Prazos apertados, cobrança dos superiores, necessidade de entrega, metas a cumprir, grandes apresentações e reuniões com os clientes. Esses fatores fazem parte da rotina de grande parte dos profissionais e demandam uma habilidade importante: saber trabalhar sob pressão. Desconsiderando pré-disposições pessoais, é possível treinar o cérebro para lidar melhor com esses momentos de pressão, de acordo com o psicólogo Arthur Markman, da Universidade do Texas.
Mas antes de aprender as técnicas, Arthur explica que é preciso entender o conceito de pressão. Em suas pesquisas, o acadêmico descobriu que existem duas facetas da pressão que levam a comportamentos previsíveis. O primeiro é um foco em todas as coisas que poderiam dar errado, se distanciando do potencial das coisas boas que cercam os profissionais. O segundo é uma atenção na própria performance, que pode ser difícil de lidar quando o profissional começa a notar coisas que são feitas no automático.
Como trabalhar melhor sobre pressão?
A partir disso, o psicólogo afirma que existem três maneiras de treinar o cérebro para trabalhar melhor sob pressão.
Gerenciar recompensas
Uma das razões pelas quais os profissionais costumam perder o foco e a atenção quando trabalham sob pressão é porque o mundo está estruturado em torno de coisas positivas. Então, quando o colaborador se sente ameaçado, as condições parecem ruins para seu estado de espírito e sua motivação. As pesquisa de Arthur sugerem que os trabalhadores são mais criativos quando há uma combinação entre recompensas do ambiente e a motivação pessoal.
Ou seja, quando alguém está focado em conseguir algum resultado positivo, a pessoa é mais criativa quando há pequenas recompensas pelo seu trabalho, ao invés de pequenas perdas em potencial. No entanto, quando o funcionário está focado em um resultado negativo (como acontece quando se trabalha sob pressão) acontece o contrário: ele é mais criativo quando há pouco a perder do que quando há pequenas recompensas.
Na prática, quando se trata de trabalhar sob pressão, o ideal é criar um sistema no qual se evite as perdas para concluir alguma tarefa. Uma forma de fazer isso é colocar um saco de doces ou dinheiro como prêmio. Se a tarefa for realizada com sucesso, o profissional ganha o prêmio, mas cada vez que ele fizer algo que não tenha relação com o trabalho a ser feito, ele retira um pouco do prêmio. Arthur afirma que essa estratégia ajuda a manter o foco, mas também estimula a criatividade e o raciocínio.
Treinar, treinar e treinar
Trabalhar sobre pressão é algo desagradável, por isso muitas pessoas tendem a procrastinar. Como consequência, os profissionais podem agravar a pressão que enfrentam pelo fato de estarem despreparados. O trabalho da cientista cognitiva Sian Beilock aponta que treinar as situações em que é preciso lidar com pressão é melhor para a entrega. Assim, o profissional pode se acostumar com os efeitos da pressão, sem que um desempenho ruim manche sua reputação.
Arthur dá como exemplo a prática de falar em público. Se o profissional acredita que não seja bom nisso, ele deve praticar seu discurso antes, preferencialmente sozinho e no local em que ele será realizado. Depois, ele pode treinar com colegas. Além disso, ele pode tentar fazer palestrar para grupos para treinar falar na frente de outras pessoas. Com o tempo, o treino fará com que a pressão tenha menos efeito.
Focar nas coisas certas
Na hora de treinar, o profissional deve se preparar para o que ele irá pensar quando tiver que trabalhar sob pressão. Porque, nesse tipo de situação, as pessoas prestam mais atenção em aspectos do seu desempenho e precisam focar em pensamentos produtivos. Em uma negociação, por exemplo, é possível que o profissional se atente à forma como ele está falando, seus gestos e tom de voz. Nada disso o ajudará a negociar melhor porque a probabilidade de falar de forma eloquente e natural é maior quando a pessoa não está prestando atenção nesses fatores.
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O psicólogo recomenda fazer negociações simuladas com os colegas para praticar e ir anotando em uma folha os elementos mais importantes da negociação. Ele acrescenta que contribui tentar olhar para as anotações frequentemente assim, em uma situação real, o cérebro vai buscar monitorar como andam os elementos da negociação, ao invés de como o profissional está se saindo.