Fachada da AB InBev

A AB InBev é uma gigante. São mais de 200 mil funcionários e 400 rótulos que, juntos, produzem um terço da cerveja do mundo. Em termos de faturamento, é a quinta maior fabricante global de bens de consumo.

Desde 2005, a empresa é liderada por Carlos Brito, brasileiro considerado “bolsista zero” da Fundação Estudar e que fez carreira na casa desde os tempos de Brahma, nos anos 1990. Ele não cansa de repetir que a base do sucesso na organização é o alinhamento dos funcionários com sua cultura – o famoso fit cultural.

“O perfil de alguém que será bem sucedido com a gente é esse: alguém que, antes de mais nada, saiba sonhar grande. Algumas pessoas conseguem, mas outras têm medo”, explicou o executivo em uma palestra na Columbia Business School.

“Se nós estamos animados, aprendendo, progredindo, apaixonados, desenvolvendo coisas, isso se reflete na empresa. Não é a empresa ou nós. Nós somos a empresa”, continuou. Para ele, essa cultura se resume a três valores fundamentais: sonho grande, pessoas e cultura.

Dentro desse sistema, quem se destaca, mesmo que seja bastante jovem, ganha promoções e novos desafios constantemente. “A medida que você entrega [o desafio], quer outro. É gostosa a sensação de fazer algo que parecia impossível.”

Para Jorge Paulo Lemann, um dos criadores da cultura e sócio do fundo 3G Capital, acionista da AB InBev, este é um ambiente em que “você está sempre correndo, sempre perto do limite. Está trabalhando muito duro e sendo avaliado o tempo todo. As pessoas gostam ou não gostam.”

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De trainee a vice-presidente

Tomar gosto pode significar entrar como trainee da AmBev no Brasil e, quinze anos depois, estar na Austrália depois de passar pela China.

Foi o caso de Rodolfo Chung, vice-presidente de Integração Comercial para a Ásia Pacifico Sul desde 2016.

“Em 2005, fui fazer meu MBA na Harvard University com uma bolsa da Fundação Estudar e oficialmente pedi demissão, mas mantive ótimos contatos”, lembra.

Logo que se formou, quando tinha menos de 30 anos, aceitou uma proposta para ajudar a desenvolver a então InBev na China, onde estruturou as áreas de planejamento e performance e foi diretor regional de vendas.

Depois da fusão entre InBev e Anheuser Busch, montou também a área de trade marketing local antes de se mudar para a Austrália, onde está hoje.

“Acredito mais em cultura corporativa do que cultura local”, fala, pensando nas diferenças entre trabalhar em um país ou outro. “Meritocracia é a palavra chave e isso acarreta em pessoas jovens em cargos seniores, o que acarreta em informalidade, gera cultura de aceitação de risco e sentimento de dono do negócio.”

Direção europeia

Não é um estilo de trabalho que combine com todos – estar atento ao que combina com o seu perfil é, inclusive, fundamental para encontrar um trabalho que lhe dê satisfação –, mas que rende frutos quando funciona.

E Brito é um CEO famoso por ser atento ao que funciona. Tão atento, na verdade, que anda pelos supermercados organizando prateleiras para melhorar a visibilidade dos produtos e tem na cabeça uma lista com os nomes mais promissores da companhia.

Um deles foi Maria Rocha Barros, advogada formada pela Universidade de São Paulo e pela Stanford Law School que está há seis anos na empresa e hoje é vice-presidente de Legal & Corporate Affairs da AB InBev na Europa, responsável por operações em 13 países.

Ela também integra um comitê de gestão da zona europeia (uma das nove zonas da AB InBev) e participa de decisões estratégicas que impactam o dia a dia dos mais de 12 mil funcionários da região.

Maria Rocha Barros[Maria Rocha Barros / Foto: Acervo pessoal]

“Cheguei na AB InBev pela Fundação Estudar, quando estava trabalhando em um escritório internacional em Nova York”, lembra ela, que também pertence à Líderes Estudar, rede de brasileiros de alto impacto da organização.

Em um café da manhã com outros Líderes Estudar, estavam Jorge Paulo Lemann e Carlos Brito. O convite para trabalhar veio pouco depois. Ao longo de sua trajetória na empresa, Maria teve quatro posições em três países: Estados Unidos, México e, agora, Bélgica.

Ao longo do caminho, trabalhou em diversos projetos, incluindo grandes processos de M&A como a fusão de US$ 20 bilhões com o Grupo Modelo, em 2013, e a fusão de US$ 100 bilhões com a SABMiller, em 2016.

“A cultura da AB InBev nos une e facilita o trabalho com pessoas tão diferentes, já que a cultura da empresa é a mesma, não importa se é na Ucrânia, África do Sul ou Brasil”, fala. “Todos na empresa têm metas – inclusive o departamento jurídico – e vejo isso como uma vantagem competitiva. Isso nos ajuda a ‘definir sucesso’ no começo do ano e trabalhar duro para chegar lá.”

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Propondo novas funções

Se o fit cultural existir e a proposta for boa, também é possível criar sua própria posição na empresa.

Foi o que fez Dafne Guisard, que ainda estava cursando seu MBA no MIT Sloan School of Management quando conversou com executivos da empresa sobre sua ideia para uma nova área global, que ela chamou de marketing finance.

“O Chief Sales Officer [CSO] da AB InBev veio ao MIT e conversamos sobre minhas ideias de gerir marcas individuais como negócios. Não se trata só da parte de comunicação e marketing, mas também de vendas e supply e assim criar uma experiência pouco segmentada para o consumidor”, explica ela, que também é uma Líder Estudar.

Animada com a recepção da ideia, Dafne marcou uma conversa direta com o Chief Marketing Officer (CMO) da empresa – o acesso rápido às lideranças é outra coisa pela qual Brito preza –, que também se interessou.

[Dafne Guisard / Foto: Acervo pessoal]

“É algo que transforma a AB InBev numa empresa em que basicamente todos têm a responsabilidade de construir a marca”, diz ela, que no dia a dia interage com seis zonas mundiais.

Trabalhar num ambiente tão diverso tem seus desafios, mas também traz possibilidades de crescimento. “É preciso aprender a trabalhar com outras culturas, não impôr a sua, escutar e respeitar jeitos diferentes de comunicação”, continua.

Para Carlos Brito, a decisão de crescer na AB InBev – ou em qualquer outra empresa ou negócio – é principalmente uma decisão pessoal: é o que você realmente quer fazer?

“A vida é muito curta para trabalhar em uma empresa chata. Isso é apenas tentar sobreviver. Já que vivemos uma vez só, por que não usar esse ambiente para desenvolver algo que vai te orgulhar no futuro?”, aconselha.

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