Número de jovens brasileiros que não trabalham nem estudam chegou a mais de 10 milhões; especialistas discutem complexidade do problema e possíveis soluções (Imagem: Ivan Rocco)

Nos últimos anos, tem se destacado uma realidade que desperta preocupações e debates no cenário social brasileiro: a da chamada Geração Nem-Nem, representada engloba jovens de 15 a 29 anos que não trabalham nem estudam.

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Segundo dados do IBGE publicados no fim de 2023, uma a cada cinco pessoas dessa faixa etária podem ser consideradas nem-nem. O número, que representa 22,3% do grupo, totaliza 10,9 milhões de brasileiros.

O que é a Geração Nem-Nem?

A Geração Nem-Nem é composta por jovens de 15 a 29 anos que estão afastados tanto do ambiente educacional quanto do mercado de trabalho.

Essa condição pode ser resultado de uma combinação de fatores, incluindo: a falta de oportunidades, desigualdades sociais, problemas familiares, e até mesmo questões psicológicas.

Principais desafios enfrentados por essa geração

Desigualdades Sociais e Econômicas

Muitos jovens da Geração Nem-Nem enfrentam barreiras econômicas e sociais que dificultam seu acesso à educação e ao mercado de trabalho. A falta de recursos financeiros e a escassez de oportunidades podem perpetuar esse ciclo.

Existe uma corrente, inclusive, que prefere usar o termo “Sem-sem” para se referir a esses jovens, considerando que eles estão, na verdade, “sem acesso” a ensino e trabalho de qualidade.

Problemas Educacionais

Alguns jovens podem ter abandonado os estudos devido a problemas no sistema educacional, como a falta de qualidade no ensino, falta de suporte pedagógico, ou até mesmo desinteresse e traumas relacionados ao método de ensino.

Na visão de Michele Sarubbi, especialista em Educação, problemas estruturais de falta de renda familiar e referências fazem com que os jovens deixem os estudos em segundo plano na fase final do ensino regular.

“O que eu via como professora de ensino médio Muitos alunos estão na escola para cumprir uma obrigação, e muitos estão  com a cabeça no trabalho para retorno imediato”, explica.

Essa lógica do imediatismo, segundo a especialista, faz com que os jovens não se desenvolvam educacionalmente na fase correta porque o investimento da educação é apenas a médio e longo prazo. Ou seja: se o retorno financeiro vier só em alguns anos, algumas pessoas não podem esperar.

Desemprego e Precarização do Trabalho

A dificuldade em encontrar emprego, muitas vezes devido à falta de experiência ou à exigência de qualificações específicas, pode levar os jovens a desistirem de procurar trabalho.

Saúde Mental

Aspectos relacionados à saúde mental também desempenham um papel significativo. Problemas como ansiedade, depressão e falta de autoestima podem levar os jovens a se afastarem tanto da escola quanto do trabalho.

Uma pesquisa da Chegg.org, realizada com países de todo o mundo, mostrou que o Brasil é o país em que os universitários mais relatam ansiedade.  Aqui, segundo o estudo, 65% dos estudantes dizem que sentem ansiedade todos os dias.

Impactos no País

A presença significativa da Geração Nem-Nem na sociedade brasileira tem implicações profundas para o país:

Desperdício de Potencial

A não participação desses jovens na educação e no trabalho representa um desperdício de potencial humano, impedindo o país de aproveitar as contribuições valiosas que esses indivíduos poderiam oferecer.

As projeções, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), é de que o país deixou de injetar 46 bilhões de reais no Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, devido aos nem-nem.

Aumento da desigualdade social

A Geração Nem-Nem é frequentemente composta por jovens de comunidades mais vulneráveis, o que contribui para o aumento da desigualdade social. Isso pode alimentar um ciclo intergeracional de pobreza.

Impacto econômico a longo prazo

O não engajamento desses jovens no mercado de trabalho pode resultar em impactos econômicos negativos a longo prazo, pois uma população economicamente inativa não contribui para o crescimento econômico.

Possíveis soluções

Investimento em educação

Melhorar a qualidade da educação e torná-la mais acessível é crucial. Isso inclui reformas no sistema educacional, investimentos em infraestrutura e programas de apoio para alunos em situações vulneráveis.

Iniciativas de capacitação profissional

Incentivar e facilitar o acesso a programas de capacitação profissional pode preparar os jovens para o mercado de trabalho, tornando-os mais competitivos. A Fundação Estudar, instituição da qual o Na Prática faz parte, possui uma série de cursos gratuitos que podem melhorar o acesso ao mercado de trabalho.

Acesse aqui os cursos gratuitos da Fundação Estudar

Apoio psicossocial

Implementar serviços de apoio psicossocial nas escolas e comunidades pode ajudar a lidar com questões de saúde mental, reduzindo os obstáculos emocionais que impedem a participação na educação e no trabalho.

Políticas de emprego juvenil

Desenvolver políticas específicas para incentivar a contratação de jovens, como incentivos fiscais para empresas que empregam essa faixa etária, pode ser uma estratégia eficaz.

Conclusão

A Geração Nem-Nem representa um desafio significativo para o Brasil, exigindo uma abordagem multifacetada que envolva setores governamentais, educacionais e empresariais. Ao enfrentar os problemas subjacentes que levam à exclusão desses jovens, o país pode criar um ambiente mais inclusivo, garantindo que todos tenham a oportunidade de contribuir para um futuro mais próspero e equitativo.

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