Egberto Santana
Publicado em 17 de novembro de 2025 às 19:35h.
Começar um negócio é tão empolgante quanto desafiador. Na prática, o controle de finanças é o primeiro bloco de construção da sua empresa: sem controle de caixa, orçamento e gestão de riscos, o negócio perde tração rapidamente.
Além disso, um levantamento da FGV Social mostra que os lucros dos pequenos negócios atingiram nível recorde no final de 2024, o que evidencia que o cenário de empreendedorismo está mais promissor do que nunca.
Este guia reúne o essencial, em linguagem simples e com passos aplicáveis desde o primeiro mês de operação. Entenda melhor a seguir!
O controle financeiro é o coração de qualquer negócio. Ele permite visualizar quanto dinheiro entra e sai, identificar gargalos e planejar investimentos com segurança. Muitos empreendedores iniciantes negligenciam essa etapa, acreditando que seja algo complexo, mas a verdade é que manter registros atualizados e claros é o primeiro passo para o sucesso. Sem esse acompanhamento, torna-se impossível entender se o negócio está realmente lucrando ou apenas girando dinheiro.
O que controlar desde o Dia 1
Receitas e despesas (fixas e variáveis)
Fluxo de caixa diário/semanal
Capital de giro (o dinheiro que mantém a operação entre pagar e receber)
Separação total entre finanças pessoais e da empresa
Comece por um fluxo de caixa simples: registre entradas e saídas por categoria, data e forma de pagamento. Esse hábito dá previsibilidade, reduz sustos e orienta decisões de compra, contratação e preço.
Indicadores essenciais (bem práticos)
Ponto de equilíbrio: quando receitas cobrem custos fixos + variáveis.
Margem de contribuição: (Preço – Custo variável) por item; orienta preço e mix.
Prazo médio de recebimento/pagamento: ajuda a planejar o caixa.
Saldo projetado de caixa: quanto haverá em D+7, D+30, D+60.
Atualizar o fluxo de caixa com frequência é o que transforma dados em decisões estratégicas. Acompanhar tendências e prever possíveis déficits ajuda a agir antes que o problema apareça.
Leia mais: Mercado financeiro para quem não é de finanças
Planejar financeiramente é transformar o sonho do negócio em metas concretas e alcançáveis. O planejamento financeiro ajuda a definir quanto é preciso vender para atingir resultados, quanto se pode investir e qual margem de segurança manter. É também uma ferramenta de previsibilidade: permite que o empreendedor entenda onde o dinheiro está indo e quanto pode retornar no médio prazo.
Passo a passo do seu primeiro orçamento (30–60 minutos)
Liste metas de receita por produto/serviço.
Mapeie custos fixos (aluguel, salários, softwares) e variáveis (insumos, comissões).
Projete o fluxo de caixa para 12 meses (previsão de entradas/saídas e saldo).
Simule cenários (base, otimista, conservador).
Revise mensalmente e acrescente sempre +1 mês (planejamento contínuo).
Criar um orçamento é mais do que anotar números: é estabelecer diretrizes para o futuro. Ao simular diferentes cenários, o empreendedor entende como pequenas variações — como aumento de custos ou queda nas vendas — afetam o negócio. Esse exercício reduz riscos e prepara o terreno para tomadas de decisão mais seguras.
Ferramentas para começar já
Planilhas (Google Sheets/Excel) com categorias e validações simples.
Softwares e apps focados em pequenos negócios (ex.: QuickBooks, ZeroPaper, Nibo, Granatum).
Cursos e guias do Sebrae para aprofundar processos e rotinas.
A escolha da ferramenta depende da maturidade do negócio e da familiaridade com números. O importante é começar: um orçamento em planilha bem estruturada já traz resultados concretos e serve como base para implantar sistemas mais robustos no futuro.
Cuidar bem das finanças vai além de cuidar do que entra e sai: significa, também, prevenir problemas. A gestão de riscos financeiros é o escudo que protege o negócio contra imprevistos. Desde atrasos em pagamentos até despesas inesperadas, toda empresa está exposta a situações que podem comprometer seu caixa. Por isso, é essencial identificar esses riscos desde o início e desenvolver planos de mitigação.
Principais riscos no início (e como mitigar)
Inadimplência: defina política de crédito, cobre antes do vencimento e monitore recebimentos.
Falta de capital de giro: alinhe prazos, negocie com fornecedores e mantenha reserva de caixa.
Gastos não planejados: estabeleça limites mensais e priorize despesas essenciais.
Precificação incorreta: revise custos com frequência e garanta margens positivas.
Ter uma reserva financeira é uma das formas mais simples e eficazes de reduzir vulnerabilidades. O ideal é guardar o equivalente a um ou dois meses de despesas fixas, o que dá fôlego para o negócio enfrentar oscilações sazonais ou emergências.
Checklist rápido de controle de riscos
Separar contas PJ x PF 100% do tempo.
Manter fluxo de caixa com previsão de 30–90 dias.
Atualizar orçamento mensalmente.
Criar glossário interno de termos financeiros.
Buscar apoio profissional quando necessário.
Investir no negócio, quando e como?
Investimentos devem ser feitos de forma estratégica, quando o negócio já demonstra consistência. Avalie sempre o retorno esperado (ROI) e o tempo de payback antes de aplicar recursos. Evite investir em expansão ou novos produtos se o controle financeiro ainda não estiver sólido — primeiro, garanta estabilidade e previsibilidade.
Entender os conceitos básicos das finanças é essencial para tomar boas decisões. Dominar esses termos facilita a comunicação com contadores, investidores e fornecedores, além de dar autonomia ao empreendedor. Conhecer o significado de “lucro líquido” ou “capital de giro” evita mal-entendidos e erros de interpretação que podem custar caro.
Capital de giro: dinheiro necessário para manter a operação diária entre pagar e receber.
Faturamento x Lucro: faturamento é tudo que entra; lucro é o que sobra após custos e despesas.
Custos fixos x variáveis: fixos independem do volume vendido; variáveis crescem com as vendas.
Fluxo de caixa: registro e projeção de entradas/saídas.
A melhor maneira de aprender sobre finanças é colocando em prática. O plano abaixo foi criado para empreendedores iniciantes que querem estruturar suas finanças em apenas uma semana. Ele combina tarefas simples com metas objetivas, formando uma base sólida para decisões futuras.
Dia 1: abrir planilha/modelo e registrar 100% das movimentações.
Dia 2: classificar custos e calcular o ponto de equilíbrio.
Dia 3: montar um orçamento de 12 meses.
Dia 4: revisar política de preços.
Dia 5: negociar prazos de pagamento e recebimento.
Dia 6: escolher um app financeiro e integrá-lo ao banco.
Dia 7: revisar resultados e definir metas semanais.
Esse cronograma pode ser ajustado conforme o ritmo do negócio. O mais importante é manter a constância — a educação financeira é um processo contínuo, e a disciplina é o que transforma números em resultados.
Saiba mais: Empreendedorismo jovem: como iniciar o próprio negócio no início da carreira
Quais as finanças básicas que um empreendedor deve controlar?
Receitas, despesas, fluxo de caixa e orçamento. Esses quatro pilares garantem visão de curto e médio prazos e ajudam a prevenir problemas de caixa.
Como montar um orçamento para o meu negócio?
Projete receitas, liste despesas fixas/variáveis e crie cenários (base, otimista, conservador). Revise mensalmente em um planejamento contínuo.
Qual a importância do controle financeiro no início do negócio?
É crucial para evitar falta de caixa, ajustar preços e planejar crescimento com dados — e não por tentativa e erro.
Quais riscos financeiros o empreendedor deve prevenir?
Inadimplência, falta de capital de giro, gastos não planejados e precificação errada. Políticas claras e reservas ajudam a reduzir impactos.
Quais ferramentas ajudam na gestão financeira?
Planilhas estruturadas, ERPs e apps financeiros (QuickBooks, ZeroPaper, Nibo, Granatum) e cursos para estruturar processos.