Vitor Soares
Publicado em 29 de setembro de 2025 às 10:33h.
Você já deve ter ouvido que contar com um funcionário capaz de pensar e agir como dono da empresa é essencial para o sucesso do negócio. Esse comportamento está diretamente ligado ao conceito de intraempreendedorismo, ou seja, empreender dentro da própria organização.
Em um mercado que demanda inovação constante, estimular colaboradores a inovarem no dia a dia pode gerar resultados surpreendentes. A seguir, entenda o que é intraempreendedorismo, seus benefícios e exemplos de sucesso.
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O intraempreendedorismo é a capacidade de inovar e propor soluções dentro da empresa em que se atua. Trata-se de adotar uma postura criativa, crítica e proativa, capaz de transformar processos, desenvolver produtos e contribuir para a competitividade da organização.
O termo foi popularizado em 1985, quando o empresário norte-americano Gifford Pinchot III lançou o livro Intrapreneuring: Why You Don’t Have to Leave the Corporation to Become an Entrepreneur. Ele e sua esposa Libba Pinchot já vinham discutindo a ideia desde os anos 1970, defendendo que funcionários poderiam agir como empreendedores sem precisar deixar suas empresas.
Segundo Pinchot, para se tornar um intraempreendedor é necessário:
Dar o seu melhor diariamente.
Honrar a liderança e a equipe.
Manter-se fiel aos próprios objetivos.
O intraempreendedorismo é hoje uma das habilidades mais buscadas no mercado de trabalho. Segundo a consultoria global McKinsey, no relatório “The Entrepreneurial Organization”, as organizações estão evoluindo para modelos mais ágeis e empreendedores internamente, para responder mais rápido às demandas do mercado.
Segundo o relatório, as características principais de uma organização empreendedor são descentralização da tomada de decisão, incentivos à inovação e liderança que apoia autonomia dos times. A consultoria ressalta que intraempreendedores são motores da transformação digital e que a capacidade de inovar internamente está diretamente ligada ao desempenho e crescimento organizacional.
Entre os principais traços do inraempreendedorismo estão:
Proatividade: antecipar-se a problemas e buscar soluções inovadoras.
Criatividade: enxergar novas possibilidades em situações comuns.
Visão estratégica: pensar além da rotina operacional.
Resiliência: aprender com os erros e seguir testando novas ideias.
O conceito vai além do contexto corporativo. Programas como o Inova 2030 – Jovens Inovadores em ODS, do Pacto Global da ONU, já estimulam jovens a desenvolverem o potencial intraempreendedor para contribuir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Adotar o intraempreendedorismo traz vantagens tanto para a empresa quanto para os colaboradores:
Com profissionais aptos a propor e implementar ideias, a empresa cria soluções originais, melhora processos e se adapta mais rápido às mudanças.
Ambientes que valorizam intraempreendedores são mais motivadores, pois oferecem autonomia, reconhecimento e protagonismo aos colaboradores.
Empresas que incentivam o intraempreendedorismo ganham agilidade e diferencial competitivo, além de reduzir desperdícios e otimizar resultados.
Muitos dos maiores cases de sucesso do mercado nasceram de iniciativas intraempreendedoras:
Gmail (Google): criado em 2001 pelo engenheiro Paul Buchheit para facilitar a comunicação interna e depois lançado ao público.
Post-it (3M): desenvolvido a partir da tentativa do engenheiro Spencer Silver de criar um adesivo para a indústria aeroespacial. A ideia foi aprimorada por Art Fry e virou um dos produtos mais icônicos do mundo.
PlayStation (Sony): fruto da visão do funcionário Ken Kutaragi, que propôs o desenvolvimento de um console de jogos após o fim da parceria entre Sony e Nintendo.
McLanche Feliz (McDonald’s): criado por um gerente regional nos EUA, tornou-se um dos produtos mais lucrativos da rede.
Botão “Curtir” (Facebook): nasceu em hackathons internos e mudou a forma de interação nas redes sociais.
Para que o intraempreendedorismo floresça dentro das empresas, é necessário criar condições adequadas:
Promover cultura de inovação com autonomia e segurança psicológica.
Oferecer tempo e recursos para que os colaboradores desenvolvam ideias.
Criar programas estruturados, como hackathons, laboratórios de inovação e desafios internos.
Valorizar e reconhecer os projetos que gerarem impacto positivo.
Formar líderes incentivadores, abertos a ouvir, testar e assumir riscos com suas equipes.
Embora vantajoso, implementar o intraempreendedorismo pode enfrentar obstáculos como:
Resistência à mudança por parte da liderança.
Falta de recursos ou tempo para iniciativas.
Medo do erro entre colaboradores.
A solução passa por adotar uma postura mais tolerante a falhas, incentivar diversidade nos times e manter canais de comunicação abertos entre líderes e equipes.
O intraempreendedorismo é mais do que uma tendência: é uma necessidade para empresas que desejam se manter competitivas e inovadoras. Além de estimular talentos, ele promove um ambiente de colaboração, criatividade e protagonismo.
Seja em grandes corporações ou em pequenas empresas, fomentar o intraempreendedorismo significa investir em crescimento sustentável, inovação contínua e transformação social.
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