‘Fazer surgir um negócio novo onde ninguém te conhece é um desafio’

Mineiro de Manhumirim, César Augusto Silva sonhava com a Petrobrás. Formou-se em química na Universidade Federal de Viçosa em 2014, preparando-se ao longo dos anos para os concursos públicos. Acabou esbarrando na realidade difícil da estatal nos últimos anos e precisou mudar de ideia – e de estado – para encontrar uma alternativa. Hoje, toca o Solum Brasilis, laboratório de análise agroquímica de solo em Guarapuava, no Paraná – e que ele mesmo criou.

A ideia de trabalhar (e empreender!) na área surgiu em 2011, mas começou a germinar mesmo em fevereiro de 2014. Se Goiás era dominada por latifúndios – e, portanto, poucos clientes – e Minas Gerais tinha um mercado saturado, passou a considerar o Paraná como boa oportunidade, com seus produtores de pequeno, médio e grande porte. 

Quando César visitou um amigo agrônomo com quem tinha discutido a ideia em Guarapuava, sede de uma grande produção agrícola no Sul, viu o potencial da região. “Descobri que só havia um laboratório do tipo, e foi aí que empreender deixou de ser meu plano B para ser o plano A”, resume.

[acervopessoal]

Para atingir altos níveis de produção, o solo precisa ter as quantidades certas de nutrientes. É aí que entra a análise realizada pelos laboratórios: para diagnosticar seu estado nutricional, em termos de substâncias como cálcio, magnésio e enxofre. “Com a adoção da chamada agricultura de precisão, que visa aumentar a produção sem expansão da área cultivada, a demanda por esse tipo de serviço irá aumentar em todo o país”, aposta. Essa modalidade de agricultura, que combina técnicas sofisticadas de gerenciamento com tecnologias avançadas, é apontada como tendência no Brasil e exterior. 

Motivação Para entender melhor o que o esperava, César participou em dezembro daquele ano do Imersão Empreendedorismo, programa de decisão e preparação de carreira do Na Prática. “Foi um choque de realidade chegar ao centro financeiro do país e ver de perto empresas em franco desenvolvimento”, lembra ele, que ainda mantém contato com empreendedores que conheceu na época.

Entre aprender sobre como lidar com produtos, clientes e funcionários, impressionou-se em especial com a Acesso, empresa especializada em gestão de processos e que participou do Imersão. “Entretanto, a maior contribuição do programa foi me fazer encontrar a motivação necessária para sair do ‘vou fazer’ para ‘estou fazendo’.”

Especial Na Prática: tudo sobre a carreira empreendedora

Em julho de 2015, com as ferramentas em mãos e já decidido, reformou o espaço do escritório paranaense e foi atrás da papelada, que só foi concluída este ano – como ele faz questão de frisar, a lentidão da burocracia é um dos obstáculos que costumam esperar o empreendedor brasileiro.

Desafios Financiado inicialmente pela família, César está aprendendo na prática o que uma empresa exige, como conquistar os clientes. “Vir para um lugar com uma cultura diferente, onde ninguém te conhece e fazer surgir daí um negócio novo é um desafio”, conta. É o único funcionário, e bate de porta em porta oferecendo seus serviços.

Lidar com a natureza também significa lidar com obstáculos imprevisíveis, como o excesso de chuvas que atualmente atrapalha a colheita de soja, principal cultura paranaense. A marcha lenta, no entanto, deve terminar em breve.

Atualmente, a Solum Brasilis está em fase de testes com alguns clientes em potencial – o que significa receber amostras com valores conhecidos pelo cliente – e, se tudo der certo, terá seus primeiros contratos e um grande número de amostras para trabalhar. E logo que os movimentos de preparo do solo começarem pela cidade, César terá uma visão mais clara do que pode fazer por lá e entrar de vez no mercado.

“Meu sonho é ser a maior empresa do ramo”, diz, sem medo. Entre os muitos planos futuros, que incluem expandir o negócio para outros tipos de análises e setores laboratoriais, ele quer investir em pesquisas e inovação para avançar o desenvolvimento brasileiro. “Quero que de alguma maneira meu desenvolvimento possa causar um impacto além do setor em que atuo”, conclui.

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