trabalho nas horas vagas? O que me leva a agir assim?

# Equilibre suas expectativas

Se a resposta às perguntas anteriores tem a ver com expectativas, é hora de revê-las! Quando o que te leva a trabalhar mais é unicamente ter chances de ser promovido ou de ser bem avaliado pelos gestores, pode haver algo errado. A motivação por uma remuneração melhor é legítima. Porém, quando tudo gira em torno disso, há o risco de se frustrar se o aumento de salário não estiver no horizonte da organização a curto prazo, por exemplo.

# Peça ajuda a quem o conhece bem

Como nem sempre é fácil identificar o “hidden overwork”, recorrer a amigos ou a pessoas que convivem mais com você pode ser interessante. Peça para te avisarem sempre que você estiver falando demais sobre trabalho. A partir de então, uma dica é anotar quantas vezes você levou um “puxão de orelha” deles por este motivo!

# Passe a dizer “não” sempre que necessário

Saber dizer “não” quando as tarefas exigidas fogem do escopo é uma questão de impor seus limites. Saber declinar uma tarefa (quando há motivos para tal) mantendo uma boa comunicação para justificar a negativa é imprescindível. Tem até um termo específico para esta competência: assertividade laboral. As ferramentas digitais podem ajudar muito. Bloquear a agenda para compromissos fora do expediente é uma opção. O mesmo vale para projetos que estão além do que você pode abraçar. 

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