Se você não está familiarizado com o Effectuation, é uma teoria que ajuda a tirar qualquer projeto do papel a partir da premissa de que qualquer um pode empreender apenas contando com o que já tem. Sua criadora é a indiana Saras Sarasvathy, professora da Universidade de Virginia Darden School of Business. Recentemente, o Na Prática conversou com Saras, que revelou uma aplicação do Effectuation para a carreira, especialmente para o início dela.
Tudo começou com a dissertação de PhD da professora. Com objetivo de entender melhor a expertise empreendedora, ela utilizou um método da ciência cognitiva para estudar 45 empreendedores bem-sucedidos. “O que eu descobri é que mesmo que estes empreendedores tenham companhias em várias indústrias diferentes, havia uma lógica no jeito que eles tomavam decisões – sejam decisões de marketing ou decisões de finanças. E todas estas decisões tinham uma coisa em comum: elas minimizavam o uso de previsões”, explica Saras.
Entre as suas descobertas, Saras constatou que os protagonistas do seu estudo eram ótimos de improviso, sabiam lidar com surpresas, tinham objetivos que permitiam flexibilidade e estavam sempre usando seus recursos de maneira criativa. Em síntese, sabiam controlar um futuro imprevisível (e não perdiam tempo em tentar prevê-lo).
É nisso, basicamente, que consiste o Effectuation. A técnica possui cinco princípios, baseados na mentalidade dos empreendedores de sucesso:
“Comece com o que está na sua mão: quem é você, o que você sabe, quem você conhece? O que aprendeu, que recursos tem, qual é sua rede de contatos?”
“Não perca mais do que pode perder e pergunte-se: o que eu posso fazer?”
“Trabalhe com todo mundo que quiser vir.”
“É como diz o ditado: quando a vida te dá limões, faça limonada. Você terá muitas surpresas, então trabalhe com elas.”
“Foque em atividades sob seu controle e cocrie o futuro.”
“O princípio é sobre tomar decisões diante da incerteza e com isso co-criar um novo futuro”, resume a professora. “E o novo futuro pode ou não ser no empreendedorismo.” O conceito é aplicável em diversos contextos; na realidade, quase não há limites.
Você pode, por exemplo, aplicar as premissas do Effectuation para a carreira. Especialmente para o começo dela, ele pode ser muito efetivo. Inclusive é algo que Saras ensina a seus alunos. Confira suas dicas.
Pratique uma procura de emprego “effectual”. “Pense em quem você conhece. Não espere que a vaga seja publicada”, aconselha a especialista.
“Às vezes você pode até ir conversar com alguém sobre um trabalho que nem sequer existe. É um novo tipo de emprego que você acha que pode fazer e que você acha que a empresa deveria ter, e você pode ir falar sobre isso.”
Saras deixou claro que esses são apenas alguns exemplos, há várias alternativas durante essa fase. Inspire-se nos princípios do Effectuation e construa o início da sua trajetória – não espere as coisas acontecerem.
“Se você está começando em um trabalho dentro de uma organização, você pode também pensar nessa ideia de ‘Qual é o pássaro que tenho na mão?’ ‘Quais são minhas perdas acessíveis?’ Então você consegue conversar com pessoas e perguntar para elas: ‘O que precisaria para…?’.
A iniciativa é um ponto crucial do desenvolvimento profissional. E, não deve ser paralisada quando você consegue um emprego. Pelo contrário, sempre é um momento de “empreender” (ou, realizar). Isso não só contribui para o seu crescimento: também te ajuda a ser notado pela capacidade de execução.
Empreender não é algo que se faz apenas dentro de uma companhia. “Você pode se dedicar a isso nos finais de semana. Você pode ajudar se você tiver interesse em alguma caridade, ou na sua igreja”, destaca Saras.
No início de carreira, qualquer experiência é válida. Inclusive, literalmente: elas fortalecem seu currículo para os processos seletivos.
“Não acredite no que você lê no jornal ou em revistas sobre como as pessoas tiveram suas ideias.”
Embora o senso comum acredite que as grandes ideias simplesmente surgem, a verdade é que há trabalho e muitas ideias ruins até chegar na vencedora. Segundo Saras, “a diferença mais importante entre essas companhias e as pessoas que estão esperando pela ideia perfeita é que essas pessoas na verdade foram lá e tentaram construir algo”.
Claro que há um processo de refinamento, mas o empreendedorismo não é algo que simplesmente acontece. Então, não é preciso esperar por ele. “Algumas vezes, a ideia só vem depois”, acrescenta a criadora do Effectuation.
“É porque você está tentando fazer algo, e há algo mágico sobre ação e interação quando você tenta, de verdade, construir algo, ao invés de só esperar pela ideia.”
Uma das tarefas que Saras passa a seus alunos é a de pesquisar e conhecer a história das grandes empresas. Ou das grandes ideias. Algumas delas – como a do Dropbox – você pode conferir nesta matéria do Na Prática
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