Barack Obama e Jon Favreau, seu redator de discursos que compartilha dicas de storytelling

Poucos discursos são tão avaliados e dissecados quanto os proferidos por chefes de estado, especialmente quando são líderes influentes. O impacto não é só porque tais discursos têm consequências políticas reais, mas porque utilizam ao máximo emoções e transmitem mensagens capazes de se tornarem históricas – e quem discursa sabe disso.

Mas chefes de estado costumam trabalhar bastante, então precisam de um ótimo redator de discursos presente no dia a dia para dar forma aos seus pensamentos.

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No caso de Barack Obama, o escolhido foi Jon Favreau, que ocupou o cargo por oito anos e esteve por trás de declamações como seu discurso de vitória em 2008, assistido por milhões no mundo inteiro.

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Em um artigo recente para o LinkedIn, Trevor Ambrose, que tem uma década de experiência oferecendo treinamentos de apresentação e vendas, compartilhou cinco dicas de storytelling de Favreau que podem ser aplicadas em diversos momentos: um pitch para investidores, uma apresentação pessoal e mesmo seus próprios escritos.

Confira a tradução do NaPrática.org abaixo:

5 dicas de storytelling do redator de discursos de Barack Obama

Há uma grande história por trás da excelência de Barack Obama em discursos. Jon Favreau foi diretor de redação de discursos de Obama por 8 anos, até 2014.

Jon compartilhou cinco dicas de ouro sobre storytelling que certamente não se restringem à política e são aplicáveis em apresentações de negócios e qualquer discurso que você precise fazer.

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1. A história é mais importante que as palavras

“Na minha experiência, a comunicação frequentemente foca em encontrar as palavras certas. Claro que palavras são importantes em algum ponto do processo. Mas a primeira pergunta que você deve se fazer é: qual é a história que estou tentando vender? Isso é essencial e deveria ser o ponto de partida.”

Antes de começar a escrever um discurso, Favreau começava com uma conversa simples com Obama.

“Ele compartilhava alguns pensamentos aleatórios sobre o assunto que queria falar. O interessante sobre presidente é que ele sempre me dava, instantaneamente, o esboço de discurso mais lógico que eu já ouvi. Sempre me impressionei com sua habilidade de começar com uma retórica clara e adicionar argumentos e anedotas depois.”

2. Mantenha a simplicidade

“Discursos longos são os mais fáceis de escrever. E são os mais esquecíveis”, Favreau explicou.

“O público de hoje só pode lidar com uma certa quantidade de informação antes de perder o foco. Você deveria pensar em 20 minutos, no máximo. Isso exige uma disciplina tremenda, especialmente se você está em uma organização que tem muitas pessoas envolvidas. Mas lembre-se que um discurso sobre tudo é um discurso sobre nada. Estreite sua história até o ponto essencial.”

3. Sempre fale sobre os argumentos contrários durante sua apresentação, não depois

Especialmente na política, é importante pensar sobre as objeções que você vai encontrar.

“Você deveria encontrá-las e enfrentá-las durante seu discursos. Quando Obama estava tentando entregar seu plano da reforma do sistema de saúde em 2009, a parte mais importante do discurso foi encontrar os argumentos que os republicanos usariam e contradize-los.”

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4. Empatia é chave

Apenas conhecer seu público não basta, Favreau disse.

“Você precisa saber como o mundo é quando está no lugar dele. Uma das razões para o grande sucesso dos discursos de Obama é o fato de que são escritos numa linguagem que o público entende e falam sobre os temas que eles enfrentam.”

5. Não há persuasão sem inspiração

Emoção é o elemento mais importante para motivar o público, de acordo com Favreau.

“O melhor jeito de se conectar com as pessoas é através de histórias importantes para suas vidas. No discurso da vitória de 2008, tinhamos uma mensagem clara: às vezes a mudança vem devagar, mas a mudança é sempre possível e a história provou isso.”

Favreau e Obama decidiram usar uma história especial sobre uma mulher chamada Ann Nixon Cooper:

Ela se parece muito com os milhões de outros que ficaram na fila para ter suas vozes ouvidas nessa eleição, exceto por uma coisa – Ann Nixon Cooper tem 106 anos.

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Ela nasceu apenas uma geração depois da escravidão, num tempo em que não havia carros nas estradas ou aviões nos céus. Quando alguém como ela não podia votar por dois motivos: porque era uma mulher e por causa da cor de sua pele.

E hoje, penso sobre tudo que ela viu em seu século nos Estados Unidos – a dor e a esperança, a luta e o progresso, os momentos em que disseram que não poderíamos e as pessoas que persistiram com aquela crença americana: sim, nós podemos.

Favreau decidiu ligar para Ann Nixon Cooper antes de usar sua história no discurso: “Eu lhe disse que o homem que estava prestes a se tornar presidente queria utilizar seu nome no discurso de vitória. Ela pausou por um momento e perguntou: ‘Vai passar na televisão?’ Eu disse que sim. Ela esperou um pouco mais. ‘Em que canal vai passar?’, perguntou. Eu respondi. Nesse momento, ela disse: ‘Estou tão orgulhosa dele, tão orgulhosa de nós.’ Ela começou a chorar e eu também e, exatamente nesse momento, os resultados de Ohio chegaram. Foi ali que percebi que sempre seria difícil trazer a mudança, mas que ela pode acontecer quando acreditamos.”

É claro que nós, humanos, amamos histórias e as conexões que elas trazem para as nossas vidas. Aprenda a contar histórias e cimente-as com fatos, anedotas e lógica.

Artigo originalmente publicado no LinkedIn.

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