Nas últimas décadas, o mundo presenciou uma revolução tecnológica sem precedentes. As distâncias diminuíram, os processos foram acelerados e passamos a ter respostas a problemas complexos da vida na palma das nossas mãos.
Nesse cenário, as novas gerações deveriam ser as mais beneficiadas, colhendo os frutos de um mundo mais dinâmico e descomplicado deixado pelos mais velhos. A verdade, porém, é que o oposto aconteceu.
Uma pesquisa publicada em 2022 pela consultoria internacional McKinsey ao longo da pandemia de Covid-19 revelou que os níveis de bem-estar social e emocional da geração Z (de nascido entre 1995 e 2010) são os mais baixos entre todas as gerações.
Segundo os dados da amostra, essa é um conclusão baseada em dados de jovens que têm entre 16 e 24 anos e que, nos últimos dois anos, estão em fase de transição entre os estudos e a vida profissional.
Os dados foram recebidos com tanta preocupação que fizeram com que o cirurgião estadunidense Vivek Murthy emitisse um alerta de saúde pública, em Dezembro de 2021, para informar que a “crise de saúde mental da juventude” piorou durante a pandemia de Covid-19.
“Uma série de pesquisas de consumo e entrevistas conduzidas pela McKinsey indicaram diferenças agudas entre as gerações, com a geração Z reportando o panorama menos positivo sobre a vida”, diz o artigo publicado pela equipe da consultoria.
Nesse contexto:
“Embora pesquisas de consumo sejam, com certeza, subjetivas e a Geração Z não é a única geração a relatar sofrimento, empregadores, educadores e líderes de saúde pública podem querer considerar o sentimento dessa geração emergente em como eles planejam o futuro”, escrevem os autores.
Segundo a pesquisa da McKinsey, um dos motivos que mais impactam o quadro de saúde mental da Geração Z é o seu comportamento frente a patologias psicológicas.
Segundo os dados, ficou evidente que esses jovens estão mais propensos a anunciar que possuem um diagnóstico de saúde comportamental, mas, por outro lado, estão menos propensos a procurar tratamento. Os milennials, geração anterior, procuram tratamento em média 1.8 vezes mais do que o Gen Z.
“Existe uma série de fatores que podem ajudar a explicar essa falta de procura por ajuda entre os jovens da Geração Z”, apontam os autores. “O estágio de desenvolvimento, a despreocupação por parte deles em relação a cuidados com a saúde, o estigma associado a desordens mentais ou de abuso de substâncias entre familiares e comunidades.”
Em outro ponto, existe outro traço da Geração Z que pode estar associado ao quadro apresentado. Na maior parte do tempo, esse grupo costuma confiar mais em “soluções rápidas” para mitigar os efeitos de crises.
Mais do que qualquer outra geração, a Z está mais propensa a buscar ajuda em serviços de cuidado emergencial via telefone, em redes sociais e em outras ferramentas digitais como aplicativos de saúde.
Para os entrevistados, esse comportamento se explica por uma dificuldade em encontrar atendimento em momentos de crises.
“Essa falta de acesso é preocupante quando pensamos em uma geração duas ou três vezes mais propensa a buscar tratamento para ideação suicida ou tentativa de suicídio nos últimos 12 meses, mais do que qualquer outra geração”, finaliza os estudiosos.
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