Como os analistas de investimento avaliam uma ação?

É inegável que ao pensar em mercado financeiro a imagem que vem a cabeça de muitas pessoas é a do antigo pregão onde os operadores ficavam gritando o mais alto possível e gesticulando para cumprirem o máximo de ordens possíveis nos melhores preços.

A bolsa de valores, no caso, é a materialização desse pensamento. Numa bolsa de valores mobiliários, de fato, são operados vários produtos diferentes, e dentre eles os mais conhecidos são as ações. Só que, hoje em dia essa imagem não passa de memória, já que as operações são majoritariamente eletrônicas.

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Mercado de ações

Uma ação é a menor parte do capital de uma empresa. Dessa forma, comprar ações é a maneira que os investidores – sejam uma pessoa física ou jurídica – têm de se tornarem sócios de uma companhia que eles acreditam vão lhe render bons dividendos ou uma grande apreciação de capital. No jargão do mercado financeiro, dividendo é distribuição aos acionistas dos lucros das empresas e apreciação de capital é a valorização do preço das ações.

O investimento em ações, seja como profissão ou apenas para administração do próprio patrimônio, quando realizado com diligência e competência no longo prazo, é uma tarefa muito enriquecedora não só no aspecto financeiro mas também do ponto de vista intelectual.

Comprar uma ação deve ser precedido de uma razão muito clara, uma série de motivos bem definidos para suportar a tese de compra de uma empresa específica atuando em um setor específico. Por que comprar uma ação de empresa do setor de educação e não do setor bancário?

Para responder a essa pergunta e todas as outras que podem ser feitas no mercado acionário sobre os setores da indústria e ações específicas, existem duas grandes vertentes de pensamento: a Análise Técnica e a Análise Fundamentalista.

Leia também: Veja quais são as possibilidades de carreira para um analista financeiro

Análise Técnica

Muitas vezes confundida com análise gráfica, busca no passado a resposta para qual o melhor investimento que deve ser feito. Análise de volume de operações, preços onde esses volumes foram maiores, gráficos e uma série de indicadores criados com esses elementos são a base para tomada de decisões de quem segue essa linha de raciocínio. Na prática, os analistas técnicos estão em busca de padrões que se repitam no futuro.

Análise Fundamentalista

Busca onde fazer uma aquisição através da análise dos dados de uma empresa, como o balanço patrimonial e as estimativas que a empresa tem para seu próprio futuro. O analista fundamentalista deve saber ler com precisão o balanço de uma empresa e entender de finanças corporativas, mas isso ainda não é o suficiente. Uma decisão de investimento é baseada principalmente na expectativa sobre o rumo da economia e do setor dessa empresa. Só após esse checklist ter sido realizado o analista escolhe as melhores ações.

Mesmo que o profissional não atue como analista de investimento ou não emita opinião sobre uma empresa em um relatório para o público, os conceitos que suportam essas análises fundamentalistas são utilizados em grande parte das profissões no mercado financeiro e também auxiliam os profissionais a tomarem melhores decisões de investimento com seu próprio patrimônio.

Certificações

Uma maneira bem simples de aprender sobre análise técnica ou fundamentalista é realizar a prova para obter a certificação CNPI. Essa é uma certificação da APIMEC (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais).

O candidato deve escolher qual certificação deseja obter dentre as três disponíveis, Analista Fundamentalista CNPI, Analista Técnico CNPI-T ou Analista Pleno CNPI-P. Essa certificação é realizada por profissionais que fazem análise de investimentos e emitem relatórios de recomendações de compra e venda de empresas.

Para ser considerado um analista fundamentalista o candidato deve ser aprovado no exame do Conteúdo Brasileiro – CB onde são cobrados os conhecimentos acerca de Sistema Financeiro Nacional, Mercado de Capitais, Mercado de Renda Fixa, Mercado de Derivativos, Conceitos Econômicos, Ética e Relacionamento e Governança Corporativa.

Em uma prova de 60 questões com duas horas de duração, o candidato é considerado aprovado se obtiver uma nota superior a 70% de aproveitamento.

Leia também: Entenda as certificações para a área de finanças

O outro exame obrigatório para o analista fundamentalista é o Conteúdo Global 1 – CG1, onde são cobrados os conceitos de Análise de Ações e Finanças Corporativas, Contabilidade Financeira e Análise de Relatórios Financeiros. Novamente é uma prova de duas horas de duração com aproveitamento mínimo de 70% para ser considerado aprovado.

O analista técnico precisa ser aprovado no exame CB além do Conteúdo Técnico 1 – CT1 onde são cobrados também com 60 questões e duas horas de duração os Princípios de Análise Técnica, Dow, Elliott, Fibonacci e Candle Stick, Retas, Tendências e Médias móveis, Stop, Suporte e Resistência, Volume e Contratos em Aberto. Para ser considerado Analista Pleno o candidato deve ter sido aprovado nos três exames..

Pablo Camargo, CFA é sócio-gerente na FK Partners, empresa de treinamentos em certificações financeiras que oferece cursos presenciais e online, além de cursos customizados na área de finanças e apoio aos estudantes que desejam estudar no exterior. Trabalhou anteriormente como Portfolio Manager e Trader de grandes instituições brasileiras e estrangeiras.

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