Egberto Santana
Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 10:30h.
A vida universitária é frequentemente idealizada como uma fase de grandes descobertas, autonomia e novas amizades. No entanto, para muitos jovens, este é também um período de grande vulnerabilidade para a saúde mental. A pressão por alto rendimento acadêmico, a exigência de acertos rápidos em estágios e a ansiedade da hiperconectividade levam a comparações constantes e a um excesso de cansaço que transcende o físico. Soma-se a isso a solidão crescente, onde estudantes relatam isolamento emocional e dificuldade em construir vínculos profundos, mesmo estando cercados de pessoas.
Diante desses desafios, buscar ajuda é um ato de autocuidado e não um sinal de fraqueza. Terapia e acolhimento psicológico são cruciais para atravessar crises e prevenir o agravamento do sofrimento emocional. A boa notícia é que muitas universidades brasileiras oferecem serviços gratuitos de atendimento psicológico, seja para alunos ou para a comunidade externa. Descubra quais são e como solicitar!
Na USP há o serviço de “Atendimento Psicológico” no Instituto de Psicologia, localizado no Butantã, em São Paulo, voltado à comunidade da universidade e ao público residente no entorno.
Como funciona:
Na UNIP, o atendimento psicológico gratuito é oferecido pelos Centros de Psicologia Aplicada (CPAs), clínicas-escola do curso de Psicologia. O serviço é voltado à comunidade em geral — não apenas a estudantes — e atende crianças, adolescentes, adultos, idosos, além de famílias e casais.
É gratuito e realizado por alunos de Psicologia supervisionados por professores. Os CPAs oferecem diferentes modalidades, como psicoterapia individual ou em grupo, psicodiagnóstico, plantão psicológico, aconselhamento e atendimentos em áreas específicas (como psicologia hospitalar e organizacional).
Para ser atendido, é preciso procurar uma unidade da UNIP que tenha CPA e fazer o agendamento presencialmente ou por telefone. A universidade possui CPAs em vários campi de São Paulo e de outros estados, ampliando o acesso ao serviço para quem está dentro e fora da instituição.
Na Cruzeiro do Sul, o apoio psicológico gratuito é oferecido pelo Núcleo de Estudo e Atendimento Psicológico (NEAP), um serviço ligado à área de Psicologia que realiza acolhimento e orientação para a comunidade. A proposta é ampliar o acesso ao cuidado emocional por meio de atendimentos feitos em ambiente universitário.
O NEAP disponibiliza suporte psicológico sem custo, com foco em escuta qualificada e acompanhamento. É conduzido por psicólogos, estagiários, professores supervisores o assistentes sociais, sob supervisão de professores, como acontece em clínicas-escola. Os atendimentos podem incluir acolhimento inicial e encaminhamentos conforme a necessidade de cada pessoa.
Para acessar, é preciso agendar diretamente com o núcleo pelo site ou canais oficiais da universidade. O serviço integra as ações de atendimento à comunidade da Cruzeiro do Sul, então pode receber não só alunos, mas também pessoas externas, dependendo da unidade e da disponibilidade de vagas.
Na UnB, o apoio psicológico é articulado pela Diretoria de Atenção à Saúde da Comunidade Universitária (DASU/DAC), que reúne iniciativas de acolhimento, cuidado psicossocial e promoção de bem-estar para diferentes públicos da universidade. Além disso, a UnB conta com o Centro de Atendimento e Estudos Psicológicos (CAEP/IP), que oferece atendimentos na área desde a década de 1970.
As ações da DASU incluem acolhimento psicossocial e atendimento psicológico para estudantes, técnicos e docentes, com atenção especial a pessoas em vulnerabilidade socioeconômica. Os atendimentos do CAEP/IP são abertos ao público em geral, de várias faixas etárias — incluindo crianças e adolescentes, além de integrantes da própria UnB.
O acesso costuma ocorrer por busca espontânea ou encaminhamento interno, seguindo orientações e fluxos divulgados pela própria diretoria.
Na UFRB, estudantes de graduação podem acessar plantão psicológico on-line gratuito, voltado para acolhimentos breves em momentos de sofrimento ou urgência emocional. O serviço é organizado por professores e estudantes de Psicologia e funciona de forma remota para ampliar o alcance do cuidado.
O plantão é gratuito, acontece on-line e busca oferecer escuta qualificada em encontros pontuais, com encaminhamentos quando necessário. Em algumas ofertas, o atendimento é por ordem de chegada (sem agendamento), enquanto em outras há triagem e inscrição — por isso, vale conferir os canais oficiais do projeto para datas, regras e público atendido.
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O Programa Acolher é o serviço de atendimento psicológico gratuito da Unimontes, criado para apoiar a saúde mental dos estudantes de graduação de todos os campi. A proposta é oferecer escuta qualificada e cuidado breve para demandas relacionadas à vida acadêmica e ao bem-estar emocional.
Para solicitar atendimento, o estudante faz um cadastro no sistema on-line do programa e registra sua demanda. Também é possível pedir ajuda por e-mail, enviando informações básicas como nome, matrícula, curso e contato.
Depois da inscrição, a equipe do Acolher analisa o pedido e entra em contato para agendar as sessões. O acompanhamento é remoto e costuma ser breve, com limite de encontros por estudante (em torno de até 10 sessões), conforme a necessidade e a disponibilidade do serviço.
Na UEL, o apoio psicológico tem duas portas principais: o acolhimento inicial do SEBEC (Seção de Saúde Mental) e a Clínica Psicológica da UEL. O objetivo é receber a demanda, orientar e oferecer acompanhamento psicológico, seja direto na universidade ou por encaminhamento interno.
O primeiro passo costuma ser o acolhimento individual no SEBEC. Para agendar, o estudante, docente ou técnico deve ligar para o serviço ou ir pessoalmente à secretaria. As vagas de primeira consulta são abertas mensalmente, sempre no fim do mês para o mês seguinte.
Após essa escuta inicial, a equipe avalia a necessidade e pode encaminhar para psicoterapia na Clínica Psicológica da UEL ou para outras ações (como atendimentos em grupo ou projetos). A Clínica oferece psicoterapia individual e atividades clínicas realizadas via estágios e projetos supervisionados, atendendo diferentes públicos conforme a modalidade disponível.
1. Os serviços de atendimento psicológico nas universidades são sempre gratuitos?
Sim, a maioria dos serviços oferecidos diretamente pelas universidades (sejam eles Núcleos de Atendimento, Clínicas-Escola de Psicologia ou setores de Saúde Mental) são gratuitos para seus estudantes e, muitas vezes, também para a comunidade externa, como é o caso da USP e UNIP. Eles são mantidos pelas instituições de ensino ou realizados por estagiários de Psicologia sob supervisão.
2. Quem pode buscar esse tipo de atendimento? Apenas estudantes?
Depende do serviço. Muitos são prioritariamente voltados aos estudantes (graduação e pós-graduação), como o Programa Acolher da Unimontes. No entanto, muitas clínicas-escola, como a da UNIP e o CAEP/IP da UnB, atendem também o público externo e a comunidade em geral, incluindo crianças, adolescentes, adultos e idosos. Verifique sempre o público-alvo específico de cada instituição.
3. Como o atendimento é feito? Por psicólogos formados ou estagiários?
Na maioria dos casos, especialmente nas clínicas-escola, o atendimento é realizado por alunos de graduação em Psicologia (estagiários) sob a supervisão rigorosa de professores psicólogos formados. Outros serviços, como os setores de Saúde da Comunidade Universitária (DASU/UnB), podem ter psicólogos e assistentes sociais na equipe fixa.
4. Existe atendimento psicológico online ou remoto nas universidades?
Sim, muitos serviços passaram a oferecer modalidades remotas, o que é crucial para alunos fora do campus ou em pós-graduação à distância. A UFRB, por exemplo, oferece plantão psicológico online para estudantes de graduação. Verifique se o serviço da sua universidade possui essa modalidade, pois ela facilita o acesso.
5. Se eu precisar de um acompanhamento psicológico mais longo, esses serviços podem me ajudar?
Muitos serviços universitários (como plantões psicológicos ou o Programa Acolher da Unimontes) oferecem acolhimento breve e sessões limitadas. Se for identificada a necessidade de um acompanhamento mais longo ou especializado (psicoterapia de longa duração), as equipes costumam fazer o encaminhamento para a rede pública de saúde mental (SUS) ou indicar outros serviços de baixo custo.
6. Como faço para agendar uma consulta?
O processo varia por instituição:
Geralmente, envolve busca no site oficial da universidade (procurando por “Clínica-Escola” ou “Apoio Psicológico”).
Pode ser necessário ligar, preencher um formulário online, ou comparecer presencialmente ao setor responsável para fazer uma triagem inicial e aguardar o agendamento. O texto traz passos práticos e dicas específicas para isso.