“Decidi entrar no setor público por gostar, mas foi um pouco por acaso, a partir de convites que recebi do governador Mário Covas e do presidente Fernando Henrique Cardoso”, conta o empresário Andrea Matarazzo, atualmente vereador da cidade de São Paulo pelo PSDB.
A trajetória profissional de Andrea começou no setor empresarial, no qual sua família sempre atuou – ele é sobrinho-neto do conhecido homem de negócios italiano Francesco Matarazzo. Mas está há mais de duas décadas na política. Já foi Ministro de Comunicação (1999-2001) e embaixador brasileiro na Itália (2001-2002). No estado de São Paulo, foi Secretário de Energia (1998), de Coordenação das Subprefeituras (2006-2009) e de Cultura (2010-2012).
Se na iniciativa privada ele precisava prestar contas apenas aos acionistas, essa lógica mudou depois da entrada na política. “No setor público, você deve satisfações a todo mundo. As pessoas te param no restaurante para reivindicar alguma medida, e a imprensa cumpre seu papel de cobrar”, diz. “Ainda assim, a recompensa que o meio público traz é incompensável.”
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Andrea Matarazzo [Cecília Araújo]
“A cada assinatura, você está escrevendo a história do país”, diz Andrea Matarazzo
Para Andrea, a carreira vale a pena principalmente porque ele sente que pode transformar de forma mais direta a vida das pessoas. Seu período de maior realização profissional foi como sub-prefeito da Sé, em São Paulo, onde o efeito das políticas públicas sobre os moradores podia ser percebido com clareza, o que lhe dava grande prazer. Sobre a experiência em Brasília, no governo federal, comenta: “A cada assinatura sua você sente que está escrevendo a história do país”. Por outro lado, avisa que não há glamour em seu trabalho. “Também existe muito pepino para resolver.”
Hoje representante da oposição na Câmara – o atual prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, é do PT –, Andrea diz acreditar em uma “oposição sem adjetivo”. “Quando vai colocar um projeto em votação, o prefeito precisa considerar o que a oposição vai achar. Isso faz com que ele reflita mais sobre a proposta, o que não aconteceria se ele tivesse 100% das cadeiras na Câmara”, diz. Para ele, a oposição é fundamental em uma democracia, porém, não deve ser vista como obstrução. “Às vezes acontece de um projeto de lei meu ser vetado por alguém simplesmente porque sou de outro partido. Isso não deveria ocorrer.”
Para aqueles que querem seguir carreira política, Matarazzo recomenda livros que o ajudaram a entender mais sobre poder. Um deles é O Imperador, de Ryszard Kapuscinski, uma obra de jornalismo literário que conta os bastidores do palácio de Haile Selassie, imperador da Etiópia entre 1930 e 1974. Para quem prefere romances, o vereador sugere Catarina, a grande, uma biografia da monarca russa escrita pelo historiador americano Robert K. Massie. A quem tiver curiosidade em saber as consequências do poder sem limites, ele indica O Harém de Kadafi, sobre o terror implantado pelo ditador na Líbia.
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