Luís Gustavo Vitti está de malas prontas para Singapura. Após três anos como vice-presidente de Gente, Performance e Tecnologia da Informação (TI) da Kraft Heinz para a América Latina, ele se prepara para assumir o posto para África, Ásia e Oriente Médio.
Para um físico formado pela Unicamp que na juventude queria evitar o contato com os outros, é algo impressionante.
Gustavo mudou de ideia quando conheceu Bernardo Hees, então presidente da América Latina Logística (ALL) e hoje CEO da Kraft Heinz, que se tornou uma inspiração. “Foi quando comecei a pensar mais alto”, disse numa palestra recente em São Paulo.
Na cidade para o lançamento do Valuable Young Leaders, prêmio organizado pela consultoria Eureca e pela Harvard Business Review Brasil (e que está com inscrições abertas para intraempreendedores brasileiros), Vitti compartilhou sua trajetória e conselhos para jovens profissionais.
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Trajetória
Como trainee da ALL – ele gosta de destacar que foi ali que teve sua única entrevista de emprego até hoje –, assumiu cedo grandes responsabilidades. “Aos 22 anos, desfiz uma quadrilha e, aos 23, lidei com uma greve”, exemplificou.
Para sua surpresa, descobriu também que não só gostava, mas tinha grande habilidade para lidar com pessoas.
Após passar pela área de vendas da empresa, já decidido a não seguir carreira como físico, fez um curso de liderança executiva na Kellogg Graduate School of Management, da Northwestern University.
De volta ao Brasil e à ALL, onde ficou por oito anos no total, coordenou áreas diversas, como operações, logística e planejamento e controle da produção (PCP).
Quando recebeu uma proposta para trabalhar na Kraft Heinz, em 2014, bateu o pé para conseguir uma vaga onde queria: a área de gente. Tornou-se então vice-presidente de Gente & Performance e, pouco depois, agregou a área de TI às suas responsabilidades.
Com pouco mais de três anos no cargo, conseguiu reduzir o turnover da companhia em 80% e apostou em aprimorar e modernizar seu programa de estágio. “Antes de ser trainee, a pessoa é estagiária. Se o programa for bom, ela se apaixona e fica”, explicou.
Ao longo do tempo, também adquiriu insights sobre jovens profissionais e o que devem fazer para se destacar no mercado, que ele resumiu em três conselhos:
1. Tenha prioridades
Gustavo se diverte lembrando do conselho que seu pai lhe deu quando reclamou de cansaço nos tempos de trainee: “Enquanto você descansa, tem um chinês estudando”.
Se você quer ser o melhor, explica o executivo, tenha prioridades e faça escolhas conscientes. Se isso significa ir em uma festa ou estudar, por exemplo, lembre-se que a escolha é sua – e há outras pessoas fazendo escolhas parecidas naquele exato momento.
“Quando a gente é jovem, quer ser o melhor em tudo”, disse Gustavo. “Mas é uma questão de escolha. Saiba que você vai abrir mão de algumas coisas.”
2. Em busca de equilíbrio? Escute sua personalidade
Hoje pai de uma menina pequena, Gustavo, que tem uma jornada intensa de trabalho, passou por uma reflexão sobre equilíbrio entre vida pessoal e profissional. E só escolher trabalhar menos, concluiu, não resolveria o problema. Ter foco era uma solução melhor.
O famoso worklife balance é algo muito subjetivo, explicou, e, para ele, é muito melhor passar menos tempo em casa, porém garantindo que seja tempo de qualidade e que ele esteja totalmente presente, que metade do dia na sala de estar pensando em outra coisa.
Não há receita mágica, mas há um conselho simples: “Escute sua personalidade”.
Leia também: Para Bernardo Hees, o sucesso não está na estratégia e sim na execução
3. Invista em seu diferencial
“Ninguém ganha de mim em persistência porque garra é meu diferencial”, afirmou Gustavo. “Viro noites e me reinvento cada vez mais, mas não desisto na metade.”
Não quer dizer que é preciso fazer o mesmo para ter esse nível de sucesso profissional, mas que é preciso desenvolver seus pontos fortes para ser o melhor profissional possível.
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É justamente isso que lhe estressa quando lida com jovens talentos. “Hoje vejo muitos jovens com potencial que querem fazer tudo e não fazem as coisas corretas ou não chegam até o final”, disse. “Isso me frustra muito, mas se conecta com meu propósito de vida, que é ajudar as pessoas a alcançarem seu máximo potencial.”