Denis Mizne, CEO da Fundação Lemann

Em 1997, Denis Mizne ainda era um estudante de Direito na Universidade de São Paulo quando se envolveu com impacto social. Ele fez parte do grupo do Centro Acadêmico XI de Agosto que criou a campanha Sou da Paz, mais tarde estruturada como o instituto de mesmo nome.

Entre maio de 2000 e 2011, Mizne foi diretor executivo da ONG, onde ainda atua como presidente do conselho. Em seguida, tornou-se diretor executivo da Fundação Lemann, onde está até hoje.

Em uma conversa transmitida ao vivo pelo Facebook com Rafael Carvalho, jornalista responsável pelo NaPrática.org (assista ao vídeo na íntegra aqui), ele falou não só sobre sua própria trajetória profissional em impacto social, mas também sobre o que mudou nos últimos vinte anos.

“Nunca tivemos tantos recursos para ter impacto social como temos hoje, independente da idade”, afirma. “Há muita coisa gratuita em termos de mobilização, engajamento e acesso a outros jovens. Tem muita possibilidade para fazer a diferença.”

Para ilustrar seu ponto, ele resgatou um acontecimento dos tempos de USP. Quando surgiram interessados em criar núcleos da instituição em outras cidades, os jovens do Sou da Paz criaram um kit para iniciantes e um 0800 para receber ligações, que eram gratuitas para quem as fazia.

“Tivemos que fechar o número porque não tínhamos mais dinheiro para tanta ligação telefônica”, lembra.

Para quem pensa em começar uma organização, ele indica que, antes de fazer uso das inúmeras ferramentas online, seu foco esteja bem claro.

“Hoje em dia as bandeiras são muito amplas e genéricas. Quanto mais clara for a sua, mais chance você tem de atrair pessoas e mostrar resultado”, resume. “O que não falta é problema.”

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Impacto social: onde atuar?

Se no passado trabalhar com impacto social significava optar por uma vida de abnegações e complicações, hoje o cenário é outro.

“É possível atuar no terceiro setor, em startups, no governo”, exemplifica Mizne. “O privilégio de não questionar se algo que você está fazendo é realmente útil não tem preço.”

Setor público

Ainda no começo dos anos 2000, trabalhou por um no Ministério da Justiça, onde ganhou insights sobre o funcionamento do setor público. Sua experiência ali comprovou os benefícios de entender como o governo funciona por dentro.

Para quem pensa em uma experiência mais imediata, ele indica o Vetor Brasil, ONG apoiada pela Lemann que seleciona jovens de qualquer área para atuar por um ano como trainees na gestão pública. (As inscrições estão abertas até 19/09.)

Outra opção é o Ensina Brasil, um programa de desenvolvimento de lideranças que também seleciona jovens de qualquer área para atuar como professores em escolas públicas por dois anos. (As inscrições estão abertas até 25/09.)

“Mesmo que você tenha outra carreira depois, conhecer melhor o Brasil é bom para todo mundo”, afirma Mizne.

Além disso, é importante lembrar que grande parte do impacto social virá, necessariamente, do estado – e quanto mais conhecimento sobre seus meandros, melhor. “O governo vai fazer boa parte da diferença e conhecê-lo vale muito a pena.”

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Empreendedorismo social

Para quem deseja criar algo novo, seja uma ONG ou uma startup, Mizne recomenda logo colocar a mão na massa.

“É ótimo estudar, mas você não precisa esperar ser um super especialista para fazer algo. O melhor jeito de aprender é fazendo”, garante.

Começar auxiliando organizações que você admira é um bom caminho. Uma vez que tenha tomado sua decisão, no entanto, pouco adianta ficar esperando a hora certa: não existe cenário ideal.

O que existe, cada vez mais, são fundos de impacto como o Vox Capital e entidades como as ONGs Ashoka e Artemísia e a própria Lemann que financiam e ajudam novas ideias a se desenvolverem. Aproveite o que já existe!

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Terceiro setor

A estrutura de uma ONG ou negócio social também não é mais a mesma. Há um número crescente de organizações que aliam gestão e impacto social.

Na Fundação Lemann e na Fundação Estudar – ambas oferecem programas de estágio e trainee e a segunda está com inscrições abertas até 08/10 –, por exemplo, o modelo de gestão empregado alia foco no resultado, preocupação com métrica e desenvolvimento de pessoas com impacto escalável.

Em resumo, as opções para quem quer impactar a sociedade são inúmeras. Cabe a cada um descobrir seu perfil, suas motivações e o que é necessário para tirar sua ideia do papel e ajudar na transformação do país.

“O Brasil não precisa só de boas intenções, mas de capacidade para encontrar soluções. Não vamos resolver as coisas dando só uma demão de tinta. Quanto mais gente nesse barco, melhor”, conclui.

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