coisas que não importam nos processos seletivos

“Procura-se pessoa jovem e dinâmica para fazer parte da nossa equipe. De preferência, solteira e sem filhos. Requisitos importantes: formado na melhor universidade, com experiência no exterior e boa aparência. Salário a combinar”.

Você já deve ter visto um anúncio de vaga como esse e se perguntado: afinal, que tipo de pessoa essa empresa quer?

Não é à toa que um anúncio assim cause irritação. O mundo mudou e, com ele, as exigências do mercado de trabalho. Assim, no recrutamento, algumas expressões ficaram ultrapassadas por limitarem a diversidade de candidatos e terem pouca relevância sobre a qualidade dos profissionais selecionados no final do processo.

Segundo Renato Trindade, gerente da Page Personnel, da mesma forma que houve uma mudança na forma como as pessoas enxergam o trabalho, as empresas começaram a olhar para seus empregados de uma nova maneira.

“As pessoas procuram por causas e objetivos em seus empregos. Elas querem fazer parte de algo. Enquanto as empresas precisam valorizar o profissional como indivíduo”, explica ele.

Hoje, o mercado pede por pessoas que possuam habilidades específicas e que se encaixem na dinâmica de trabalho e cultura da empresa. E o caminho para encontrá-las não passa por critérios que já foram considerados essenciais e hoje são apenas lugares comuns.

Leia também: Perfil e potencial são mais relevantes do que o currículo em um processo seletivo automatizado

Por trás de uma expressão clichê como “boa aparência” entram fatores arbitrários, como beleza, e até a perpetuação de preconceitos, mesmo sem a intenção. Termos genéricos abrem espaço para que as escolhas sejam influenciadas pelo viés inconsciente de quem contrata, que se baseia no que é familiar a ele e em experiências passadas.

“Temos que diferenciar boa aparência de boa apresentação. Não é quem é mais bonito, mas como o candidato se comporta e comunica durante a entrevista”, diz.

Enquanto o mercado muda, muitas empresas ainda pedem por candidatos apenas de certas universidades e de uma faixa etária específica. Para Trindade, cabe ao recrutador quebrar esses paradigmas e apresentar alternativas melhores. “É nossa responsabilidade o aculturamento do mercado para a modernidade. A pessoa não morou um ano fora, mas tem o inglês muito bom. Pode não ter feito o melhor curso, mas é esforçado e resiliente”, diz o gerente.

Ele destaca que é importante entender que estão recrutando um ser humano, vendo além de palavras-chave escritas no currículo. “A maioria das contratações é feita por questões técnicas, ao mesmo tempo que a maior parte das demissões é por questões comportamentais”, comenta. 

Confira os requisitos fora de moda no recrutamento:

Boa aparência

O termo é substituído pela boa apresentação. Segundo o gerente, isso significa que o candidato tem boa postura, desenvoltura, articulação e comunicação, que geralmente são comportamentos observados durante a entrevista.

“Até mesmo código de vestimenta das empresas está se atualizando. Vemos até bancos que não exigem mais o uso obrigatório de terno e gravata para todos os funcionários”, diz.

Faculdade de primeira linha

O requisito é rejeitado pelos recrutadores, que defendem que o candidato deve ter uma entrega de primeira linha. “Antes, o nome da instituição fazia a carreira da pessoa. Isso foi desmistificado, só o nome não garante a performance”, avisa.

Preferivelmente sem filhos

A maternidade deixa de ser vista como uma interrupção da carreira. O mercado está se adaptando para dar suporte às mães com benefícios e maior flexibilidade no horário.

“Já foi um dilema maior, mas as empresas buscam formas de garantir que a mulher aproveite a maternidade e continue a carreira. Muitas mulheres também perguntam durante o processo seletivo se a vaga possui esse suporte”.

Ter menos de 40 anos

Essa exigência envelheceu junto com a população. Com uma maior expectativa de vida, os profissionais mais experientes ainda frequentam o mercado de trabalho.

“Por um lado, o jovem não está 100% formado e pode ser moldado ao estilo da empresa. Por outro, hoje vemos muitas empresas pequenas, como startups, buscando profissionais com anos de experiência para trazer seu conhecimento”.

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Sem fracassos nem tropeços na carreira

Obstáculos na carreira que deixam marcas no currículo eram vistos como negativos. Ter sido demitido, tentar abrir um negócio que não deu certo ou um curto tempo em um emprego poderiam descartar um candidato no passado. Hoje, os recrutadores preferem investigar mais a fundo os motivos e experiências tiradas das dificuldades.

“No passado, as pessoas começavam a trabalhar e se aposentavam na mesma empresa. Ser demitido, então, era um estigma muito pesado. Sabemos agora que é preciso observar os dois lados quando alguém deixa um cargo. Se a pessoa não se adaptou ao lugar, que lições tirou do tempo na empresa e se mostrou seu valor”, defende o gerente.

Pretensão salarial

O valor era pedido pelas empresas para atender à expectativa de salário de acordo com a experiência do profissional. Hoje, não é tão comum. “Os profissionais não buscam só uma boa remuneração. Querem trabalhar em empresas que ofereçam valores, boas propostas e projetos desafiadores”, explica o gerente.

Tranquilidade na entrevista

Ficar nervoso na entrevista era visto como um mau sinal. Com o tempo, os recrutadores entenderam que é normal e tentam deixar o ambiente mais leve. O único problema é o nervosismo atrapalhar as respostas, que são o propósito da entrevista.

“É só se lembrar que não precisa ter medo do recrutador e que não existe ninguém melhor no mundo para falar sobre sua vida profissional. Só não pode mentir”, diz ele.

 

 

Esta matéria foi originalmente publicada em Exame.com.

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