Pessoas assinando contrato com caneta

O governo brasileiro (federal, estadual e municipal) emprega 3,2 milhões de pessoas, de acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2012. É o equivalente a 1,6% da população – se fosse uma empresa, seria maior do que qualquer outra no mundo em número de funcionários! Consequentemente, melhorar a gestão dessa enorme força de trabalho, assim como acontece nas grandes companhias do setor privado, se tornou uma necessidade para União, estados e municípios.

Nos últimos anos, muitos governantes têm tomado medidas nessa direção. A principal delas é sair em busca de servidores com ótima formação acadêmica, capazes de modernizar o serviço prestado à sociedade. Na prática, eles oferecem altos salários associados aos postos de maior qualificação e possibilidade de crescimento.

A boa notícia é que cada vez mais jovens recém-formados vislumbram começar sua carreira no setor público. Na esfera federal, por exemplo, o número de funcionários com menos de 30 anos de idade acresceu 113% nos últimos 12 anos, segundo o IBGE. O que ainda precisa mudar, porém, na opinião de profissionais e especialistas, é o motivo pelo qual muitos desses jovens escolhem essa carreira – que ao mesmo tempo também afasta muita gente do setor.

Desde a crise financeira de 2008, diante das incertezas da economia, muitos deles ainda optam pelo funcionalismo público motivados especialmente pela estabilidade dos cargos em comparação à alta competitividade do setor privado – e não por considerar a carreira pública desafiadora ou pela chance de contribuir diretamente na construção de políticas para um país melhor.

Àqueles que já consideram o setor público para começar sua carreira e também àqueles que acreditam que ser funcionário público é sinônimo de ser acomodado, propomos algumas reflexões:

Comodismo versus eficiência
Para Fernando Abrucio, coordenador do curso de Administração Pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a antiga ideia de que o setor público é para os acomodados não poderia estar mais errada. “Para aumentar a eficiência da máquina pública, precisamos de profissionais muito qualificados e empenhados”, ele comenta.

A trajetória de Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann, reforça essa opinião. Ao longo de sua carreira, Denis manteve relação constante com órgãos públicos, tendo inclusive trabalhado para o Ministério da Justiça durante um ano. “Existe um mito de que no governo se trabalha pouco ou que quem vai para o setor público é porque não encontrou espaço no setor privado. Não é bem assim. As questões mais complexas estão na esfera pública. É muito difícil, por exemplo, melhorar a educação de um país. Para trabalhar com isso tem que ser bom.”

Estabilidade versus impacto
Muitas pessoas buscam cargos públicos de olho na famosa estabilidade profissional. De fato, nossa Constituição garante aos trabalhadores estatuários (aqueles que passaram em concursos) uma estabilidade raramente vista em empresas. O afastamento do emprego só pode ocorrer em casos graves – se você parar de aparecer para trabalhar, por exemplo. Porém, esse mesmo benefício não vale para estagiários, ocupantes de cargos por indicação e funcionários contratados sem concurso – todos eles também servidores públicos.

Karla Trindade, diretora da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), diz se decepcionar com jovens que prestam concursos públicos simplesmente em busca de estabilidade. “Se sua principal preocupação aos vinte e poucos anos é essa, você não é a pessoa que eu gostaria de ter na área pública”, afirma. Para Karla, aqueles que querem trabalhar no setor devem ter o sonho de fazer a diferença. “Essa área só serve para quem tem vontade de contribuir de alguma forma para os outros, quem se satisfaz em melhorar a vida de alguém”, diz.

Frustração versus satisfação
Apesar de ter esse sonho grande, também é necessário nutrir uma satisfação com as pequenas conquistas do dia a dia. “Se você espera mudar o mundo inteiro no seu primeiro ano de trabalho, a chance de você se frustrar é enorme. O Estado em geral é lento, e aquele projeto superambicioso em que você está trabalhando pode demorar muito mais do que o esperado para sair do papel”, diz Karla.

Isadora Cohen, diretora da SPDA (Companhia São Paulo de Desenvolvimento e Mobilização de Ativos), também insiste na satisfação com as conquistas cotidianas. Ela, que trabalhou em sete projetos e viu apenas um ser implementado, diz ter ganhado experiência e conhecimento com tudo o que fez. O empecilho para certos empreendimentos serem colocados em prática pode vir de cortes de orçamento ou mesmo de conflitos políticos. Para ela, isso é parte do desafio. “Se não for possível fazer algo do jeito tradicional, é preciso pensar fora da caixa e buscar maneiras inovadoras de fazer aquilo acontecer.”

Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.

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