É praticamente um senso comum que toda unicórnio e startup tenha uma trajetória ascendente e de sucesso, com dificuldades contornáveis por meio da inovação. Mas nem sempre é assim. Ao menos foi isso o que contaram Camila Achutti, CEO da Mastertech, e Paulo Veras, fundador e ex-CEO da 99, no Brazil Tech Trends – maior evento de tecnologia e inovação da Fundação Estudar.

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Mediado pela jornalista Ariane Abdallah, uma das organizadoras do livro “Fora da curva 3: Unicórnios e startups de sucesso”, o painel abordou discussões que a obra elucidou – como, por exemplo, os dilemas que viveram desde que descobriram a vocação empreendedora e mesmo dificuldades que denotam que fracasso é parte do processo.

Sobre esse último tema, Paulo conta como esse ponto de vista mudou entre as gerações de empreendedores. “Meu pai, que também era empreendedor, um dia me disse: ‘o importante é que você irá tomar muita decisão, e muitas delas serão erradas, mas para dar certo você terá que acertar mais do que errar’. Curiosamente, com a minha jornada, hoje vejo que é ao contrário. É muito da cultura da startup de fail fast, de testar muita coisa e abraçar os riscos.”

Camila foi além, e ainda quis desmistificar a ideia de que as startups e unicórnios são frutos de um sucesso imediato. “Existe um mito do empreendedor jovem que acertou de primeira e ficou milionário, mas esses casos reais você conta nos dedos. Empreender não necessariamente tem a ver com ‘chegar lá rápido e ganhar muito dinheiro’. No geral, esse sucesso da noite para o dia pode demorar dez, 20 ou até 50 anos… Não é uma jornada linear”, pontua.

O que é empreender?

A pergunta pode parecer boba, mas até pouco menos de 20 anos atrás pouca gente saberia responder. O motivo? É que o verbete nem mesmo constava nos dicionários. O cofundador da 99, que foi o segundo diretor-geral da Endeavor no Brasil, conta que foi uma ação da ONG que fez tudo mudar.

“A primeira diretora e responsável pela estruturação foi a Marília Rocca e que logo encontrou dificuldades ao criar o estatuto da ONG, pois o social deveria ser definido em português. Foi, então que ela promoveu uma ação: marcou a página onde deveria constar a palavra no dicionário e enviou a editores de jornais e revistas com o pedido ‘por favor, nos ajudem a colocar empreendedorismo no vocabulário do brasileiro’”.

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Deu certo. Não só presente no dicionário, o empreendedorismo de fato hoje está inserido no vocabulário dos brasileiros. Há alguns anos, inclusive, tem crescido também o número de empreendedores no País. Mas seja qual for a definição formal, os dois convidados do painel concordam que o ato de empreender não tem uma explicação racional.

“É uma busca incansável de oportunidades independentemente dos recursos que você controla. É olhar a oportunidade e buscar aquilo com muita intensidade, que te faz usar o tempo, reputação, networking… o dinheiro que você tem e até o que não tem para colocar o projeto de pé”, brinca Paulo.

A opinião é bastante parecida com a da CEO da Mastertech. “A decisão de empreender não é uma conta racional, pois ao pensar em todos os riscos que devem ser tomados para tirar um negócio do papel e dar vida a ele… Seria mais fácil prestar um concurso público e querer uma vida estável. Seis anos empreendendo me ensinou que a conta não fecha, mas é algo que faz você acreditar pode resolver o problema das pessoas ou alguém – não precisa sempre ser para muita gente.”

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Todo empreendimento deve ser unicórnio para ter sucesso?

Outro assunto que foi desmitificado no painel foram os chamados unicórnios. De acordo com os palestrantes, existem outras classificações que podem definir uma startup ou empreendimento. Camila explicou algumas delas:

  • Unicórnio: algo muito poderoso e que nunca existiu. Talvez não pareça fazer sentido no curto prazo, então você precisará testar as soluções. Potencialmente vai precisar de muito investimento e queimará caixa para testes e experimentações.
  • Zebra: tem um projeto que desperta a curiosidade, mas é sobre algo que existe.
  • Camelo: são empresas com menor fragilidade, que podem ficar longos períodos “na seca”, mas ainda assim se mantêm de pé.

“Por exemplo, quando você pensa em uma mulher periférica que vende lanches na comunidade. Em algum momento ela descobriu Ifood e Rappi e passou a vender para além do seu ponto local… Isso é empreendedorismo. Não é unicórnio, mas pode ser um empreendimento de sucesso sendo camelo ou zebra.”

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