Como o trabalho remoto impactou as redes de comunicação nas empresas?

A pandemia de Covid-19 parecia ser um vento passageiro quando começou a assolar a China, no início de 2020, e a se espalhar pelo planeta. Mais de dois anos depois, porém, a doença ainda custa a ser contida e impacta a vida cultural, pessoal e profissional de todos ao redor do planeta.

Para as empresas, não foi diferente. Ainda que tenha havido resistência em diversos segmentos econômicos, todos os trabalhadores que podiam foram para o trabalho remoto. 

Ainda há dúvida, depois de tanto tempo, se a mudança foi positiva, negativa ou se precisa de ajustes. O trabalho híbrido, por exemplo, é uma aposta das empresas para aproveitar o melhor dos dois mundos.

Recentemente, a revista científica Nature Human Behaviour, do Reino Unido, publicou um estudo em que os pesquisadores analisaram dados colhidos da comunicação de mais de 60 mil funcionários da Microsoft durante os primeiros seis meses de 2020, enquanto trabalhavam de forma remota.

Os resultados, publicados no início de 2022, mostraram que o modelo de trabalho remoto foi determinante para reduzir a capacidade dos funcionários de desenvolver e compartilhar novas habilidades através da rede de comunicação corporativa.

“Nossos resultados mostram que o trabalho remoto tornou a rede colaborativa entre os trabalhadores mais estática, isolada e com menos pontes entre áreas distintas dentro da organização”, explica o resumo do estudo. “Além disso, houve um declínio da comunicação síncrona e um aumento da comunicação assíncrona de modo geral”.

Análise mostra comunicação como vantagem competitiva

Segundo a pesquisa, as organizações com redes de comunicação bem estabelecidas possuem uma vantagem competitiva frente às que não têm. Isso ocorre porque a capacidade de transferência de conhecimento é ampliada, melhor distribuída e auxilia na tomada de decisões criativas do grupo.

Nós esperamos que os efeitos daquilo que observamos na colaboração dos trabalhadores bem como nos padrões de comunicação irão impactar a produtividade e, no longo prazo, a inovação”, analisam os pesquisadores. “Ainda que, em meio a muitos fatores, as empresas estejam tomando a decisão de adotar o trabalho remoto full time apenas devido às análises de curto prazo.”

Por fim, os cientistas explicam que não há um modelo correto de trabalho e que as empresas devem pensar de acordo com as diferentes necessidades de cada setor interno. Pode ser possível que alguns grupos trabalhem de forma remota, outros trabalhem um dia e os demais, outros.