Fundadora da Carbonext, Janaina Dallan diz que sociedade precisa pressionar a regulação do mercado de créditos de carbono para impor regras a empresas e gerar empregos

A nível mundial, a discussão sobre sustentabilidade ganhou novos contornos nos últimos anos. Isso porque o assunto, que até então era tema restrito a ambientalistas e pesquisadores, entrou de vez na pauta de investidores e nas bolsas de valores.

Estima-se, por exemplo, segundo pesquisa da PwC, que pelo menos 77% dos investidores devem parar de investir, no curto prazo, em negócios que não cumpram uma agenda de ações ligadas às governanças ambiental, social e corporativa (ESG).

No centro dessa mudança de posicionamento sobre o assunto, os créditos de carbono são, sem dúvidas, o motor e a métrica que nortearão as ações da agenda ESG global. E o Brasil, segundo especialistas, terá papel fundamental nesse novo cenário.

Nas palavras de Janaína Dallan, fundadora da Carbonext e especialista em Amazônia, o Brasil sempre teve posição de protagonismo em conferências para o clima, e agora não será diferente.

“Os créditos de carbono perderam valor durante a crise de 2009 e projetos nessa área perderam espaço”, explicou ela em evento de aniversário da Fundação Estudar nessa segunda-feira (1). “Agora, o setor está retomando seu lugar devido a regulações, que impõem metas às empresas, tendem a multiplicar esse potencial.”

Entenda, afinal, o que são créditos de carbono

De modo bem simplificado, créditos de carbono são certificados entregues a empresas que conseguem reduzir a emissão de Co2 na atmosfera.

Essas certificações são emitidas pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), criado a partir do Protocolo de Kyoto, em 1997.

Essa ferramenta permite que empresas criem negócios dedicados exclusivamente a gerar crédito de carbono com o objetivo de vendê-los a empresas que desejem compensar os efeitos de suas atividades para o meio ambiente. 

Assim, é possível criar ações de reflorestamento, por exemplo, como a empresa brasileira re.green, ao mesmo tempo em que é possível monetizar a atividade a partir da venda de créditos de carbono a outras organizações. 

Projeto de lei pode multiplicar negócios e empregos no setor de créditos de carbono

No Brasil, a venda de créditos de carbono acontece ainda apenas no mercado voluntário. Ou seja: as empresas decidem por conta própria por comprar os certificados para se tornarem mais responsáveis socialmente aos olhos da agenda ESG.

No futuro próximo, porém, a expectativa é que o governo aprove um projeto de lei que regulamenta esse mercado, garantindo maior previsibilidade para os negócios que geram créditos e mais responsabilidades para as empresas de modo geral.

“Nosso setor tem pressionado o poder público para aprovar a regulamentação desse mercado, e temos pedido o apoio da sociedade nessa missão”, descreveu Janaína. “Se o projeto de lei for aprovado ainda em 2022, haverá metas para as empresas e a demanda por créditos deve se multiplicar”.

Hoje, no Brasil, o mercado de créditos de carbono gera cerca de 25 milhões de dólares por ano, segundo dados da McKinsey – contando todas as formas de atividade que geram créditos.

O potencial, no entanto, é muito maior. Só através de reflorestamento, por exemplo, é possível que o Brasil gere créditos de carbono na casa de 26 bilhões de dólares.

“A regulação desse setor com certeza vai gerar empregos em todas as etapas do processo que gera créditos de carbono”, analisou Janaina.

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