O mercado para profissionais de Direito no Brasil é um dos mais concorridos do mundo. Só em 2022, por exemplo, espera-se que cerca de 100 mil novos advogados e novas advogadas se formem para se juntar a um grupo que já é de mais 1 milhão de pessoas.
Apesar da alta oferta de formados, no entanto, existe uma grande dificuldade em formar profissionais com bom nível de qualificação. Nos exames da Ordem dos Advogados do Brasil de 2021, quase 24% dos candidatos não conseguiram nota suficiente para obterem seus registros.
Para ajudar a explicar um pouco como se destacar e ter sucesso nessa carreira, a Fundação Estudar organizou nesta segunda-feira (12) o evento Conferência Mercado Jurídico, com a participação de 212 jovens em formação na área.
Durante a palestra de abertura, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, falou de sua carreira, seus desafios e das características que o ajudaram a obter bons resultados profissionais no Direito Empresarial.
Primeiramente, por que o direito empresarial?
No início da carreira, João Pedro estagiou em escritório de advocacia com protagonismo no Direito Público, quando se viu diante de um dilema. Para ele, existiam duas possibilidades iminentes: o Direito Público e o Direito Privado.
As relações jurídicas no Direito Público são mais rígidas e, consequentemente, dão menos espaço para abordagens mais criativas, em que se prestigia a autonomia da vontade.
“Enquanto no direito público os agentes só podem fazer o que está previsto em lei, no direito privado os agentes só não podem fazer o que está proibido pela lei”,
Consequentemente, João Pedro entendeu que o ambiente do Direito Privado possuia características mais semelhantes às suas peculiaridades pessoais, em um ambiente mais dinâmico e flexível
E o que foi preciso para ir bem no Direito Privado?
Segundo João Pedro, a grande função dos profissionais do Direito Empresarial é a de viabilizar os negócios. É a área do Direito que tem como objetivo disciplinar e organizar o exercício da atividade econômica organizada. Nessa jornada, ele conta que fez parte de projetos que estruturaram operações e aquisições de diferentes empresas antes de chegar à Comissão de Valores Mobiliários.
“É preciso gostar das transformações do mundo dos negócios”, disse ele. “Algo que me credencia a estar na posição atual, sem dúvidas, foi ter passado por diversas experiências transversais. Foi muito rico conviver com outras pessoas e ver como essas pessoas diferentes de mim funcionavam”.
Em outro ponto, João Pedro contou como foi importante vivenciar momentos difíceis para que pudesse obter o repertório necessário para ser um profissional melhor.
Em uma dessas experiências, ele trabalhou como Gerente Geral Jurídico de um Grupo Societário que contemplava companhias abertas do Mercado de Capitais do Brasil. À época, ele deixou seu trabalho, em um escritório de advocacia no qual se sentia confortável e feliz, e acabou embarcando em um projeto que, mais tarde, teve um desfecho diferente do que se pretendia.
Naquele momento, João Pedro pensou que poderia ter falhado em suas escolhas. Mas, com o passar do tempo, percebeu que a experiência desafiadora havia ensinado uma série de lições.
Por essa razão, João Pedro explicou que é fundamental aprender com os erros para consertar rapidamente e realinhar as rotas. Principalmente no início de carreira, o advogado ressalta a importância de aprender a “mudar a abordagem” quando for necessário.
Por fim, João Pedro explicou, ainda, que um bom advogado empresarial deve estar preparado para compreender cenários a partir de diferentes saberes.
“O advogado deve ter uma base acadêmica forte, mas, ao mesmo tempo,é preciso aliar a prática a esse conhecimento para se tornar um profissional completo”, analisou.