Ana Moraes
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 19:57h.
Delegar tarefas é um dos maiores desafios no ambiente profissional, especialmente para líderes e gestores. Mesmo profissionais experientes enfrentam dificuldades para delegar de forma eficaz, muitas vezes por motivos emocionais, necessidade de controle ou falta de confiança no time. Mas aprender a delegar não é pedir favores: é quase uma condição para o crescimento da liderança, produtividade e motivação da equipe.
No podcast da Harvard Business Review, Elsbeth Johnson, professora do MIT Sloan School of Management, explica que líderes enfrentam dois grandes desafios: não saber diferenciar o que manter e o que delegar, e superar quatro barreiras emocionais e organizacionais que dificultam a delegação. Neste artigo, exploramos essas barreiras, seus impactos e dicas para superá-las.
Delegar é o ato de transferir para outra pessoa a responsabilidade de executar determinada tarefa ou projeto, sem abrir mão do acompanhamento e da responsabilidade final. É um processo que envolve confiança, comunicação clara e definição de expectativas.
A delegação eficaz traz ganhos tanto para os líderes quanto para os colaboradores que recebem responsabilidades. Alguns deles são:
Johnson lembra que não delegar também prejudica três partes importantes: a organização (que perde eficiência ao ter pessoas caras fazendo tarefas que poderiam ser delegadas), os colaboradores (que deixam de crescer) e o próprio líder (que deixa de atuar de forma estratégica).
Apesar dos benefícios, muitas pessoas ainda encontram dificuldades para delegar. Entre os principais motivos, estão:
Johnson complementa que líderes produtivos sentem prazer em “fazer” e não só em “gerir”. Esse vício na produtividade pessoal, segundo ela, está ligado até a fatores químicos, como a busca por dopamina ao concluir tarefas.
Quando um líder não consegue delegar, toda a equipe acaba sendo impactada. Entre os principais problemas estão:
A professora do MIT ressalta que líderes que não delegam acabam criando dependência em vez de capacitar sua equipe. O resultado é um ciclo de sobrecarga e estagnação.
Superar a dificuldade de delegar exige prática, consciência e algum desapego também. Algumas estratégias eficientes incluem:
Para transformar a delegação em uma ferramenta estratégica, algumas técnicas podem te ajudar:
Johnson também sugere que líderes façam um “teste do melhor e mais barato”: pergunte-se se você é realmente a melhor e mais econômica pessoa para executar aquela tarefa. Se não, é hora de delegar.
A Matriz de Eisenhower, também conhecida como matriz urgente/importante, é uma ferramenta de priorização que pode ser essencial na delegação de tarefas em ambientes corporativos. A lógica é simples: as atividades são classificadas em quatro quadrantes com base em dois critérios — urgência e importância.
Tarefas importantes e urgentes devem ser executadas imediatamente, enquanto aquelas importantes mas não urgentes devem ser planejadas.
Já as tarefas urgentes, mas não importantes são candidatas ideais para delegação, porque exigem ação rápida, mas não dependem de decisões estratégicas. Assim, delegar essas atividades libera tempo para que líderes e gestores foquem em decisões críticas e de longo prazo.
O quarto quadrante, composto por tarefas nem urgentes nem importantes, deve ser minimizado ou eliminado. Ao usar a matriz como base, a delegação se torna mais estratégica: evita a sobrecarga de trabalho e melhora a produtividade da equipe.
Além disso, ao delegar com base nesse critério, você alinhar o nível de responsabilidade da tarefa ao perfil do colaborador, garantindo uma execução eficiente. A clareza da matriz ajuda também a justificar a delegação perante a equipe, tornando o processo mais transparente e eficaz.
Delegar não é só uma habilidade de gestão, mas uma prática que qualquer líder deve dominar se quiser crescer e desenvolver sua equipe. Entender por que delegar é difícil ajuda a enxergar as próprias limitações e a buscar estratégias eficazes para superá-las.
Com o uso de técnicas para delegar tarefas, confiança no time e acompanhamento adequado, é possível transformar esse desafio em um diferencial competitivo.
Como destaca Elsbeth Johnson, a chave está em mudar a mentalidade: parar de ver a delegação como perda de controle e começar a enxergá-la como investimento no crescimento da equipe e na capacidade estratégica do líder.
Aprender como delegar é um processo contínuo, que exige autoconhecimento, paciência e disposição para abrir mão do controle excessivo.
Adotar a delegação consciente, líderes promovem mais produtividade, engajamento e um ambiente mais saudável para todo mundo.