Pedro Guimaraes, Amanda Chung e Michael Mitchell

Quando Pedro Pires ainda estava na escola, em Minas Gerais, percebia que os amigos se afastavam das ciências. Para ele, que adorava biologia, química e aprender sobre sistema biológico, não fazia muito sentido. Como alguém poderia achar o método científico, em que se formulam e se validam hipóteses através de testes rigorosos, entediante?

Já com vontade de fazer carreira como pesquisador e ciente de seu perfil empreendedor, Pedro escolheu estudar Farmácia, onde poderia aplicar seu conhecimento e levar resultados da bancada de pesquisa às mãos da população na forma de novos produtos.

Fez sua graduação, mestrado e doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais e, quando chegou a hora de escolher um lugar para seu pós-doutorado, colocou o Massachussetts Institute of Technology, o famoso MIT, no topo da lista.

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Em 2015, foi aceito pela instituição, onde estuda com o apoio da rede Líderes Estudar, que reúne jovens de alto impacto. Fez as malas para enfrentar os invernos rigorosos de Cambridge, mesma cidade americana em que fica a Harvard University, e desde então, estuda o uso de nanotecnologia para tratamento de câncer.

“Não se escolhe ser pesquisador porque acha uma carreira bonita, mas porque você gosta”, explica ele, que quer inspirar outros jovens a se interessarem por ciências no Brasil. “É preciso ser resiliente, saber trabalhar em grupo, saber comunicar o que está pesquisando para que outros possam entender e divulgar seu trabalho.”

Em março de 2017, veito outra conquista para Pedro e para o país: uma de suas pesquisas atuais, feita com colegas, foi publicada pela Nature, uma das revistas científicas mais importantes do mundo.

Ao cobrir a superfície de células tumorais com nanopartículas feitas de material biodegradável, os pesquisadores conseguiram deixá-las mais vulneráveis aos medicamentos – que se tornaram 50% mais potentes – e eliminar até 90% das células danificadas em camundongos.

Segundo o MIT, que divulgou a pesquisa, a abordagem já está inspirando outros pesquisadores a pensar em testes para tratar outras doenças, além do câncer.

“Publicar algo é uma chancela de que você conseguiu responder às perguntas da pesquisa – e isso é o legal, porque você chega com uma e aparecem dez!”, empolga-se Pedro. “Pensar que vou ter um trabalho como esse reconhecido é o que me faz acordar todo dia, ir feliz para o laboratório e ficar lá até meia noite.”

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Pedro Pires[Pedro Pires Guimarães / Foto: Acervo pessoal]

A importância da diversidade para a inovação

Para o brasileiro, um dos grandes destaques do ambiente acadêmico do MIT é a diversidade de especializações, perspectivas e nacionalidades. “Há pesquisadores de várias áreas diferentes, como Farmácia, Engenharia e Biologia, dividindo a mesma bancada”, explicou.

Assim como em outros setores, a diversidade e pluralidade de opiniões torna o ambiente científico mais criativo e inovador ao apresentar novos métodos, tipos de pesquisa e conhecimentos, o que beneficia a sociedade como um todo.

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E apesar de todas as diferenças entre a carreira acadêmica no Brasil e nos EUA, onde há um maior respaldo e um ecossistema mais forte, os dois países ainda têm problemas para preencher a distância entre as universidades e o setor privado.

Nesse espaço, que existe em diversos níveis mesmo nas melhores instituições americanas, acabam ficando muitas ideias disruptivas que não conseguem sair dos laboratórios. 

Entre as ideias do MIT para construir essa conexão – e que universidades brasileiras podem emular – estão seminários semanais em que profissionais da indústria falam sobre seus problemas e gargalos para estudantes, que ganham um ponto de partida para pensar em possíveis soluções para impactar a sociedade.

Outro ponto positivo apontado por Pedro é criar um ambiente que facilita o networking, em que empresas estão nas redondezas e acadêmicos e profissionais da indústria acabam se encontrando, tanto em ocasiões sociais quanto em laboratórios que unem pesquisadores e startups, ampliando a troca de informações.

Novas oportunidades para liderar

Ciente tanto das dificuldades quanto dos talentos que existem no Brasil, Pedro diz que, para seguir uma paixão como a sua no país, é preciso ter resiliência e persistência.

E há também meios práticos para começar a mudar esse cenário.

Ele aconselha, por exemplo, que pesquisadores brasileiros desenvolvam a habilidade de comunicar suas pesquisas ao mercado de maneira “inteligível”, para que o setor privado possa entender do que se trata e que oportunidades existem ali mesmo se não tiverem conhecimento científico.

Quando morava em Minas Gerais e trabalhava em um núcleo de inovação tecnológica, Pedro fazia isso através de resumos executivos de até uma página em que descrevia patentes em uma linguagem acessível, para que o mercado pudesse compreender e possivelmente licenciar aquela tecnologia.

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Caso isso não seja feito, diz ele, os setores continuarão “falando línguas diferentes”, o que emperra o avanço de inovações tecnológicas no país.

E, vindas do mundo inteiro, elas não param de chegar. Uma de suas favoritas é o CRISPR-Cas9, uma nova e promissora ferramenta de edição de DNA inventada por duas cientistas, Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna, que pode permitir a descoberta de novas curas e tratamentos.

“Há achados bem promissores: em camundongos infectados com HIV, a ferramenta foi capaz de desligar o vírus em até 95%”, exemplifica Pedro. “Ela chegou para impactar.”

Inovações como essas abrem fronteiras para novas descobertas e novas oportunidades para jovens talentos, tanto dentro quanto fora dos laboratórios, onde startups e investidores podem comercializar as novidades.

O legado que Pedro quer deixar é justamente um número cada vez maior de brasileiros entre eles. Para isso, quer que sua trajetória sirva de inspiração, capacitar novos pesquisadores e encantar estudantes, desde pequenos, com as maravilhas do mundo científico.

“Quero difundir a ciência no Brasil”, finaliza.

Colaborou Priscila Bellini, do portal Estudar Fora

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