Colunista do Na Prática
Publicado em 20 de abril de 2018 às 14:10h.
Tanto o Vale do Silício quanto Massachusetts apresentam universidades líderes em pesquisa e com alto nível de excelência acadêmica. De um lado, Stanford e Berkeley; do outro, MIT, Harvard e Babson (entre outras). Mas qual região se destaca quando o assunto é tecnologia e inovação?
De acordo com o livro Regional Advantage, escrito pela pesquisadora Annalee Saxenia, da Universidade de Princeton, o que caracteriza o Vale do Silício como polo tecnológico são três aspectos culturais:
As firmas do Vale do Silício colaboram umas com as outras de maneiras formais e informais, desenvolvendo alianças, contratando peças e serviços, ou simplesmente compartilhando informações. Encontros casuais são frequentes entre colaboradores de diferentes firmas.
Por outro lado, a cultura que prevalece em Massachusetts é muito mais contida: por vezes, informações são secretas e os empregados tem pouco contato com diferentes firmas.
Enquanto os profissionais do Vale do Silício trocam de empresas frequentemente (ou se demitem para empreender, sendo inclusive encorajados nessas decisões), em Massachusetts trocar uma firma por outra – ainda mais por uma startup – é pouco frequente e vista como uma atitude desleal.
A atuação de universidades, grandes corporações e empresas de venture capital também influenciaram nessa diferenciação. Comparando o MIT com Stanford, por exemplo, a segunda encorajou muito mais a participação dos alunos em atividades de empresas locais. A Hewlett-Packard, a famosa HP, ajudou no desenvolvimento de muitas startups no começo. Enquanto em Massachusetts, o mercado digital ficou restrito à economia regional.
Empresas de venture-capital do Vale do Silício desempenharam um importante papel transferindo habilidades e conhecimento entre empresas, onde o estereótipo de grandes corporações foi deixado para trás sobre compartilhar informações e habilidades. Enquanto as firmas em Massachusetts trabalhavam de forma a proteger a sua propriedade intelectual. Estas diferenças de sistema afetaram diretamente o número de novas startups, e o tempo de ir para o mercado de novos produtos.
Assim, mesmo com universidades de renome e capital intelectual de ponta em ambos os locais, a cultura de colaboração do Vale do Silício influenciou de forma significativa o surgimento e a prosperidade de novos negócios da região.